A inteligência artificial (IA) não só vem sofisticando sistemas de produção no mundo inteiro, como também tem se tornado cada vez mais presente na vida das pessoas.
Trazendo a IA para o dia a dia, normalmente o que se pensa é sobre os programas baseados na tecnologia, como o ChatGPT ou a assistente virtual Alexa, por exemplo. Mas também é possível investir em inteligência artificial, e existem alternativas na bolsa de valores para quem deseja diversificar no segmento.
Um estudo publicado pela Bloomberg em maio de 2024 mostra que a expectativa é de que a inteligência artificial generativa seja um mercado de US$ 1,3 trilhão até 2032. Segundo os analistas, isso impulsionaria as vendas de empresas de hardware, software, publicidade e jogos eletrônicos a uma taxa aproximada de 43% ao ano.
Pela pesquisa, existe mesmo muito espaço para a inteligência artificial crescer nos próximos anos. De acordo com os dados da Bloomberg, os nichos citados investem hoje menos de 1% em IA, sendo que poderiam chegar a 12% do valor gasto com tecnologia.
Como tudo o que acontece na economia se reflete no mercado financeiro, a oferta de investimentos em IA também tem crescido. A seguir, falaremos sobre como investir no segmento pela bolsa e quais os cuidados necessários para se fazer isso.
Como investir em inteligência artificial?
Na bolsa de valores, podemos encontrar BDRs, ETFs e BDRs de ETFs referenciados em empresas focadas em IA. Veja como funcionam esses investimentos.
BDRs
Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são títulos negociados na bolsa que representam ações de empresas estrangeiras. Ao adquirir um BDR, você não investe diretamente na companhia, pois as suas ações permanecem lá fora, dando lastro ao título aqui no Brasil.
Ou seja, os BDRs são uma forma de investir indiretamente em nomes listados nas bolsas internacionais. Embora esses títulos sejam negociados em reais no pregão da bolsa, eles estão sujeitos à variação cambial das ações que representam. Isso significa que o investidor estará sujeito às oscilações da moeda estrangeira, além da variação normal do próprio título.
Entre os BDRs listados na B3, existem algumas empresas que possuem projetos diretamente ligados à IA, e outras que se beneficiam da tecnologia nas suas operações. Confira alguns exemplos:
NVIDIA (NVDC34)
A NVIDIA ingressou no mercado de IA em 2016, quando desenvolveu a tecnologia para carros autônomos e lançou supercomputadores de deep learning. Atualmente também oferece plataforma de IA generativa, ferramentas voltadas à comunicação (som e vídeo), à indústria de jogos, entre outras aplicações.
Amazon (AMZO34)
Nos últimos anos, a Amazon alavancou os negócios ao investir em inteligência artificial, especialmente em soluções para análise de dados e serviços de computação em nuvem. Em maio de 2024, a gigante anunciou que investirá mais US$ 9 bilhões nos próximos cinco anos para expandir sua estrutura e serviços em nuvem em Singapura.
Meta (M1TA34)
Dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, a Meta utiliza IA generativa para integrar as suas redes, com o objetivo de prever o que os usuários desejam consumir. Também oferece ferramentas de IA para seus anunciantes, para facilitar as campanhas publicitárias.
Taiwan Semiconductor Manufacturing (TSMC34)
A companhia é a maior fabricante de chips do mundo, e tem entre seus clientes as principais empresas que desenvolvem inteligência artificial.
Apple (AAPL34)
Em junho de 2024, a empresa anunciou a Apple Intelligence, uma tecnologia de IA generativa para Iphone, IPad e Mac. O projeto será implementado em ferramentas de escrita, criação de vídeos e imagens e na Siri – assistente virtual da marca.
EFTs
Os ETFs (Exchange Traded Funds) são fundos que têm o objetivo de replicar a performance de um índice ou ativo financeiro no mercado. As cotas dos ETFs são negociadas na bolsa, da mesma forma que os BDRs, ações e outros ativos de renda variável.
Confira alguns ETFs de IA disponíveis na B3:
TECK11
O ETF It Now NYSE FANG+ (TECK11) acompanha o desempenho das dez maiores empresas de tecnologia listadas na NYSE, a bolsa de Nova York. Entre elas, estão as FAANG (Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google) e mais cinco que são revistas a cada três meses.
CHIP11
O Investo ETF US Listed Semiconductor 25 Index (CHIP11) segue a performance das 25 principais empresas do setor de semicondutores em todo o mundo. Entre as companhias, estão NVIDIA, Intel, Qualcomm, ADM e Broadcom.
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BDRs de ETFs
Por fim, os BDRs de ETFs são certificados que representam os ETFs negociados no mercado internacional. A lógica é a mesma dos BDRs de ações, só que aplicada às cotas dos ETFs estrangeiros.
Os BDRs de ETFs são uma boa alternativa para quem busca diversificação internacional de forma acessível. As cotas representam frações dos fundos estrangeiros, o que torna o investimento mais barato para o público em geral.
Veja alguns exemplos:
BAIQ39
O Global X Artificial Intelligence & Technology (BAIQ39) acompanha o desempenho de empresas que produzem hardware para IA e que podem se beneficiar da tecnologia. Entre elas, estão empresas ligadas à robótica industrial e não industrial e veículos autônomos.
BINX39
O iShares Global Tech ETF (BINX39) tem foco na tecnologia da informação. Esse BDR de ETF segue o desempenho das empresas de tecnologia da informação representadas pelo índice S&P Global 1200.
BXTC39
O iShares Exponential Tech ETF BDR (BXTC39) acompanha o índice Morningstar Exponential Technologies, criado para representar empresas que, potencialmente, teriam benefícios econômicos com IA.
Cuidados necessários para investir em inteligência artificial
Embora as perspectivas para o setor sejam promissoras para os próximos anos, existem riscos que precisam ser considerados na hora de investir em inteligência artificial.
Um deles é a regulamentação do mercado de IA, que ainda é insipiente na maioria dos países. Se por um lado a tecnologia revolucionou sistemas de produção e facilitou atividades cotidianas, por outro ainda não se sabe como tudo isso caminhará daqui para frente.
Os aspectos que envolvem IA abrangem diversas esferas. Como o crescimento acelerado dessa tecnologia é recente, ainda não se consegue mensurar todos os seus possíveis efeitos.
Por exemplo, existem estudos que apontam para um forte aumento no consumo de energia quando mais servidores de IA estiverem em atividade. Ao mesmo tempo, instituições de ensino já começam a pressionar por limites na utilização de IA generativa, alertando para o perigo de plágios e desinformação.
E há também preocupações quanto à segurança da informação, uma vez que a IA tem acesso aos mais diversos dados de usuários de redes sociais. Isso sem falar na possibilidade de aumento do desemprego ao redor do mundo – o que já se percebe em funções que utilizam a tecnologia de forma mais intensa.
Esses pontos são apenas alguns dos alertas em relação ao contexto geral da IA. Fora isso, já existem alguns gargalos específicos, como riscos geopolíticos (guerra comercial entre as principais economias globais) e escassez de profissionais qualificados para dar conta da demanda crescente.
Por todos esses motivos, especialistas recomendam cautela e parcimônia para investir em IA. Para evitar surpresas, é importante acompanhar notícias sobre as empresas – resultados, projetos, mercado, e assim por diante.
E nada melhor do que contar com a assessoria de profissionais especializados e experientes, como os da Terra Investimentos!