A pecuária brasileira tomou um susto no dia 22 de fevereiro deste ano, quando nos deparamos com a suspeita de novo caso de “vaca louca” no Brasil. Imediatamente, seguindo o protocolo comercial entre os países, as exportações de carne bovina à China foram suspensas. A confirmação foi feita por um laboratório especializado canadense, no dia 2 de março, de que esse era um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) – o mal da “vaca louca”. O caso confirmado apenas em um animal macho de 9 anos de uma pequena propriedade em Marabá, no Pará.
Garantido que não há riscos à saúde humana ou ao plantel nacional, no dia 23 de março, quase 1 mês após a suspensão das exportações, a China autorizou a retomada da importação de carne bovina brasileira. Os pecuaristas e a cadeia respiraram aliviados com a agilidade da retomada – em 2021 uma outra suspensão durou mais de 100 dias, o que impactou ainda mais o mercado do que desta vez.
Tal agilidade desta vez também se deu devido à crescente dependência que a China tem da carne bovina brasileira. De 2021, época do último caso, até 2022, a China havia DOBRADO a quantidade de importações. Essa relação deve se aprofundar ainda mais, visto que a China deverá continuar aumentando suas importações nos próximos anos.
Cenário da pecuária em 2023
O que observamos então é que de lá para cá os embarques normalizaram, porém, conseguiremos medir os impactos da paralisação melhor apenas no final de abril, quando veremos o impacto inteiro da retomada. O começo do ano tinha sido muito forte. De janeiro a fevereiro observamos um aumento nas importações da China em 22% em toneladas na comparação entre 2022 e 2023, porém isso se dava com um preço médio 4,2% menor em dólar. A queda frente o preço-médio de 2022 é ainda mais forte: ano passado, a China carregava estoques antigos de carne bovina à preço médio mais altos, atingindo um pico de US$ 7.300/ton em junho, e vem retomando as suas compras nos últimos meses a preço médio de “apenas” US$ 4.800 – 4.900/ton. Como fica o cenário da pecuária?
Do lado da demanda:
-A China é o nosso maior mercado, representando 52% de todas as exportações
-A demanda chinesa de outras proteínas, como frango e suínos, é apenas 5% suprida externamente
-Na carne bovina esse número salta para 27%, e um estudo feito pelo Rabobank mostra que este número pode saltar para 30% até 2030 (devido à limitação de oferta e aumento de demanda)
-A demanda interna brasileira ainda é considerada fraca, mas pode contar com recuperação sazonal após o carnaval e do período da quaresma, o que pressionaria os preços para cima
Do lado da oferta:
-O incremento de estímulos para descarte de fêmeas (principalmente as menos produtivas) devido à tendência de queda no preço do bezerro pressiona os preços no curto prazo
-Conseguiremos enxergar um reequilíbrio entre oferta e demanda apenas ao final no 2º trimestre
-A habilitação de 4 novas plantas para exportação: 2 em Rondônia, 1 em Espírito Santo e 1 no Paraná tende a pressionar um pouco mais o mercado, principalmente ao padrão exportação. Desde 2019 não se habilitavam novas plantas para a China
-A visita do ministro da agricultura brasileiro à China também é um fator, visto que a comitiva nacional levou para as autoridades responsáveis chinesas uma lista de 50 plantas frigoríficas que cumprem os protocolos acordados e estão aptas à exportação
-Há conversas sobre um novo modelo de habilitação (pré-listing) onde a responsabilidade fica sobre o país exportador. Esse modelo somente os EUA possuem hoje
Temos então, um cenário da pecuária que combina aumento da oferta pressionando para baixo os preços, junto com uma demanda da China a preços médios menores nos últimos trimestres dificultando um otimismo esperado com a reabertura das exportações. Vale ressaltar a importância neste momento de uma melhor gestão de custos e uma efetiva gestão de comercialização.
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