Uma das categorias de investimentos mais versáteis do mercado financeiro são os fundos multimercado. Devido à diversidade de estratégias, esses fundos podem atender a todos os perfis de investidores, dos mais conservadores aos mais arrojados.
Neste conteúdo, você entenderá como funcionam esses fundos e conhecerá as principais peculiaridades desse investimento. Acompanhe a leitura, e descubra se a modalidade pode fazer sentido para a sua estratégia de investimentos.
O que são fundos multimercado?
O fundo multimercado é um tipo de fundo de investimento que pode alocar o seu patrimônio em ativos de diferentes mercados. Por exemplo, ele pode investir em renda fixa, ações, ativos internacionais, e, até mesmo, utilizar derivativos tanto para alavancar os resultados quanto para proteger a carteira do investidor.
A principal característica desses fundos é a liberdade que o gestor tem para alocar o patrimônio. De acordo com a estratégia adotada, o risco pode ser maior do que o de outras classes de fundos, bem como as possibilidades de ganhos.
Tipos de fundos multimercado
Para que o investidor possa reconhecer os diferentes tipos, foram criadas classificações que levam em conta a estratégia e a forma de alocação de ativos. De acordo com a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), existem 11 subcategorias de fundos multimercado, as quais veremos a seguir.
Balanceados
Os fundos balanceados buscam retornos no longo prazo por meio da compra de diversas classes de ativos, incluindo cotas de fundos. Nesse sentido, a estratégia de alocação deve especificar o mix de investimentos nas diversas classes de ativos, incluindo deslocamentos táticos e/ou políticas de rebalanceamento.
Outra característica dessa categoria é que ela não admite alavancagem. Isso significa que o gestor não pode realizar investimentos maiores do que o patrimônio do fundo.
Dinâmicos
Este tipo de fundo multimercado também tem uma estratégia de diversificação em variadas classes de ativos, porém não fica comprometido com um mix predeterminado de ativos. Dessa forma, a política de alocação dos recursos é flexível e o gestor pode reagir de acordo com as condições de mercado e o horizonte de investimento para alterar os ativos do fundo. Diferentemente dos balanceados, os fundos dinâmicos permitem alavancagem.
Macro
No fundo multimercado macro, os gestores realizam operações em diversas classes de ativos, como renda fixa, renda variável, câmbio, entre outras. Isso porque definem as estratégias de investimento baseadas em cenários macroeconômicos de médio e longo prazos.
Trading
Ao contrário da estratégia macro, nos fundos trading o objetivo é ganhar aproveitando oscilações de preços no curto prazo. Esse tipo de fundo multimercado também pode utilizar diversas classes de ativos.
Long and short direcional
Nesse tipo de fundo, o gestor monta posições long (comprada) e short (vendida) ao mesmo tempo, sendo que uma das duas pontas tem peso maior na estratégia – por isso a palavra direcional. Esses fundos estão ligados a operações que envolvem ativos e derivativos.
Long and short neutro
A estratégia é a mesma do long and short direcional, porém sem tendência por parte do gestor (ele ficará neutro). Nesse caso, também há operações com ativos e derivativos, mas com exposição financeira líquida limitada a 5% do patrimônio do fundo.
Juros e moedas
Nesses fundos multimercado, o objetivo é ganhar no longo prazo com ativos de renda fixa, sendo que a estratégia admite risco de juros, inflação e moeda estrangeira. Esse tipo de fundo não pode investir em ações ou qualquer outro ativo de renda variável.
Livre
Como o nome sugere, esses fundos investem seus recursos sem qualquer compromisso de concentração. Ou seja, o gestor é totalmente livre para comprar e vender diversas classes de ativos e usar qualquer uma das estratégias abordadas acima.
Capital protegido
Essa estratégia tem foco em obter retorno em mercados de risco. Nesse caso, o gestor procura proteger o capital investido de forma total ou parcial.
Estratégia específica
Estes fundos operam com estratégias de investimentos que possuem riscos específicos, tais como commodities, futuro de índice, entre outros.
Investimento no exterior
Para que tenha essa classificação, o fundo multimercado deve investir, no mínimo, 40% de seu patrimônio em ativos fora do país.
Qual a diferença entre fundo de ações e fundo mutimercado?
Como vimos acima, os fundos multimercado admitem várias estratégias, que contemplam desde a renda fixa mais conservadora até ativos de renda variável, índices, moedas estrangeiras ou derivativos em determinadas situações. Por sua vez, nos fundos de ações, o gestor tem a obrigação de investir, no mínimo, 67% do patrimônio no mercado acionário. Além de ações, esses fundos também podem ser formados por depósitos de ações, bônus ou recibos de subscrição, cotas de outros fundos de ações, ou mesmo por títulos que representam ativos internacionais, como os BDRs (Brazilian Depositary Receipts).
Os restantes 33% do patrimônio podem ser investidos em outras categorias de ativos. Muitas vezes, para atenuar a volatilidade da renda variável, os gestores alocam esse percentual minoritário em títulos de renda fixa mais conservadores.
Embora os fundos de ações apliquem majoritariamente no mercado acionário, o gestor pode fazer isso utilizando diferentes estratégias. Confira no link abaixo os diferentes tipos de fundos de ações que você pode encontrar no mercado.
Vale a pena investir em fundos multimercado?
Como todo tipo de investimento, os fundos multimercado também possuem aspectos mais ou menos favoráveis que devem ser conhecidos pelo investidor. A seguir, conheça as suas principais vantagens e desvantagens.
Vantagens
Para quem procura diversificação, os fundos multimercado podem ser uma alternativa bem interessante. Como vimos, eles são muito flexíveis, pois podem investir em ativos de variadas classes, com estratégias distintas e prazos mais curtos. Dessa forma, oferecem diferentes potenciais de rentabilidade e carregam mais ou menos risco, dependendo dos ativos que formam o seu patrimônio.
Para o investidor, uma das principais vantagens de um fundo multimercado é acessar diversas classes de ativos com um único produto. Além disso, ele conta com um gestor que seleciona esses ativos e acompanha a sua performance, podendo substituí-los em determinados momentos, de acordo com o momento da economia.
Desvantagens
Por outro lado, o prazo de resgate desses fundos pode ser maior do que os de outras categorias. Isso porque eles investem em ativos de diversos mercados, e alguns deles podem ter pouca liquidez. Portanto, para que isso não venha a ser um problema, é preciso garantir a reserva de emergência antes de investir em fundos multimercado.
Outro aspecto a considerar nesses fundos é o fato de que alguns operam com alavancagem e, por isso, suas cotas podem apresentar bastante volatilidade. Nesse caso, tanto o potencial de ganho quanto o de perdas podem ser igualmente significativos.
Como escolher um fundo multimercado?
Agora que já entendemos o que são e como funcionam esses fundos, é hora de sabermos o que observar para fazer a melhor escolha.
Nesse sentido, o primeiro passo é conhecer a estratégia do fundo. Como vimos, eles atendem a todos os perfis de investidores, pois podem alocar o patrimônio tanto em ativos mais conservadores quanto em mercados e instrumentos financeiros mais arriscados e sofisticados.
Além disso, os fundos multimercado não possuem limites para concentração por emissor, como ocorre nos fundos de ações, por exemplo. Esse é outro ponto para o qual é preciso atenção, sendo que essa informação deve constar no regulamento e no termo de adesão dos investidores.
Analisar a performance do fundo e compará-lo a outros da categoria também é importante para fazer uma boa escolha. Quem investe em fundos sabe que a rentabilidade passada não garante ganhos futuros, mas fazer esse comparativo é importante para conhecer o desempenho do fundo, e como ele reagiu em eventuais períodos de crises ou turbulências na economia.
Por fim, é muito importante conhecer os custos dos fundos de investimentos, pois eles terão reflexo direto na rentabilidade da aplicação. Esses custos variam dependendo do tipo de fundo (no caso das taxas) e do prazo do investimento (tributação).
