Safra de café 2023: quais as perspectivas para a produção brasileira?

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem mostra safra de café do Brasil
Imagem mostra safra de café do Brasil

Na segunda quinzena de janeiro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou o 1° levantamento da safra de café 2023. A estimativa da entidade é de uma produção de 54,9 milhões de sacas de café para este ano.

No anúncio dos números, o presidente da Conab, Guilherme Beiro, observou que, apesar de 2023 ser um ano de bienalidade negativa, a previsão para a presente safra de café é superior em 7,9% em relação à colhida em 2022. O dirigente ainda explicou que, do total estimado, 37,4 milhões de sacas serão de café arábica, volume 14% superior ao obtido em 2022, e 17,5 milhões correspondem a sacas de café conilon beneficiado, produção 3,8% inferior à do ano passado.

“Nas últimas safras, a estabilidade na área brasileira de café tem sido compensada pelos ganhos de produtividade, representado pela mudança tecnológica observada na produção cafeeira no país”, declarou Beiro.

Perspectivas para a safra de café 2023: principais estados produtores

Para o café arábica, a Conab estima inicialmente uma retomada de produção em Minas Gerais, principal estado cafeicultor brasileiro. Isso gera impactos positivos sobre a perspectiva nacional, mesmo com os efeitos da bienalidade negativa sobre muitas das regiões produtoras.

Segundo o superintendente substituto de Informações da Agropecuária da Conab, Rodrigo Souza, a área total produtiva do Brasil aumentou em relação ao ciclo passado. Além disso, também há uma estimativa de incremento na produtividade média, principalmente devido aos rendimentos médios esperados em Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

Quanto ao café conilon, a perspectiva para a atual temporada é de certa redução do potencial produtivo, depois de uma safra recorde em 2022. Isso porque eventos climáticos no Espírito Santo, principal estado produtor da espécie, tiveram forte impacto sobre as lavouras em fases iniciais do ciclo.

Para São Paulo, a expectativa é de que a produção de café arábica alcance 4,7 milhões de sacas, volume 7% superior no comparativo anual. Já a Bahia deve encerrar o ano com 3,6 milhões de sacas, sendo 1,2 milhão e 2,4 milhões de sacas das modalidades arábica e conilon, respectivamente, volume praticamente estável em relação a 2022.

Em Rondônia, a produção deve alcançar 2,9 milhões de sacas conilon, um crescimento de 5% em comparação à safra anterior. No Paraná, estado que só produz a modalidade arábica, a expectativa é de que o volume total atinja 733 mil sacas, 47% acima da produção de 2022.

No Rio de Janeiro, a estimativa é de produção de 260 mil sacas de café arábica, 12% abaixo da safra anterior. Em Goiás também deverá ocorrer queda na produção, com o estado entregando cerca de 233 mil sacas em 2023, volume 16% abaixo do ano passado. Por fim, em Mato Grosso, a previsão é de aumento de 2%, o que representa um volume total de 232 mil sacas.

Análise do mercado do café

Em 2022, o Brasil exportou 39,8 milhões de sacas, uma queda de 6,3% em relação ao ano anterior. De acordo com primeiro Boletim do Café de 2023, a queda na exportação ocorreu devido à menor taxa de câmbio no Brasil e à redução da oferta interna no período. Em 2022, a cotação média do dólar foi de R$ 5,16 no Brasil, valor 4,2% abaixo da média de 2021, o que acabou desestimulando o interesse pela exportação do produto.

O fenômeno La Niña também limitou a produção do café arábica nas safras de 2021 e 2022. Além disso, geadas ocorridas no inverno de 2021 também impactaram negativamente a produção do grão em 2022.

Em 2022, as exportações brasileiras de café alcançaram 145 países, sendo EUA e Alemanha os principais destinos em termos de quantidade, com 20% e 18%, respectivamente de participação. Bem atrás, vêm Itália (9%), Bélgica (8%) e Japão (5%).

Em termos de valores, a exportação de café em 2022 bateu US$ 9,2 bilhões, o maior número já registrado na série histórica da commodity, iniciada em 1997. Embora o volume exportado tenha sido menor, o alto preço do café no mercado internacional permitiu esse recorde, que representa um aumento de 45% em comparação à cifra de 2021.

Aumento da produção de café no Brasil impacta projeções internacionais

Para a safra 2022/2023, a estimativa de produção mundial de café é de 172,8 milhões de sacas. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), isso representa uma alta de 4% na comparação com a temporada anterior.

A principal razão dessa projeção é a recuperação da produção prevista para o Brasil, pois somos o maior produtor mundial de café. Imediatamente depois do Brasil nesse ranking, vêm Vietnã e Colômbia, e para ambos a previsão é de baixa na produção da safra 2022/2023.

Para o final da safra 2022/2023, o estoque global de café está estimado em 34,1 milhões de sacas. Isso corresponde a um aumento de 5% frente à safra anterior, mas ainda 3% abaixo da média das cinco safras passadas. Uma vez que o Brasil é o único país entre os maiores produtores que promete alavancar a produção, há preocupação no mercado em relação à oferta e, consequentemente, à sustentação dos preços.

Considerando o atual cenário, a perspectiva para 2023 é de que haja recuperação dos estoques, porém a velocidade com que isso ocorrerá não será suficiente para que os preços caiam. Se a safra de café 2023 do Brasil for maior, as exportações poderão ser favorecidas, mas muitos produtores ainda esperam pelo início da colheita para se posicionarem ativamente no mercado.

(Fontes: Conab e Agência Brasil)

Compartilhe:

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on pinterest
Share on telegram
Share on whatsapp
Share on email
Blog Terra Investimentos

Posts Relacionados