O ano de 2022 marcou o recorde da renda fixa no Brasil, com volume de R$ 457 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O número representa um crescimento de 6,6% em relação a 2021, o maior da série histórica iniciada em 2012. Diante de uma Selic ainda alta e sem perspectivas de queda – ao menos no curto prazo – fica a pergunta: o que esperar da renda fixa em 2023?
“Mesmo com fatores desafiadores, o mercado doméstico de renda fixa mostrou a força e maturidade que já alcançou”, disse José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima, ao Estadão.
Na renda fixa, as debêntures lideraram as captações em 2022, atingindo R$ 271 bilhões. Ao todo, foram 98 emissões a partir de R$ 1 bilhão, sendo que o setor de energia elétrica foi responsável por 20% desse total.
Logo em seguida, tivemos os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), com R$ 50,3 bilhões; os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), com R$ 46,2 bilhões; as notas comerciais, com R$ 43,2 bilhões; os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), com R$ 40,8 bilhões e notas promissórias, com R$ 5,3 bilhões.
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Quais as perspectivas para a renda fixa em 2023?
Para a equipe da Terra Investimentos, a renda fixa permanecerá atrativa durante todo este ano, não só pelo atual patamar em que se encontra a taxa básica de juros, mas também pela perspectiva de um período de estabilidade mais longo e possibilidade de reajuste de alta.
Segundo Luis Novaes, analista da corretora, os principais fatores que baseiam essa perspectiva são: a incerteza sobre a nova regra fiscal, o aumento significativo de gastos públicos e a sugestão de revisão das metas de inflação pelo governo.
“Apesar de o governo prometer entregar a proposta do novo arcabouço fiscal até abril, ainda não há clareza sobre como será formulada a nova regra fiscal e se ela será eficiente no controle dos gastos públicos”, avalia Novaes.
Para o analista, a discussão sobre o primeiro ponto tem um peso maior, justamente pelo aumento significativo de gastos públicos do último governo e do atual, que conta com o apoio do Congresso. Essas decisões acabam gerando maior receio dos investidores sobre o equilíbrio das contas públicas, em um momento no qual não há uma regra fiscal estabelecida.
Selic e inflação
Novaes ainda observa que a sugestão de modificações nas metas de inflação por parte do governo para 2023 e próximos anos também eleva os questionamentos sobre a trajetória da inflação brasileira. Logo, isso atinge diretamente a expectativa em relação à Selic para os próximos tempos.
“Esses fatores foram chave para a deterioração expressiva das expectativas para a inflação vista nos últimos dias. Tudo isso culminou em uma perspectiva de alta para os juros brasileiros, ou ao menos, de manutenção durante todo o ano, postergando o início de ciclo de baixa apenas para 2024”, explica.
Oportunidades
Em linha com o mercado, a equipe da Terra Investimentos acredita que a expectativa é de que tenhamos, por um bom tempo, um cenário de juros resistente e níveis de inflação altos.
“Nesse contexto, há boas oportunidades no mercado de renda fixa, sejam esses títulos prefixados, pós-fixados ou atrelados à inflação, a depender do que seria mais adequado para o perfil e objetivo do investidor”, conclui Novaes.
Os títulos que acompanham a Selic são uma excelente opção, principalmente para o investidor mais conservador. Já os atrelados ao IPCA são boas alternativas para quem busca proteção contra a inflação, que promete ser persistente. Por fim, os títulos prefixados têm potencial para proporcionar maiores retornos, mas estão expostos às oscilações das variáveis macroeconômicas. Dessa forma, acabam sendo mais indicados para o investidor que suporta um grau de risco maior.