Na hora de escolher ações para investir, é muito importante saber o que se deve analisar em uma empresa. Por isso, conhecer os indicadores financeiros e saber interpretá-los é fundamental para quem deseja montar uma carteira rentável.
Neste conteúdo, separamos alguns dos principais indicadores financeiros que você precisa entender para escolher e monitorar as suas ações. Portanto, se você está em busca de mais conhecimento para investir com segurança, continue a leitura!
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Tipos de indicadores financeiros
A seguir, separamos os indicadores financeiros em três grandes grupos: indicadores de rentabilidade, indicadores de liquidez e indicadores de endividamento. Acompanhe.
Indicadores de rentabilidade
Os indicadores de rentabilidade são aqueles que relacionam os lucros da empresa com variáveis como receita de vendas, fontes de financiamento e ativos. Com eles, podemos avaliar a evolução dos resultados da empresa durante os anos e comparar a sua performance com a da concorrência.
Margem líquida
A margem líquida é um dos indicadores de rentabilidade mais conhecidos e utilizados na análise dos resultados de uma empresa. Basicamente, ele mostra o percentual que o lucro líquido representa sobre a receita total.
Para encontrar a margem líquida, basta dividir o lucro líquido da empresa pela sua receita líquida no mesmo período e multiplicar o resultado por 100. Ou seja:
Margem líquida = (Lucro Líquido / Receita Líquida) x 100
A interpretação do indicador é bastante simples, pois quanto maior for a margem líquida de uma empresa, maior é a sua capacidade de gerar lucro.
EBITDA
EBITDA significa earnings before taxes, interests, depreciation and amortization, ou lucro antes dos impostos, juros, depreciação e amortização.
Traduzindo: o EBITDA corresponde ao caixa que a empresa consegue gerar somente a partir da sua atividade operacional. Isso porque o seu cálculo exclui juros, impostos, depreciação e amortização, ou seja, variáveis que não dependem da operação em si.
O indicador é importante para entendermos como a empresa consegue atingir o seu resultado, se por meio de sua atividade fim ou de outros eventos. Para calcularmos o EBITDA, precisamos dos seguintes itens:
- – Juros: resultado financeiro líquido (despesas financeiras – receitas financeiras)
- – Impostos: despesas com impostos do exercício;
- – Depreciação: perda de valor de ativos do imobilizado;
- – Amortização: perda de valor de ativos intangíveis.
Agora, é a vez de acharmos o lucro operacional líquido:
Receita Líquida de Vendas
(-) Custo dos Produtos/Mercadorias Vendidas
(-) Despesas operacionais
= Lucro Operacional Líquido
Por fim, podemos calcular o EBITDA:
EBITDA = Lucro Operacional Líquido + juros + impostos + depreciação + amortização
ROE
ROE vem da expressão return on equity (retorno sobre o patrimônio líquido) e, como o próprio nome diz, o indicador busca mostrar o quanto a empresa consegue gerar de lucro líquido a partir do seu capital próprio. Em outras palavras, o quanto rendeu tudo o que os sócios investiram no negócio.
O objetivo do ROE é medir o quanto a empresa gera de valor para a operação e para os sócios a partir dos seus recursos próprios, sem considerar fontes de terceiros. Teoricamente, quanto maior a eficiência operacional, mais as ações tendem a se valorizar ao longo do tempo.
O indicador é expresso em percentual, e sua fórmula é a seguinte:
ROE = (Lucro Líquido / Patrimônio Líquido) x 100
ROIC
Outro importante indicador de rentabilidade é o ROIC (return over invested capital) ou retorno sobre o capital investido. Basicamente, ele mostra o retorno gerado por uma empresa considerando todas as suas fontes, ou seja, os recursos dos sócios e o capital de terceiros.
Para calcular o ROIC, precisamos conhecer os conceitos de NOPLAT e capital investido. NOPLAT é a sigla para Net Operating Profit Less Adjusted Taxes, ou lucro operacional sem os impostos (EBIT). Já o capital investido é o total das fontes de financiamento de uma empresa, seja dos próprios sócios ou de terceiros (fornecedores, bancos, entre outros). Para obter esse valor, basta somar o passivo e o patrimônio líquido, que encontramos no balanço patrimonial da empresa.
Com isso, chegamos ao ROIC:
ROIC = NOPLAT / capital investido
ROA
A sigla ROA vem de return on assets (retorno sobre ativos) e mostra o quanto do valor que a empresa investiu na operação voltou para o negócio sob a forma de lucro. Ou seja, o ROA mostra se a organização foi eficiente na alocação dos seus ativos para que gerassem resultados.
O fato de uma empresa gerar lucro não significa que ela esteja utilizando os seus ativos da melhor forma. E é justamente isso o que o ROA consegue mostrar para os gestores do negócio. Nesse sentido, quanto mais eficientes forem os ativos, menos a empresa precisará a fontes externas para financiar sua atividade. Teoricamente, isso ajuda a promover a melhora do resultado.
A fórmula do ROA é bastante simples, pois basta dividir o lucro líquido da empresa pelo seu ativo total:
ROA = (lucro Líquido / Ativo total) x 100
Indicadores de liquidez
Quando falamos em liquidez, estamos nos referindo à capacidade que a empresa tem de pagar os seus compromissos. Nesse caso, não estamos analisando o aspecto econômico (geração de resultados), mas sim o financeiro do negócio.
Liquidez corrente (LC)
A liquidez corrente mostra a relação entre o que a empresa tem a receber e a pagar no curto prazo. Para isso, o cálculo considera o ativo circulante e o passivo circulante, da seguinte forma:
LC = Ativo Circulante / Passivo Circulante
Não se pode falar em um número ideal para a liquidez corrente, pois ela dependerá também das características do setor de atuação. Mas, de forma geral, o ideal é que ela esteja sempre acima de 1, pois um valor abaixo disso pode indicar alguma dificuldade de pagamento dos compromissos de curto prazo.
Liquidez imediata (LI)
A liquidez imediata é mais conservadora, pois considera no cálculo somente as disponibilidades de caixa.
LI = Disponibilidades / Passivo Circulante
Aqui também não há um padrão para o melhor resultado, pois deve-se avaliar o contexto e o modelo do negócio. Além disso, uma liquidez imediata elevada não significa, necessariamente, uma boa gestão financeira. Isso porque pode ser que haja recursos parados no caixa e que poderiam estar melhor empregados.
Liquidez seca (LS)
A liquidez seca é um bom indicador para medir a eficiência da gestão dos estoques, pois ela exclui esses itens do cálculo:
LS = (Ativo Circulante – Estoques) / Passivo Circulante
Indicadores de endividamento
Para financiar a sua operação, a empresa utiliza fontes que podem ser próprias (recursos dos sócios) ou de terceiros. Nesse sentido, os indicadores de endividamento mostrarão se o patamar de dívidas é seguro ou arriscado em relação à atividade e resultados.
Índice de alavancagem
Um dos indicadores de endividamento mais utilizados, o índice de alavancagem é dado pela relação Dívida líquida / EBITDA. Isso porque ele demonstra quanto tempo a empresa levaria para pagar a sua dívida líquida com geração própria de caixa, considerando que ambos (dívida e caixa) permaneçam constantes.
Basicamente, quanto maior for o indicador, mais tempo será preciso para que a empresa pague as suas dívidas com a geração de caixa. Dependendo do caso, muito tempo para liquidar os compromissos pode ser um indicativo de má gestão financeira, o que poderia ocasionar futuros problemas ao negócio. Mas, como todo indicador financeiro, a dívida líquida / EBITDA também não pode ser analisada isoladamente.
Índice de cobertura de juros (ICJ)
Esse indicador mostra a capacidade da empresa de honrar os juros das dívidas que contraiu. Por isso, ele é importante tanto para quem concede o crédito (bancos, fornecedores, ou outras fontes) quanto para os investidores.
O cálculo do ICJ é feito com base no EBIT (lucro antes dos juros e impostos) e despesas com juros. Assim, temos a seguinte fórmula:
ICJ = EBIT / despesas com juros
O resultado mostra quanto tempo será preciso para que se pague os juros com o lucro de um determinado período. Nesse sentido, quanto menor for o índice, mais comprometido estará o lucro com o pagamento dos juros. Isso significa que a empresa está deixando de utilizar o lucro na própria atividade, ou mesmo no pagamento de proventos.
Participação de capital de terceiros (PCT)
O PCT mostra o quanto das fontes de uma empresa vem de recursos externos, e é obtido pela seguinte fórmula:
PCT = (Passivo Circulante + Exígivel a Longo Prazo) / (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo + Patrimônio Líquido)
O passivo circulante representa os compromissos de curto prazo da empresa. Já o exigível de longo prazo, correspondem às obrigações com vencimento após o exercício seguinte. Por fim, o patrimônio líquido é o capital próprio da empresa.
Logo, quanto maior for o PCT, maior será o endividamento da empresa. Isso significa que, frente a instabilidades da economia ou mesmo da sua atividade, ela estará mais vulnerável.