Marcação na curva e marcação a mercado: qual a diferença e por que saber isso?

Tempo de leitura: 3 minutos

Imagem mostra investidor vendo no gráfico a marcação na curva de um título
Imagem mostra investidor vendo no gráfico a marcação na curva de um título

Na renda fixa, os termos marcação na curva e marcação a mercado dizem respeito à precificação de um título. Conhecer esses conceitos é fundamental para entender como funciona a rentabilidade desses ativos e como investir corretamente neles, e é sobre isso que falaremos neste conteúdo. Continue a leitura e confira!

O que é marcação na curva?

A marcação na curva é uma sistemática que permite ao investidor acompanhar os rendimentos diários de alguns títulos de renda fixa. O exemplo a seguir ajuda a entender como ela funciona na prática.

Imagine que você tenha adquirido um CDB prefixado com taxa de 10% ao ano e vencimento em três anos. A marcação na curva desse título será calculada tomando por base a sua taxa nominal, ou seja, os 10% ao ano. Para isso, o sistema da instituição financeira transformará essa taxa anual em taxa diária, e todos os dias o rendimento do CDB será atualizado. Logo, se você acompanhar o extrato dessa aplicação, poderá ver o quanto o rendimento evoluiu dia a dia.

Digamos que você tenha investido R$ 10 mil no CDB acima. A taxa anual de 10% corresponde a uma taxa mensal de 0,79%, e a uma taxa diária de 0,026%. Pela marcação na curva, no primeiro dia depois da aplicação, você verá o seu CDB valendo R$ 10.002,6 (R$ 10.000 + 0,026%); no segundo, o valor será R$ 10.005,20, e assim por diante, com a taxa diária de 0,026% incidindo sobre o montante acumulado, até o vencimento.

Com a marcação na curva, o investidor tem previsibilidade em relação aos valores que resgatará no futuro. Porém, ela só é garantia quando se leva o título até o vencimento. Caso contrário, ele sofrerá os efeitos da marcação a mercado que, normalmente, diferem da taxa nominal do investimento, conforma veremos a seguir.

O que é marcação a mercado?

A marcação a mercado também atualiza diariamente os preços dos títulos de renda fixa. No entanto, essa atualização não ocorre em função da taxa contratada, mas sim das condições de mercado.

Usaremos o mesmo exemplo anterior para mostrar como funciona a marcação a mercado. Suponha que você tenha adquirido o CDB com taxa de 10% ao ano na data de hoje, pelo mesmo prazo de três anos. Passados alguns meses, o mesmo emissor do seu CDB lança outro título prefixado, também com vencimento em três anos mas com taxa de 12% ao ano. Com a nova remuneração, o papel que você comprou perdeu atratividade no mercado, pois a sua taxa é menor do que os 12% ao ano oferecidos hoje. Essa “desvalorização” do título é mostrada na marcação a mercado, ou seja, ela nada mais é do que o valor que os investidores estão dispostos a pagar no dia pelo ativo, independentemente da taxa originalmente contratada.

Mas atenção: se você levar o título até o vencimento, não terá nenhum prejuízo da remuneração, pois receberá os mesmos 10% que contratou inicialmente. O problema é se decidir resgatá-lo antecipadamente pois, para isso, precisaria existir algum investidor interessado no papel. E por que alguém iria adquirir um título com uma taxa menor do que a atualmente oferecida, e exatamente nas mesmas condições?

Como funciona hoje a marcação na renda fixa?

A partir de 2023, a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) determinou que bancos e corretoras passassem a mostrar nos extratos a marcação a mercado de alguns títulos de renda fixa. Atualmente, essa sistemática de cálculo é obrigatória para títulos privados – como debêntures, CRIs e CRAs – e títulos do Tesouro Direto adquiridos via tesouraria.

A justificativa da ANBIMA para essa exigência foi o fato de que, nos últimos anos, as ofertas de títulos privados aumentaram muito no mercado nos últimos anos. Além desses títulos não contarem com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), pois são emitidos por empresas privadas, e os seus vencimentos costumam ser longos. Por isso, a entidade entende que a marcação a mercado possibilita ao investidor o acompanhamento dos preços de forma mais fidedigna do que a marcação na curva.

Dá para perder dinheiro com a marcação na curva ou a mercado?

Como vimos anteriormente, o investidor que mantem o título até o vencimento garante a taxa acordada no início da aplicação, mesmo que, na data do resgate, o mercado estiver pagando menos por ele. O problema é fazer um resgate antecipado em condições de mercado desfavoráveis, por exemplo, quando o título é prefixado e os juros estão em trajetória de alta.

Ou seja, não é uma ou outra metodologia de cálculo do rendimento que fará você perder dinheiro, mas sim a movimentação errada de sua carteira. Com as regras da ANBIMA válidas a partir de 2023, o que mudou foi somente a forma de apresentação das taxas, e não a remuneração dos títulos. Para o investidor, o processo ficou mais claro em relação a como os preços evoluem com o passar do tempo e mediante determinadas condições do mercado.

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