Quero iniciar este artigo com a seguinte frase: “A história não se repete, mas rima” – Mark Twain
O título do artigo deve ter assustado e muito os JÁ receosos agricultores brasileiros, não é?
Não é por menos, quem viu em tempo áureos (março/2022) os preços acima de R$ 200,00/saca, se depara agora com o mercado lutando sem sucesso para romper R$ 130,00/saca, mesmo após a boa melhora dos prêmios exportação nos últimos 30 dias.
Mas afinal, o que será que houve e está acontecendo?
Incentivados pela boa demanda internacional do grão e boas margens, os agricultores foram expandindo área, a fim de capturar esse BOOM…e a SOJA ficou POP! A área plantada no Brasil cresceu +33,4% em 7 safras.
Tamanho crescimento e representatividade trouxe um enorme salto de desenvolvimento e muita prosperidade para várias regiões do país (principalmente o interior de centro-oeste).
Até meados de 2022, a compra e venda de fazendas estava muito aquecida, assim como a venda de máquinas e implementos, expansão de revendas e também forte procura por arrendamento de área, pagando-se preços por hectare em certas ocasiões até questionáveis.
De lá pra cá, os preços vêm caindo (-22,7% em 2023 e -9,5% até 24/04/24) e o cenário atual é de cautela!
O número de pedidos de Recuperação Judicial por produtores rurais (pessoa física) com dificuldades financeiras no setor saltou de 20 casos em 2022 para 127 em 2023 (segundo o SERASA)! E nesse início de 2024 não está sendo diferente, estão aparecendo novos casos semanalmente.
As principais razões alegadas nas petições são: Problemas causados pela Pandemia, Aumento dos preços de fertilizantes (guerra Rússia e Ucrânia), Aumento na taxa de câmbio, Frustração de safra (Seca) e Queda dos preços das commodities.
Um dos motivos para a queda dos preços é a relação oferta/demanda. A produção mundial aumentou (21/22: 360,4 MM/ton; 22/23: 378,2 MM/ton e 23/24*: 396,8 MM/ton) assim como estoques finais (21/22: 93,09 MM/ton; 22/23: 101,31 MM/ton e 23/24*: 114,27 MM/ton). Se há aumento na produção/estoque e a demanda não acompanha, naturalmente os preços cederão.
Agora entra no radar outros fatores: Clima e eleições Norte Americanas.
Falando de clima, estamos em fase de plantio de soja nos EUA e até o momento a área semeada já ultrapassa 8% do total projetado (incluindo o aumento de área +4%). No mês de abril, o NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) indica que as chuvas podem ultrapassar a média histórica em várias regiões, o que beneficia o início de safra pela umidade do solo.
Se o mercado já precifica o cenário atual de soja (produção Brasileira, Argentina e estoques atuais) com preços não agradáveis aos produtores, imagine se vier uma boa safra norte americana? Pelo menos no curto prazo o clima aponta para isso.
Mas o que quero trazer aqui hoje é algo para analisarmos por outra ótica.
2024 é ano de eleição presidencial nos EUA, e atualmente as primárias indicam uma decisão final entre os candidatos Donald Trump e Joe Biden, com empate (46% de apoio cada e 37% cada incluindo os outros candidatos).
O que eu preciso chamar sua atenção aqui e fazer a ligação com a soja é o seguinte:
Existem boas chances do candidato Donald Trump levar as eleições, e não podemos descartá-las.
Vale a pena relembrar que em seu último mandato, Donald Trump acirrou uma guerra comercial com a China e aumentou a tarifa sobre alguns produtos chineses em 2018 e 2019.
A China em resposta retaliou os EUA tarifando em 25% a importação de soja americana e outros produtos.
OK! Mas se a soja americana fica 25% mais cara, isso é bom para o Brasil certo? Sim, em volume! Pois hoje competimos o mercado de soja mundial com os EUA (2º maior produtor). Porém, tem um detalhe que não pode passar despercebido…
A formação do preço de referência da soja no mundo é feita na Bolsa de Chicago (CBOT), é a partir dele que as tradings e outros players se balizam enquanto pagar em outras origens (com ágio ou deságio – a depender da oferta e logística).
E sabe o que aconteceu com a retaliação da China sobre a soja americana? Fizeram os preços caírem na CBOT…exatamente onde é formado o preço para o mundo.
Veja abaixo:
Um fato que precisamos estar atentos é que Donald Trump já mencionou em entrevistas neste ano (2024), que em caso de vitória na eleição presidencial irá taxar produtos chineses com tarifas que podem ultrapassar 60%! Será que a China vai retaliar novamente? Se sim, naturalmente podemos esperar queda nos preços na CBOT.
Independente deste cenário e visão política, vejo com preocupação algumas projeções otimistas de produtores e analistas. E está tudo bem! Afinal, assim como Jorge Paulo Lemmnan diz: “Prefiro ser otimista, não conheço muitos pessimistas bem-sucedidos”
Mas…chamo a atenção para a média de preços abaixo. No geral, a média de preços da soja (CBOT) é abaixo de US$ 10,00/bushel. A pandemia distorceu os preços da soja (assim como praticamente tudo) e a tendência é que retornem a média. E caso isso ocorra, poderemos ver soja abaixo de R$ 100,00/saca aqui no Brasil. Lembrando que durante a presidência de Trump, vimos soja cotada a US$ 8,00/bushel, o que equivaleria hoje próximo a R$ 90,00/saca.
O que pode alterar preços no curto/médio prazo:
- La Niña
O impacto do fenômeno climático pode alterar as condições das lavouras e alterar a produtividade/oferta mundial
- Dólar
A moeda tem se fortalecido frente a outros pares, principalmente após o aumento das tensões nas guerras (Rússia x Ucrânia e Israel x Irã) e percepção do mercado quanto ao ritmo de queda de juros pelo FED (Banco Central Americano)
- Oferta
Caso os preços continuem em tendência de baixa, o interesse dos produtores diminui e consequentemente a área plantada pode ser reduzida, levando a uma oferta menor do grão.
- Demanda
A China é o país que mais demanda soja externa, e o país chegou em certa estabilidade em volume de importação nos últimos anos, sendo necessário novos gatilhos para o aumento de tal. Lembrando ainda que a China colocou em prática alguns projetos que podem reduzir suas importações do grão nesta década, tais como: aumento da área de plantio de soja, programas para aumento da produtividade, crescimento mais lento da pecuária, redução do % de farelo de soja na alimentação animal entre outros
A mensagem final que quero deixar é da enorme importância de usar ferramentas de proteção de preços na comercialização. Ainda mais se existe a possibilidade de os preços continuarem em tendência de queda
Os derivativos – contratos futuros de soja e as opções (seguros de alta e de queda dos preços) são ferramentas práticas, ágeis e muito eficientes para a proteção de preços (hedge)
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