Na terça-feira (10 de janeiro) o Banco Mundial reduziu suas projeções de crescimento para 2023 de 3% para 1,7%. Segundo a entidade, a revisão para baixo é devido à inflação persistente, o que aumenta o risco de uma recessão global em 2023. A última projeção de crescimento divulgada pelo banco é de junho do ano passado.
Junto da alta generalizada de preços, temos ainda outros fatores que contribuem para a atual instabilidade da economia, como juros mais altos ao redor do mundo e a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia. Além disso, a alta de casos de Covid-19 na China pode vir a interromper cadeias produtivas que recém estavam se recuperando. Todo esse conjunto faz os indicadores macroeconômicos globais patinarem de forma geral.
De acordo com a agência Dow Jones, se a previsão do banco se confirmar, teremos em 2023 o terceiro menor crescimento da economia global de toda história. Nesse sentido, o indicador superaria somente os anos de 2009 e 2020, marcados por grandes crises econômicas.
- Recessão econômica: o que é e por que isso acontece
- Agronegócio brasileiro: quais as perspectivas para 2023?
- Reuniões do Copom: confira o calendário de 2023
Uma recessão global atingiria todos os países da mesma forma?
Não. Segundo o Banco Mundial, o maios ônus acaba recaindo sobre países emergentes, como o Brasil. Isso porque essas economias já têm pesados encargos de dívidas e fraco crescimento da renda. Além disso, o investimento empresarial também está desacelerando, pois a previsão é de uma taxa de crescimento anual de 3,5% até 2025, o que corresponde a menos da metade do ritmo dos últimos 20 anos.
“A fraqueza no crescimento e no investimento empresarial irá agravar as já devastadoras reversões na educação, saúde, pobreza e infraestrutura e as crescentes demandas das mudanças climáticas”, declarou o presidente do Banco Mundial, David Malpass.
- Taxa Selic e inflação: entenda a relação entre ambas
- Selic alta: afinal, isso é bom ou ruim para o seu dinheiro?
E qual a situação do resto do mundo?
Para alguns economistas, os Estados Unidos e alguns países europeus podem entrar em recessão ainda em 2023. Nesse sentido, o próprio Federal Reserve (Fed) destacou em sua última reunião do ano passado que enxergava esse risco, e confirmou a continuidade do aumento de juros no país.
Até o final de 2023, o Banco Mundial projeta aumento de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos. Por outro lado, a entidade não prevê crescimento do indicador para a Zona do Euro.
Para a Rússia, também há projeção de queda para 2023, na casa de 3,3%. Lembrando que em 2022 a redução do indicador foi de 3,5%, como resultado das sanções que continuam pesando sobre a economia do país.
Em 2022, o crescimento da China caiu para 2,7%, o segundo pior ritmo do país desde meados da década de 1970. De acordo com o Banco Mundial, as restrições sobre a política de Covid zero, a seca e a turbulência no mercado imobiliário atingiram a produção, o consumo e o investimento no país. Para 2023, está prevista recuperação de 4,3% na economia chinesa. No entanto, o valor está 0,9 ponto percentual abaixo da projeção de junho, por causa do enfraquecimento da demanda externa e dos problemas causados pela Covid, que ainda não está sob controle no país.
Por fim, a entidade observa que, no final de 2022, algumas pressões inflacionárias começaram a diminuir, em especial nos preços de commodities e energia. No entanto, adverte quanto à persistência da inflação alta e à possibilidade de novas interrupções de fornecimento. Se isso acontecer, pode motivar os bancos centrais a aumentarem ainda mais as taxas de juros, o que agravaria a desaceleração global.
(Fontes: Valor Investe e Portal Terra)