BDRs: invista em empresas estrangeiras sem abrir conta no exterior

Tempo de leitura: 6 minutos

Tampinhas de Coca-Cola
Tampinhas de Coca-Cola

Foi-se o tempo em que investir em ativos internacionais era algo complicado e só para quem tinha muito dinheiro. Hoje em dia, com a economia mundial cada vez mais conectada, a necessidade de diversificação internacional é ainda mais importante. A boa notícia é que podemos acessar mercados globais sem precisar mandar dinheiro para fora do país, e uma das formas de fazer isso é por meio dos BDRs.

Esses títulos estão disponíveis na bolsa brasileira e, aos poucos, tornam-se cada vez mais acessíveis aos investidores. Com os BDRs, você pode diversificar a sua carteira investindo em gigantes internacionais como Coca-Cola, Google, Apple, McDonald’s, Netflix, Amazon, e muitas outras.

Que tal conhecer melhor essa alternativa de diversificação dos investimentos? Continue a leitura e entenda o que são e como funcionam os BDRs!

O que são BDRs?

BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são títulos negociados na bolsa brasileira que representam ações de companhias estrangeiras. Quem adquire um BDR não está investindo nas ações dessas empresas, mas sim em títulos que representam esses papeis.

Isso porque as ações dessas companhias continuam lá fora. No entanto, elas ficam custodiadas em uma instituição financeira, para que possam dar lastro aos BDRs negociados no Brasil. Na sequência, veremos com mais detalhes como funciona esse processo.

Embora os BDRs acompanhem a variação das ações estrangeiras, eles não são considerados investimentos no exterior. Como vimos, a negociação desses títulos acontece no pregão da bolsa brasileira, e é feita em reais e não em dólares. Por isso, não é preciso ter conta no exterior para investir em um BDR.

Como funciona esse investimento

Para emitir um BDR, são necessárias duas instituições financeiras. A primeira delas – custodiante – fica no país que deu origem ao título. A segunda – emissora – é a que fica no Brasil e é responsável pela colocação do BDR no mercado brasileiro. Além disso, a custodiante também precisa garantir que o título tenha lastro na ação que ele representa.

Ambas as instituições – custodiante e emissora – devem estar em conformidade com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e com o Banco Central do Brasil.

Apesar de representarem ações de companhias estrangeiras, os BDRs se assemelham mais a um fundo de investimento em termos operacionais. Isso porque a instituição emissora monta um “pacote” com vária ações que adquire, e vende partes desse pacote a investidores, da mesma forma que ocorre com as cotas de um fundo.

Tipos de BDRs

De acordo com a sua origem, classificamos os BDRs como patrocinados ou não patrocinados.

No caso dos patrocinados, é quando a própria companhia estrangeira decide emitir títulos para comercializá-los no Brasil. Dessa forma, ela procura uma depositária brasileira para fazer todo o processo. Ou seja, colocar os papeis no nosso mercado, acompanhar o seu desempenho e garantir o lastro em ações.

De acordo com o tipo de distribuição e volume de informações necessárias, os BDRs patrocinados possuem três subdivisões, que são as seguintes:

– Nível I: não precisam do registro da companhia na CVM. Além disso, destinam-se a investidores qualificados (acima de R$ 1 milhão), instituições financeiras e agentes de investimentos, devidamente autorizados pela CVM.

– Níveis II e III: exigem registro da companhia emissora na CVM, e são mais acessíveis aos investidores locais.

Já os BDRs não patrocinados são os que não têm participação da companhia emissora na sua comercialização. Ou seja, é a depositária que oferta os títulos por conta própria no mercado nacional. No Brasil, a maioria dos BDRs são não patrocinados.

Códigos de negociação dos BDRs

Da mesma forma que as ações, os BDRs possuem códigos de negociação na bolsa. Esse código contém quatro letras, que identificam a empresa, e dois dígitos ao final, que indicam o nível do título e se ele é patrocinado ou não.

Os BDRs patrocinados nível I não possuem um número fixo no final. Já os nível II finalizam com o código 32, e os nível III terminam com o número 33. Por fim, os não patrocinados podem terminar com os números 34 ou 35.

Por exemplo, o código do BDR da Apple é AAPL34. Isso significa que ele faz parte da categoria dos não patrocinados. Os BDRs da Alphabet (Google) também são não patrocinados, e o código é GOGL35.

Dá para receber dividendos com BDRs?

Dá sim, mas isso dependerá da política de distribuição de lucros da empresa lá fora. Se a empresa normalmente distribui resultados aos seus acionistas, os BDRs também receberão esses lucros.

No entanto, é muito comum no mercado internacional algumas grandes companhias não distribuírem seus resultados. Nesse sentido, alguns exemplos são as gigantes da tecnologia, como Google, Amazon, Netflix, entre outras.

Quando a companhia distribui dividendos lá fora, os detentores de seus BDRs recebem os valores em reais no Brasil. Ou seja, não é preciso se preocupar com fechamento de câmbio, pois quem faz isso é a emissora do título. O valor que o investidor recebe já vem líquido de impostos e taxas da custodiante.

Mas atenção: diferentemente de ações e fundos imobiliários, incide Imposto de Renda (IR) sobre dividendos de BDRs. Dessa forma, assim que receber os valores, o investidor precisa pagar o tributo por meio do Carnê-Leão. No próximo item, veremos com mais detalhes como funciona a tributação sobre esse investimento.

Tributação sobre os BDRs

A tributação sobre os BDRs ocorre em duas situações: quando o investidor vende o título com lucro (ganho de capital) e quando ele recebe dividendos.

Da mesma forma que acontece com as ações, sobre o ganho de capital, incidirá 15% de IR quando a venda do título não for realizada no mesmo dia da compra. Porém, se o BDR for negociado no day trade, a alíquota incidente será de 15%.

Outro aspecto importante é que, para os BDRs, não há isenção de IR, mesmo se a negociação não ultrapassar R$ 20 mil. Essa é uma das diferenças entre a tributação desse título e de outros negociados na bolsa de valores brasileira. Para recolher o imposto, o investidor precisa emitir um DARF (Documento de Arrecadação de Receita Federal) com o código 6015 e pagá-lo até o último dia útil do mês seguinte ao da venda.

Em relação aos dividendos, o fisco brasileiro considera esses recursos como “rendimentos recebidos de fonte do exterior”. Nesse caso, o investidor estará isento do tributo se os valores recebidos não ultrapassarem R$ 1.903,98. A partir desse valor, o IR incidirá progressivamente, da seguinte forma:

Rendimentos recebidosAlíquota IR
Entre R$ 1.903,99 e R$ 2.826,657,5%
Entre R$ 2.826,66 e R$ 3.751,0515%
Entre R$ 3.751,06 e R$ 4.664,6822,5%
Acima de R$ 4.664,6827,5%

Para recolher o IR sobre os dividendos de BRDs, o investidor também precisará emitir um DARF, dessa vez informando o código 0190.

Além disso, também poderá haver a cobrança de uma taxa no país de origem do BDR, cujo valor varia de acordo com cada localidade. Mas, nesse caso, o desconto é na fonte, portanto o investidor recebe o valor líquido na conta.

O Brasil mantém acordos de reciprocidade com alguns países, como Argentina, Canadá, Emirados Árabes, Espanha, França, entre outros. Nesses casos, a taxa não é cobrada.

Empresas brasileiras também podem emitir BDRs

Se uma companhia brasileira fez IPO (oferta inicial de ações) no exterior, ela pode negociar BDRs na bolsa brasileira. Alguns exemplos são XP (XPBR31), PagSeguro (PAGS34), Nubank (NUBR33), que já possuem BDRs em negociação na B3.

Para as empresas, essa é mais uma fonte de captação de recursos, além de suas ações.

Vantagens e desvantagens desse investimento

Uma das principais vantagens dos BDRs é o acesso simplificado à diversificação internacional. Como vimos, não é preciso abrir conta no exterior para investir em companhias estrangeiras. Basta ter conta em uma instituição financeira que ofereça o investimento.

Outro ponto positivo é o fato desses títulos estarem sujeitos à tributação nacional. Isso porque as alíquotas nos EUA sobre ativos financeiros são bem mais altas do que no Brasil.

Por outro lado, o volume de BDRs negociados na bolsa ainda é relativamente baixo se comparado a outros ativos financeiros. Além disso, embora já existam mais de 900 BDRs disponíveis, a negociação é concentrada em poucos nomes. Logo, quem investe em um BDR com baixo volume de negociação, pode ter alguma dificuldade para negociá-lo posteriormente.

Além disso, é preciso lembrar que os BDRs estão expostos à variação cambial. Em tempos de valorização do dólar sobre o real, o investidor terá ganhos. Por outro lado, na situação oposta, a desvalorização também se refletirá nesses títulos.

E como investir em BDRs?

Antes de mais nada, é preciso saber que esses títulos são adequados para o perfil de investidor arrojado. Além das oscilações dos preços das ações lá fora, há também a exposição cambial que afeta o investimento.

Dito isso, para investir em BDRs basta ter conta em uma instituição financeira que ofereça o produto. Uma das carteiras recomendadas da Terra Investimentos é a de BDRs, elaborada mensalmente com as melhores recomendações para o período. Clique abaixo, e saiba mais!

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