Clima seco nos EUA afeta preço de soja e milho

Por aqui, nesta semana, o Boletim Focus ajustou suas projeções econômicas, reduzindo a expectativa para a inflação anual, enquanto elevava a previsão para o crescimento do PIB brasileiro. Em outra notícia positiva para o Brasil, a agência internacional de classificação de risco S&P Global melhorou a classificação do país, mantendo os ratings de longo e curto prazo em BB- e B, respectivamente.

Um sinal adicional de fortalecimento econômico veio do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que registrou um aumento de 0,56% em abril comparado a março. Este resultado, bem acima das expectativas, sinaliza um desempenho econômico melhor do que o esperado para o segundo trimestre de 2023.

No cenário internacional, o Federal Reserve dos EUA manteve a taxa de juros inalterada entre 5% e 5,25% após dez aumentos consecutivos. Por outro lado, o Banco Central Europeu (BCE) optou por elevar suas taxas de juros em 0,25 pontos percentuais, cumprindo as expectativas do mercado. Com isso, o BCE já elevou as taxas em um total de 4% durante o atual ciclo de aperto monetário, chegando aos níveis mais altos dos últimos 22 anos.

Contrastando com as políticas monetárias dos EUA e da Europa, o banco central da China optou por uma postura mais acomodatícia em resposta a dados de atividade econômica abaixo do esperado. A taxa de empréstimos de um ano foi reduzida de 2,75% para 2,65%, marcando a primeira redução desde agosto, numa tentativa de estimular a economia do país.

De volta ao Brasil, na próxima quarta-feira, 21 de junho, o Comitê de Política Monetária (COPOM) decidirá sobre a taxa SELIC. A expectativa do mercado é que a taxa seja mantida em 13,75%.

Por fim, a proposta para o Plano Safra, que deve ser anunciado na última semana de junho, prevê uma redução de até 2% nas taxas de juros para o produtor rural médio que adota práticas sustentáveis.

Confira agora o desempenho das principais commodities na semana:

Soja

A preocupação com o clima seco no Meio-Oeste norte-americano continua a sustentar as valorizações na CBOT (Chicago), além da alta do petróleo e da desvalorização do dólar. ​​

Na quinta-feira (15/06), o monitor de seca indicou que 51% das áreas de soja estão sob condições de seca, um aumento em relação aos 34% da semana passada. Esse fato assustou o mercado, ampliando as altas. ​​

O contrato de Julho/23 fechou a US$ 14,66 por bushel (27,216 kg), uma alta de 5,77% em relação à última sexta-feira (09/06). ​​

No Brasil, a soja (CEPEA) subiu 1,18%, fechando a semana em R$136,80 por saca.

Milho

Na quinta-feira (15/06), o monitor de seca dos EUA indicou que 57% das áreas de milho estão sob condições de seca, em comparação com os 49% da semana anterior, causando apreensão no mercado, similarmente ao ocorrido com a soja. ​​

O contrato de Julho/23 na CBOT (Chicago) fechou a semana em US$ 6,40 por bushel (25,40 kg), refletindo uma alta semanal de 5,99%. As declarações de Vladimir Putin sobre a incerteza de continuidade do Acordo do Mar Negro também contribuíram para a valorização das cotações de grãos. ​​

No Brasil, o grão em Campinas-SP (CEPEA) teve menor impacto no mercado à vista, com uma subida de 1,17%, sendo cotado a R$54,36 por saca. No contrato futuro de Julho/23, houve um aumento de 7,27%, fechando a semana a R$ 57,10 por saca.

Café

Apesar da preocupação com a previsão de continuidade das chuvas na próxima semana, o que pode atrapalhar a colheita, houve uma minimização na queda do preço do café arábica em Nova Iorque, que diminuiu 3% na semana, sendo cotado a US$ 184,90 por libra.​

No Brasil, a valorização cambial do real dificultou a comercialização do produto ao produtor, com o CEPEA sendo cotado a R$ 963,32 por saca (uma queda de 4,18% na semana). Enquanto isso, o preço do café conilon manteve-se estável, cotado próximo a R$ 695,00 por saca.​

Durante a semana, o CECAFÉ divulgou que as exportações de Maio/23 somaram 2,45 milhões de sacas, uma queda de 17,4% em comparação com o mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, o total ficou em 32,9 milhões de sacas, uma queda de 9,7%.

Açúcar e Etanol

A ÚNICA divulgou um relatório de safra da segunda quinzena e apresentou uma moagem de 46 milhões de toneladas de cana, um aumento de 5,5% sobre o mesmo período do ano passado. ​​

A produção de açúcar ficou em 2,9 milhões de toneladas, um aumento de 25% em relação ao mesmo período, incentivada pelas boas cotações. ​​

O açúcar em Nova Iorque subiu 4,14% na semana, cotado a US$ 26,43 por libra-peso, relacionado às dúvidas sobre o impacto do El Niño nas principais regiões produtoras de açúcar. ​​

O etanol em Paulínia-SP fechou a semana em R$ 2,545 por litro, com uma alta de 0,58%, devido às chuvas nas regiões produtoras.

Proteínas

O boi gordo continua sob pressão, mesmo com os produtores tentando resistir a novas baixas, retendo o máximo possível o abate. A pressão tem perdido força devido à menor quantidade de animais terminados e às escalas nos frigoríficos começando a se encurtar. ​​

Os importadores chineses seguem pressionando os preços da carne bovina no Mercosul, trazendo um clima de pessimismo, pois alegam que estão sofrendo prejuízos devido aos estoques feitos anteriormente. ​​

Os preços em alguns países são: EUA (US$ 99 por arroba), Europa (US$ 82,95 por arroba), Austrália (US$ 50,40 por arroba), Brasil (US$ 50,10 por arroba), Argentina (US$ 55,87 por arroba), Uruguai (US$ 58,50 por arroba) e Paraguai (US$ 46,50 por arroba). ​​

O CEPEA fechou a semana em R$244,20, uma queda de 2,75%, mesmo apresentando uma boa recuperação na sexta-feira em relação à quinta-feira (alta de 3,41%). ​​

A carcaça casada manteve-se estável, como tem sido a tendência desde o início de junho. O frango e o suíno tiveram um aumento de 3,38% e 1,19% respectivamente na semana, fechando a R$ 6,12 por kg e R$ 5,96 por kg.

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