Circuit breaker na bolsa: entenda o que é e quando acontece

Tempo de leitura: 5 minutos

Imagem mostra momento de circuit breaker na bolsa de valores
Imagem mostra momento de circuit breaker na bolsa de valores

Na bolsa de valores, existem mecanismos que servem para garantir a segurança dos investidores e do próprio mercado de capitais. Se você investe em ações, provavelmente já ouviu falar no circuit breaker, uma ferramenta de controle utilizada em momentos de fortes oscilações da bolsa.

Não é a toa que o termo, quando aparece, sempre causa forte apreensão no mercado. Por isso, fizemos esse conteúdo para explicar como funciona o circuit breaker, em que momentos ele acontece e o que você precisa fazer para evitar o pânico na bolsa em momentos de turbulência. Continue a leitura e confira!

O que é circuit breaker?

Basicamente, o circuit breaker é um mecanismo de segurança que a bolsa de valores utiliza para interromper todas as negociações em determinados momentos. Nesse sentido, ele é acionado quando os preços dos ativos caem de forma brusca no pregão, justamente para frear as perdas dos investidores.

Imagine um evento repentino, como uma guerra, uma catástrofe natura, ou mesmo um escândalo político que afete significativamente a economia. Em momentos de instabilidade como esses, a tendência é de que os investidores fujam de ativos de risco e busquem a renda fixa como proteção para o seu dinheiro. Dessa forma, começam a vender as suas ações de forma muito rápida.

Quando há um volume desproporcional de venda de ações, isso ocasiona a queda nos preços dos títulos. No entanto, existe um limite para essa queda, e é exatamente isso o que esse mecanismo define. Quando se alcança esse limite, todas as negociações do pregão são imediatamente suspensas. Dessa forma, o que se espera é que ocorra o retorno do equilíbrio entre o número de ordens de compra e de venda.

Como funciona o circuit breaker

Na bolsa brasileira, existem algumas regras para que esse mecanismo de proteção da bolsa possa ser acionado. Nesse sentido, elas estão atreladas ao percentual de queda do Ibovespa, o maior dos índices do mercado acionário brasileiro. Essas regras funcionam da seguinte forma:

Estágio 1: queda de 10% do Ibovespa

Quando o Ibovespa cai 10% em relação ao valor do fechamento do pregão anterior, a B3 aciona o estágio 1 do circuit breaker. Nesse caso, acontece a interrupção das negociações no pregão por de 30 minutos. Ou seja, durante esse período, ninguém executa nenhuma ordem de compra ou de venda.

Estágio 2: queda de 15% do Ibovespa

Depois de 30 minutos de interrupção do pregão, a bolsa permite a retomada das negociações, pois espera-se que o mercado já tenha voltado ao ritmo normal. No entanto, se o Ibovespa continuar caindo e essa queda chegar a 15%, a bolsa aciona novamente o mecanismo. Dessa vez, a interrupção das negociações terá o prazo de duração de uma hora.

Estágio 3: queda de 20% do Ibovespa

Por fim, depois de uma hora de paralização, o pregão reabre e retoma as negociações. Porém, se ainda assim o Ibovespa voltar a cair até o limite de 20%, a bolsa suspende novamente o pregão, dessa vez sem prazo para que o mercado reabra.

Momentos finais do pregão

Existem ainda dois aspectos sobre o circuit breaker relacionados aos momentos finais de funcionamento da bolsa. Nesse sentido, as regras acima não podem ser aplicadas nos últimos 30 minutos do pregão. Além disso, se ele ocorrer na última hora do pregão, isso gera a possibilidade de interromper as negociações no dia seguinte, assim que o mercado reabrir. Nesse caso, a paralisação é de 30 minutos.

Para não esquecer as regras do circuit breaker:

Queda do IbovespaTempo de interrupção
10% em relação ao pregão anterior30 minutos de interrupção
15% em relação ao pregão anterior1 hora de interrupção
20% em relação ao pregão anteriorParalização por tempo indeterminado

Quando foi o último circuit breaker?

A última vez que a bolsa brasileira acionou o mecanismo foi em março de 2020, mês bastante conturbado para o mercado financeiro. Na ocasião, a pandemia do coronavírus já estava colapsando a economia e impactando as bolsas de valores ao redor do mundo.

No entanto, outros fatores também contribuíram para a queda dos mercados naquele momento. No exterior, o desacordo entre a Rússia e a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e a decisão da Arábia Saudita de reduzir o preço do barril fez o preço da commodity cair mais de 30%. Isso aconteceu no dia 9 de março de 2020, e afetou o mercado financeiro mundial.

Por aqui, desentendimentos entre o governo e o Congresso também mexeram com o ânimo do mercado. Nesse sentido, a derrubada do veto da presidência que ampliava os Benefícios de Prestação Continuada (BPC) contribuiu para a queda do mercado acionário brasileiro em 11 de março de 2020.

Uma semana depois, um novo circuit breaker esperava pela bolsa brasileira. Dessa vez, além do agravamento da pandemia, os motivos foram a divulgação de dados sobre a queda da economia da China e o corte de juros nos EUA, de 1,25% para 0,25% ao ano.

Ao longo do seu funcionamento, a bolsa brasileira já acionou esse mecanismo em outras ocasiões. A seguir, confira alguns dos momentos mais marcantes.

1997

Naquele ano, a crise dos Tigres Asiáticos mexeu com diversas economias ao redor do mundo. Nesse sentido, um dos casos mais emblemáticos foi a queda de 10% da bolsa de Hong Kong no mês de outubro. Isso derrubou diversas outras bolsas, até que os efeitos chegaram no Brasil em 27 de outubro. Nesse dia, a B3 anunciou três circuit brakers, e outros dois aconteceram em 7 e 12 de novembro.

1998

Dessa vez, foi a crise financeira da Rússia que gerou enorme apreensão no mercado financeiro mundial. Na época, o país declarou que não teria condições de pagar suas dívidas. Dessa forma, várias outras economias foram afetadas, inclusive a brasileira. Por aqui, a bolsa acionou o circuit braker em cinco momentos diferentes para frear as perdas dos investidores. Isso aconteceu em 21 de agosto, 4, 10 e 17 de setembro, sendo que no dia 10 o mecanismo foi acionado duas vezes durante o pregão.

1999

Em 1999, houve uma mudança no regime cambial brasileiro. Nesse sentido, a desvalorização de nossa moeda fez com que o Banco Central precisasse negociar dólares no mercado futuro, para evitar quedas ainda maiores. Isso aumentou as reservas de dólares nos cofres brasileiros, e contribuiu para a queda da bolsa.

Por isso, a bolsa suspendeu as negociações em dois momentos naquele ano: nos dias 13 e 14 de janeiro.

2008

Em 2008, tivemos o estouro do subprime, a crise econômica mundial mais grave desde o Crash da bolsa americana de 1929. Naquele ano, a falta de regulamentação do mercado e de critérios para concessão de crédito afundaram a população norte-americana em dívidas lastreadas por hipotecas. Com os sucessivos calotes por lá, muitas economias ao redor do mundo foram afetadas.

No Brasil, tivemos seis circuit brakers. O primeiro aconteceu em 29 de setembro; os outros cinco, nos dias 6, 10, 15 e 22 de outubro. Lembrando que, em 6 de outubro, o pregão parou duas vezes na B3.

2017

Nove anos depois do último circuit braker, o mecanismo foi novamente acionado por causa da delação de Joesley Batista, dono da JBS. No depoimento, Joesley detalhou operações que envolviam altos cargos políticos, entre eles o então presidente Michel Temer. Nesse dia

Na gravação, o empresário revelou detalhes de operações que envolviam diversos políticos importantes, entre eles o então presidente do Brasil, Michel Temer (MDB). No dia 18 de maio – que ficou conhecido como Joesley Day – o Ibovespa ultrapassou os 10% de queda. Dessa forma, as atividades do pregão foram imediatamente interrompidas.

Dá para se proteger de um circuit braker?

No mundo inteiro, a economia passa por diversos ciclos, e não tem como prever determinados acontecimentos. Ou seja, nunca estaremos livres de imprevistos que podem ocasionar grandes prejuízos, como foi no caso da pandemia, por exemplo.

Porém, há coisas que você pode fazer para proteger o seu patrimônio e atenuar os efeitos das fortes oscilações do mercado. Nesse sentido, montar uma boa estratégia de alocação de ativos ajuda a equilibrar a sua carteira, tornando-a menos vulnerável às crises financeiras. Ou seja, com uma boa diversificação, você pode maximizar os seus resultados ao mesmo tempo que atenua os riscos dos investimentos.

Uma das formas mais eficientes de fazer isso é por meio de uma curadoria de investimentos. Aqui na Terra, temos uma das equipes mais experientes e especializadas do mercado financeiro. Se você ainda não é nosso cliente, abra já a sua conta, e tenha todo o suporte de nosso time de especialistas!

Compartilhe:

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on pinterest
Share on telegram
Share on whatsapp
Share on email
Blog Terra Investimentos

Posts Relacionados