Análise técnica: o que é e como utilizar essa metodologia nos seus investimentos

Tempo de leitura: 9 minutos

Imagem mostra mulher utilizando análise técnica no day trade
Imagem mostra mulher utilizando análise técnica no day trade

Na hora de escolher ações para investir, existem diferentes metodologias que podem lhe ajudar a tomar uma boa decisão. Uma delas é a análise técnica, utilizada principalmente quando o horizonte do investimento é de curto prazo.

Diferentemente da análise fundamentalista, essa metodologia não considera aspectos financeiros da empresa ou da macroeconomia para analisar as ações. Em vez disso, observa o histórico de preços desses ativos e, com base nisso, projeta o que poderão valer em um determinado espaço de tempo.

Neste conteúdo, você entenderá como funciona essa ferramenta e conhecerá alguns importantes indicadores técnicos utilizados por traders e analistas que adotam a metodologia. Confira a seguir!

O que é análise técnica?

Também conhecida como análise gráfica, essa metodologia busca determinar a tendência de uma ação a partir dos seus movimentos no passado. Por sua vez, esses movimentos estão registrados em gráficos, daí um dos sinônimos para essa forma de análise.

Essa forma de análise de ações foi popularizada pelo jornalista Charles Dow, fundador do Wall Street Journal. Dow também empresta seu nome ao índice Dow Jones, um dos principais indicadores do mercado financeiro mundial.

Segundo Charles Dow, exceto por eventos imprevisíveis, tudo o que o investidor precisa para estimar os preços dos ativos está no mercado. Nas palavras do jornalista, “os preços descontam tudo, exceto os atos divinos”. Ou seja, desconsiderando eventos imponderáveis, como pandemias, guerras ou catástrofes naturais, por exemplo, os preços das ações refletem as informações disponíveis para todo o mercado em um determinado momento.

Dessa forma, os preços das ações não dependeriam dos fundamentos das empresas ou de condições macroeconômicas. Em vez disso, os valores dos títulos estariam muito mais ligados a como o mercado se comporta. E isso, segundo Dow, pode ser descoberto pela observação do histórico de movimentos passados desses preços. Segundo o jornalista, mesmo no caso de eventos surpresa, o mercado consegue se ajustar e absorver esses efeitos em seus preços. Esse argumento também justifica o fato de que, para a análise técnica, não é preciso olhar para outras variáveis além do mercado, pois ele sempre será mais eficiente.

Qual o objetivo da análise técnica?

A análise técnica é uma ferramenta que auxilia o investidor a escolher ações para investir. Como vimos, essa metodologia é baseada em movimentos passados de preços. Por isso, permite tomar decisões de forma mais rápida do que se estudássemos os contextos interno e externos das empresas. Dessa forma, é mais efetiva para quem busca ganhos no curto ou curtíssimo prazo, nas operações day trade e swing trade.

Porém, se o objetivo do investidor é permanecer com uma ação por bastante tempo, é importante dar mais ênfase à análise fundamentalista. Isso porque ela avalia indicadores financeiros, aspectos macroeconômicos e diversos fatores que podem impactar o desempenho das empresas.

Análise técnica: pressupostos básicos

O grande responsável pelos primeiros passos da análise técnica foi Charles Dow. Nesse sentido, o jornalista identificou seis pressupostos básicos que apoiam essa metodologia, os quais veremos a seguir.

1 – Os índices já trazem os preços descontados

Esse é o fundamento que vimos no início do conteúdo, considerado o ponto de partida da análise técnica. Relembrando: exceto por eventos inesperados, os índices refletem o comportamento do mercado. Logo, os gráficos de movimentos passados seriam as ferramentas mais eficientes para se prever o preço de um ativo. Isso porque eles mostram em que patamares no passado os investidores ficaram mais ou menos otimistas em relação a uma ação.

2 – Existem três tendências no mercado

Segundo Dow, os preços seguem três tendências, que são a primária, a secundária e a terciária.

A tendencia primária é a que dura mais. Por isso, ela é a dominante, e possui três fases, as quais veremos no terceiro fundamento a seguir. Já a tendência secundária dura menos tempo e reflete as oscilações dos preços dentro da tendência primária. Por fim, a terciária é a tendência que se forma entre a secundária.

Um exemplo para ajudar a entender: imagine que uma ação esteja em queda nos últimos tempos (tendência primária ou secundária, a depender do prazo), mas o seu preço oscila em um dia (tendência primária).

3 – A tendência primária tem três fases

As três fases da tendência primária são acumulação, participação pública e distribuição.

Na acumulação, eventuais efeitos negativos já foram assimilados pelo mercado, e os preços das ações começam a subir. Na linguagem do mercado, isso é uma reversão para alta, o que significa o melhor momento para compra.

Já na fase de participação pública, dos investidores identificam a tendência e começam a comprar o ativo. Nessa hora, o mercado começa a assimilar o otimismo e os preços sobem ainda mais.

Por fim, na fase de distribuição a notícia de alta do ativo se espalha e mais pessoas ficam dispostas a comprar. Por isso, essa é a melhor fase para vender as ações com lucro, antes que o preço comece a cair, e é justamente isso o que fazem os investidores mais experientes.

4 – Os índices e médias devem se confirmar entre si

Existem diversos índices que podemos utilizar para avaliar as ações das empresas. Nesse sentido, Dow defendia que, para que se possa confirmar altas e baixas, esses índices devem acompanhar as tendências.

Por exemplo: para analisarmos a Lojas Renner (LREN3), precisamos avaliar também os preços de outras varejistas de moda, ou algum índice específico do setor. Se todos apontarem para a mesma direção, teremos uma confirmação de tendência. Dessa forma, a análise fica mais confiável.

5 – A tendência se mantém até surgir algum sinal de reversão

Basicamente, esse fundamento reflete a Lei da Inércia de Newton. Ou seja, a menos que uma força atue sobre um corpo, ele permanecerá em repouso ou em movimento estável. Isso vale também para os ativos financeiros. Ou seja, se uma ação está em alta, tende a continuar assim se algum fato externo não a fizer mudar de direção.

Para Dow, uma forma de identificar a reversão de uma tendência é observar topos ou fundos no gráfico de preços do ativo. Nesse sentido, um topo mais alto (em uma tendência de alta) e um fundo mais baixo (em uma tendência de baixa), podem representar reversão dos preços.

6 – A tendência é confirmada pelo volume

De acordo com Dow, não basta somente o movimento do preço para que isso seja considerado uma tendência de alta ou de baixa. Isso porque é o volume de negociações que de fato confirma a tendência.

Em outras palavras: uma tendência de alta deve ser confirmada por um grande volume de compras. Por outro lado, uma tendência de baixa deve apresentar um volume de vendas igualmente expressivo.

Como utilizar a análise técnica?

Agora que já entendemos o conceito e os pressupostos principais da análise técnica, é hora de saber como utilizar a metodologia. Para isso, existem importantes fatores que ajudam o investidor a encontrar padrões que lhe são úteis na hora de investir. Vamos entender o básico da análise técnica aqui:

Candlestick

O “coração” de um gráfico utilizado na análise técnica é o Candlestick, que é a representação do movimento do preço de um,ativo – seja ele uma ação, um contrato futuro ou qualquer outra coisa – em um determinado tempo (pode ser 1 dia, 1 mês, 1 ano ou 1 hora, 15 minutos, 1 minuto…). O candle leva esse nome por parecer uma “vela”, já que pode ser composto de um corpo e um “pavio”. Em cada candle, há a representação de quatro informações básicas: abertura, fechamento, máxima e mínima.

O “corpo” se faz entre a abertura e o fechamento e a cor do candle indica se o preço caiu ou subiu em relação. Ou seja, se você encontrar um candle verde – uma das cores mais usadas – ele estará te indicando que aquele ativo abriu no preço mais baixo daquele “corpo” e fechou no mais alto.

Uma ação que abriu a R$ 20 e terminou o dia a R$ 25 será representada por um candle verde, com o corpo começando em R$ 20 e terminando nos R$ 25. Se tivesse caído de R$ 25 para R$ 20, a cor seria outra – comumente vermelha. Isso não significa que a ação caiu naquele dia: você pode ter um candle vermelho em um dia de alta e verde em um dia de alta, mas para isso o ativo teria que ter aberto já em alta e registrado uma queda frente esse preço de abertura.

Já o “pávio” indica o preço máximo e mínimo – e a ausência do pavio para um lado indica que o preço de abertura e fechamento já são os extremos do dia. Uma ação que abriu a R$ 20, subiu para R$ 27 e depois fechou em R$ 25 vai deixar um deixar um leve risco acima, demonstrando que durante o dia a ação.

Imagem demonstra dois candles, um verde e vermelho, com a máxima e mínima do dia, abertura e fechamento

Suporte e Resistência

Se o candle é a “alma” do gráfico, o suporte e resistência podem ser consideradas as camadas de pele. São faixas de preços em que um determinado ativo é compreendido como “caro” ou “barato” e que, portanto, quando o preço se aproxima, tendem a provocar reação dos investidores. Para baixo, um suporte – região em que o ativo está barato -, enquanto para cima, uma resistência – um patamar em que aquele ativo está caro.

Ao chegar numa resistência, investidores vendem suas ações por acreditarem que aquela alta já se esgotou. Enquanto ao bater em um suporte, outros compram por entender que já caiu demais. É natural que se opere o “rompimento” de suportes e resistências – ou seja, quando aquela barreira é vencida, levando os investidores a reavaliarem suas expectativas para aquele ativo. Geralmente, ao vencer uma resistência, uma ação tem uma aceleração da alta e busca a próxima.

Imagem mostra uma resistência, um patamar de preço que o ativo não consegue romper facilmente

Pivô

O movimento de rompimento muitas vezes é acompanhado de um movimento chamado “pivô”, um dos mais utilizados para determinar a compra ou venda de uma ação. Trata-se de um movimento de “teste” de um patamar: uma ação sobe, sobe, sobe e encontra uma resistência. Investidores vendem suas posições e o preço dá uma leve recuada para, depois, voltar a subir e romper a resistência – ganhando força no movimento.

Médias móveis

Um dos indicadores mais utilizados na análise gráfica são as médias móveis, que considera os preços dos ativos ao longo do tempo. Nesse sentido, o objetivo é entender como esses preços se comportam em um determinado período, e não somente analisá-lo no dia da operação.

As médias móveis ajudam a identificar a continuidade ou a interrupção de uma tendência. Por exemplo, se a média apontar para cima, isso pode significar um sinal de compra. Já se ela estiver apontando para baixo, pode ser que isso seja um sinal de mercado vendido. Por isso, esse indicador auxilia o investidor a entender que é hora de entrar ou sair de um ativo. É comum que se opere o cruzamento de médias móveis, entre uma mais curta e uma mais longa.

As formas mais usuais de calcular as médias móveis são a simples (ou aritmética) e a exponencial. No primeiro caso, todos os preços são ponderados igualmente no cálculo, e somados e divididos pelo número de períodos. No segundo, os preços mais recentes possuem pesos maiores.

Imagem que mostra duas médias móveis se cruzando ao longo do tempo

Volume financeiro

O volume financeiro mostra o número de ações que foram negociadas em um determinado período, o que serve para indicar a liquidez do papel. Além disso, ele é bastante utilizado para confirmar tendências ou mesmo rompimento de suporte e de resistência.

Quando há um maior volume de compra ou venda, isso pode ser indicativo de formação ou reversão de uma tendência. Observar a quantidade de ações compradas e vendidas em um determinado período pode auxiliar o trader a entender qual é o interesse do mercado. O volume financeiro também pode ser utilizado para confirmar o que mostram os outros indicadores gráficos.

Bandas de Bollinger

As Bandas de Bollinger são um importante indicador de volatilidade na análise técnica. Nesse sentido, elas auxiliam o investidor a identificar tendências, pois mostram se o cenário é favorável ou não para a compra ou venda de uma ação.

Para isso, o indicador calcula o desvio-padrão dos preços, para identificar o quanto as cotações podem ficar acima ou abaixo da média móvel. Por exemplo, suponha que, no mesmo intervalo de tempo, os preços da ação X oscilaram entre R$ 20 e R$ 30, e os da ação Y, entre R$ 30 e R$ 45. Nessa situação, o maior desvio padrão foi o da ação Y. Isso significa que a ação Y possui volatilidade maior do que a X e, consequentemente, as bandas estarão mais afastadas na ação Y do que na X.

Na representação gráfica, as bandas de Bollinger são compostas por uma linha no centro e duas bandas de preços, sendo que uma fica acima e outra abaixo da linha central. A linha que está no centro representa a média móvel exponencial, e as bandas de cima e de baixo são os desvios padrão da ação. Na prática,

O indicador soma e diminui um desvio padrão do preço da ação. Para o trader, a interpretação é a seguinte: se os preços não romperem a banda, isso quer dizer que eles estão se movimentando de acordo com as projeções. Por outro lado, se tocarem a banda superior, é um indicativo de venda da ação; e, se encostarem na banda inferior, pode ser um bom momento para compra.

Índice de Força Relativa (IFR)

Outro índice muito utilizado na análise gráfica é o IFR. Esse é um indicador de oscilação do mercado, que tem o objetivo de mostrar algum movimento indicando regiões de sobrecompra ou sobrevenda de uma ação. Ao observar o IFR, o trader pode identificar possíveis movimentos de reversão da atual tendência.

Para demarcar as regiões, o IFR utiliza uma escala entre 0 e 100, sendo que as zonas de sobrecompra e sobrevenda se situam entre 30 e 70. Nesse sentido, a sobrecompra fica acima de 70, e é a região que mostra tendência de queda da ação para um patamar melhor para negociação. Por sua vez, a sobrevenda fica abaixo de 30, e é a região na qual a perspectiva é de alta.

Embora o padrão do IFR seja a escala 30 – 70, isso não significa que ela seja fixa. De acordo com a sua análise, o trader pode alterar esses valores.

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