O que esperar da safra de milho no Brasil em 2023?

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem mostra safra de milho no Brasil
Imagem mostra safra de milho no Brasil

Você sabia que o Brasil é o único país entre os grandes players do mercado que pode produzir até três safras de milho por ano? Essa realidade, resultado de investimentos em tecnologias e melhorias no campo, pode levar o país a produzir quase 124 milhões de toneladas na safra de milho 2022/2023, um aumento de 9% em relação à safra passada.

Se esse volume se confirmar, o Brasil poderá superar a produção dos Estados Unidos e se tornar o maior exportador de grãos dos próximos anos, de acordo com dados apresentados no projeto Mais Milho em 15 de fevereiro, em Mato Grosso do Sul.

Entre todas as culturas agrícolas do mundo, o milho está entre as mais representativas. Além de ser uma das principais fontes de alimento dos brasileiros, o cultivo do grão permite a utilização mais sustentável do solo, por meio da rotação de cultura com a soja, por exemplo.

No Brasil, o milho ocupa os primeiros lugares de nossa pauta de exportações, assim como a soja, a carne e o café. Diante da importância da commodity para a economia nacional, é importante conhecer as perspectivas para a safra 2022/2023, e é sobre isso que falaremos a seguir.

Como funciona a safra de milho no Brasil?

Por aqui, é possível produzir até três safras de milho por ano, o que faz do Brasil o único grande país do agronegócio a produzir milho o ano inteiro.

Normalmente, a primeira safra (de verão) é mais produtiva e rentável, mas a segunda (safrinha) tem ganhado cada vez mais espaço na agricultura nacional. Por isso, muitos produtores já investem hoje na terceira safra de milho, chamada de safra de inverno. Essa tendência tem sido monitorada pela Conab, e é fruto de avanços tecnológicos e investimentos em sistemas de irrigação. Atualmente, a safra de inverno ocorre principalmente na Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco e Roraima.

Na maioria dos estados produtores, planta-se a primeira safra de milho entre setembro e dezembro, e a colheita ocorre entre fevereiro e junho. No entanto, essas datas costumam oscilar principalmente no Nordeste, pois não há um padrão de datas entre os estados para o início da semeadura e colheita.

Já a safrinha (segunda safra) inicia normalmente entre janeiro e março no Sudeste e Centro-Oeste, com a colheita entre maio e setembro. No restante do país, o plantio se estende de janeiro a julho, e a colheita inicia em maio e pode ir até o final do ano.

Por fim, na terceira safra de milho, o plantio geralmente começa entre abril e julho, e a colheita vai de agosto a novembro.

Perspectivas para a safra de milho 2022/2023

A colheita da primeira safra de milho já está praticamente finalizada, e totalizou 26,4 milhões de toneladas, um aumento de um milhão de toneladas frente à safra passada. Mesmo assim, a seca alterou as projeções iniciais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o estado do Rio Grande do Sul, principal produtor do milho no verão. No estado, a produção ficou 1,4 milhões de toneladas abaixo do previsto, atingindo volume total de 4,3 milhões de toneladas.

Para o ano, a Conab estima produção total de 123,7 milhões de toneladas de milho, volume 9% acima da safra anterior. Há também uma projeção de aumento de 3,5% na área plantada de milho e de 7,5% na sua produtividade.

Do volume total projetado para a safra 2022/2023, a Conab estima que cerca de 80 milhões de toneladas de milho sejam consumidas pelo mercado interno. Isso representa um aumento de 7,7% em relação à safra anterior.

Por fim, a estimativa é de, ao final da safra de milho 2022/2023, o estoque do grão chegue a 9,7 milhões de toneladas. Em relação à safra anterior, o número representa um aumento de 35, o que, segundo a Conab, indica a retomada da disponibilidade interna do grão.

E como estará a demanda pelo milho em 2023?

Apesar do aumento da produção, a expectativa é de que o Brasil consiga exportar milho em 2023 a preços mais competitivos do que na safra passada. Isso porque alguns eventos devem afetar negativamente a safra deste ano, o que causará um cenário de escassez global do grão.

A guerra entre Rússia e Ucrânia fará com que a produção de milho na Europa seja a menor desde 2008. Além disso, nos Estados Unidos, outro grande player do agro, também ocorreu queda na produtividade do grão.

Outro fator que deve impulsionar as exportações de milho é a demanda da China pelo grão brasileiro. De dezembro a fevereiro, o país já embarcou cerca de 2,1 milhões de toneladas do cereal, o que o fez o principal importador neste início de ano, de acordo com dados do Ministério de Industria e Comércio Exterior do Brasil.

O cenário de baixa oferta internacional tem ajudado os produtores brasileiros a equalizar os prejuízos ocasionados pela seca em grandes regiões produtoras. Nesse sentido, muitos têm aproveitado o momento para abastecer os mercados e aumentar os seus lucros no ano. Lembrando que o Brasil ainda pode expandir suas terras produtivas, o que aumenta as chances de que as exportações de milho ganhem ainda mais relevância por aqui.

Por tudo isso, apesar dos desafios climáticos previstos, a safra de milho 2023 deve ser promissora para o Brasil. Por enquanto, a expectativa é de que se torne um marco em termos de produção e de exportação da commodity.

(Fontes: Notícias Agrícolas e FieldView)

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