Para aumentar as chances de rentabilidade, existem diferentes estratégias que podem ser utilizadas na bolsa de valores, e uma delas é o long & short.
Basicamente, essa estratégia envolve a expectativa de que um ativo se valorize ao mesmo tempo que outro caia de preço. Dessa forma, o investidor consegue lucrar com a alta e com a queda de dois ativos diferentes simultaneamente.
Achou complicado? De fato, o long & short é uma estratégia mais sofisticada, que costuma ser utilizada por traders e investidores mais experientes. Mas a lógica é bastante simples, e é isso o que explicaremos neste conteúdo. Continue a leitura e descubra mais uma forma de potencializar os seus ganhos na renda variável!
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O que é long & short?
O long & short é uma operação de arbitragem, na qual o investidor mantém uma posição comprada em um ativo e uma posição vendida em outro ao mesmo tempo.
Uma posição comprada significa, literalmente, que o investidor compra um ativo porque acredita na sua valorização. Na linguagem do mercado, a parte comprada é a ponta long da estratégia long & short.
Por outro lado, na posição vendida (short) está a expectativa de queda no preço de outro ativo. É o que ocorre com o aluguel de ações ou de fundos imobiliários (FIIs), por exemplo. Nesse caso, o investidor aluga o ativo que acha que vai cair de preço, vende-o e recompra quando o mesmo já tiver se desvalorizado. Dessa forma, se as suas projeções se concretizarem, ele terá ganhado com a diferença entre o preço de venda (na alta) e a recompra (na baixa).
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No long & short, há três situações nas quais o investidor pode ganhar, que são:
- – Ganho na ponta comprada e na ponta vendida: esse é o melhor dos cenários, porque o ativo da ponta long se valorizou e o da ponta short caiu de preço.
- – Resultado da ponta comprada melhor do que o da ponta vendida: nessa caso, o lucro com o ativo da ponta long foi maior do que o lucro ou perda da ponta short.
- – Resultado da ponta vendida melhor do que o da ponta comprada: por fim, pode ser que o aluguel da ação (ponta short) compense a baixa valorização (ou desvalorização) do ativo da ponta long.
A correlação no long & short
Um aspecto importante a ser observado na estratégia long & short é a correlação entre os ativos que irão compor as duas pontas da operação.
Tecnicamente, correlação é uma medida de dispersão entre duas variáveis, que vai de 1 a -1, e todos os ativos financeiros possuem alguma correlação entre si. Se ela é igual a 1, isso significa que os dois ativos tendem a se movimentar da mesma maneira. Em outras palavras, se um sobe, o outro também subirá, e se um perde valor, o mesmo acontecerá com o outro.
Já uma correlação igual a zero sugere que os dois ativos se movimentam de forma independente. Ou seja, qualquer deles (ou ambos) pode perfeitamente subir, descer ou permanecer igual sem que possamos estabelecer nenhuma relação entre os seus comportamentos.
Para o investidor que pratica o long & short, o que interessa é variação entre a correlação dos ativos. Isso porque o que trará resultado para a operação não é o valor que cada um vai alcançar em si, mas sim o quanto esses valores irão se afastar ou se aproximar um do outro. Quanto maior for essa diferença, maior também será o resultado da operação.
Exemplo
Um exemplo de correlação negativa entre duas ações é o de empresas exportadoras e importadoras. Imagine que estamos em um momento de alta do dólar, o que beneficiaria as companhias que vendem para o exterior. Por outro lado, o dólar mais alto não favorece quem precisa importar bens ou insumos.
Nesse caso, a ponta long da operação seria a empresa exportadora, pois o câmbio favoreceria as suas receitas e resultados, o que, teoricamente, seria vantajoso para suas ações. Já a ponta short seria a importadora, pelo fato de seus custos aumentarem com o dólar mais alto, o que poderia prejudicar os seus resultados.
Como fazer long & short?
Agora que já entendemos o funcionamento dessa estratégia, é hora de conhecermos as diferentes formas de aplicá-la aos investimentos. Algumas das mais conhecidas são as seguintes:
Ações ordinárias (ON) x ações preferenciais (PN)
Esse é um dos tipos de long and short mais tradicionais do mercado, e envolve ações de uma mesma empresa, mas de categorias diferentes.
Por exemplo, você pode montar a estratégia adquirindo ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3 e PETR4), do Itaú Unibanco (ITUB3 e ITUB4) ou do Bradesco (BBDC3 e BBDC4). De forma geral, existe uma correlação negativa entre ações ordinárias e preferenciais, porém ela é baixa. Por isso, esse tipo de long & short não costuma trazer muita rentabilidade ao investidor.
Controlada x controladora
De certa forma, essa é uma variação da estratégia anterior. Nesse caso, também costuma existir uma oscilação entre as ações de empresas de um mesmo conglomerado, mas a volatilidade é baixa. Logo, os rendimentos dessas operações tendem a não ser tão representativos.
Intrasetorial
Nesse caso, as ações envolvidas são de companhias distintas mas que atuam no mesmo segmento.
Por exemplo, digamos que o investidor perceba que existe uma diferença grande de preço entre ações de duas companhias do setor de aviação. Ao avaliar e entender os motivos dessa distorção, ele pode aproveitar isso para lucrar com a expectativa de alta de uma e de baixa da outra.
Intersetorial
Aqui, estamos falando de empresas diferentes e que atuam em setores econômicos também diversos. Um bom exemplo de long & short intersetorial é o das exportadoras e importadoras que vimos anteriormente. Isso porque as oscilações do dólar causam efeitos opostos no desempenho de cada uma delas.
Vale a pena fazer long & short?
Pelo fato de atuar nas duas pontas (comprada e vendida), teoricamente o long & short consegue equilibrar ou, até mesmo, reduzir o risco da operação. Isso porque, mesmo que ambas as ações se desvalorizem, ainda assim o investidor poderá obter algum lucro. Logicamente, desde que uma das pontas não caia a ponto de gerar um prejuízo maior do que o lucro que a outra ponta alcançou.
Para o investidor, o long & short elimina o risco de mercado, pois o resultado da operação não está relacionado às oscilações da bolsa. Como vimos, o que irá determinar o ganho ou perda é somente o comportamento dos dois ativos envolvidos na estratégia. Em outras palavras, não importa que a bolsa despenque, ou que o dólar vá às alturas, pois o risco da operação passa a ser unicamente a performance das duas ações.
Por outro lado, é importante considerar que, por mais que algumas tendências possam se repetir, não há, necessariamente, uma explicação para a correlação observada no long & short. Por isso, para adotar a estratégia, é muito importante acompanhar os movimentos do mercado e saber interpretar adequadamente todas as informações.
Lembrando que, para operacionalizar a estratégia, a B3 exige do investidor o depósito de uma margem de garantia, pois a posição vendida ocorre a descoberto. Ou seja, o vendedor precisa alugar os títulos para a ponta short, e a garantia é justamente para dar suporte a essa transação.