Os principais destaques da última semana incluíram diversos pontos de interesse na economia e na política. O mais recente Boletim Focus, por exemplo, apontou expectativas significativas para o ano de 2023. Ele prevê que o IPCA ficará em 6,03%, o PIB terá um crescimento de 1,02%, o câmbio será de R$ 5,20 e a taxa Selic será de 12,5%.
Em relação ao cenário internacional, a produção industrial na zona do euro recuou 4,1% em março em comparação a fevereiro. Continua ainda o impasse sobre o possível calote da dívida nos Estados Unidos, caso um novo teto da dívida não seja aprovado.
No ambiente político brasileiro, o relator apresentou na Câmara dos Deputados alterações na proposta de alguns gatilhos, que devem ser votados nesta semana. Já a Petrobras anunciou uma redução nos combustíveis e uma nova política de preços.
Houve também o anúncio de que a Venezuela pretende pagar suas dívidas com o Brasil com petróleo e fornecendo energia elétrica para o Estado de Roraima. Além disso, a inflação na Zona do Euro atingiu 7%. Por fim, foram confirmados casos de gripe aviária em aves no Brasil, o que despertou preocupações no setor de proteínas.
Preços Esalq
Commodity | Média Semanal |
Soja | R$ 137,92 |
Milho | R$ 57,53 |
Café | R$ 1.044,00 |
Boi | R$ 267,89 |
Açúcar | R$ 149,13 |
Etanol | R$ 2,4619 |
Dólar | R$ 4,998 (Cotação Sexta-feira) |
Soja
O mercado encerrou a semana com uma forte desvalorização na CBOT, onde o bushel (equivalente a 27,216kg) de soja foi negociado a US$ 13,33, o que representa uma queda de 7,1% em relação à semana anterior.
Na sexta-feira, 19 de maio, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou as estimativas para a safra de 2023/24, apresentando um cenário de recuperação da oferta mundial. Segundo o USDA, a produção de soja deve aumentar 11%, enquanto o consumo pode crescer 6% e os estoques mundiais têm potencial para aumentar em 21%.
O ritmo de plantio nos Estados Unidos tem sido acelerado e já alcançou 49% da área total projetada para a safra, um valor consideravelmente acima da média dos últimos cinco anos, que é de 36%.
No Brasil, o mercado seguiu a tendência internacional. Em Sorriso-MT, a soja foi cotada a R$ 110 por saca, apresentando uma queda de 2,5% em relação ao valor anterior.
Milho
O mercado de milho também sofreu impactos decorrentes do relatório do USDA, apresentando uma queda de 12,3% na CBOT na semana, com o bushel (25,40kg) cotado a US$ 5,54.
Em um cenário favorecido pelo fenômeno El Niño, que promete beneficiar a safra norte-americana no segundo semestre, o USDA projeta um aumento de 11% na produção de milho nos Estados Unidos em relação à safra anterior, alcançando 388 milhões de toneladas. Atualmente, já foram semeados 65% da área total prevista, um percentual superior à média dos últimos cinco anos, que é de 59%.
A situação no Brasil segue a mesma tendência. Devido à fraca demanda e à expectativa de uma grande oferta da safrinha, o grão registrou uma queda de 4,67% na semana, conforme apontado pelo CEPEA, sendo cotado a R$ 56,04 por saca.
Café
Na última semana, o café arábica negociado em Nova York apresentou recuperação, com um aumento de 3,23% nas cotações para o vencimento de julho de 2023.
No Brasil, o grão seguiu a mesma tendência, com um aumento de 2,21% na semana, de acordo com os dados do CEPEA. A valorização do dólar e os indicadores internacionais favoráveis foram os principais fatores que sustentaram os preços.
Além disso, o café robusta também tem se mantido estável no mercado. Ao longo do mês, as cotações do grão registraram uma valorização de 2,5%, sendo cotado a R$ 684,73 por saca.
Proteínas
Um dos destaques do setor de proteínas na última semana foi a confirmação, pelo Ministério da Agricultura, de dois casos de gripe aviária em aves silvestres.
A situação elevou a preocupação quanto a uma possível contaminação em sistemas comerciais, como granjas. Contudo, essa situação não impactou as exportações, uma vez que o Brasil ainda é considerado livre dessa doença no segmento comercial/industrial.
No que diz respeito aos preços, o frango resfriado em São Paulo registrou queda semanal de 1,3%, enquanto os suínos apresentaram retração de 1,5%.
Na pecuária, também se observou uma queda nos preços. O boi gordo, segundo o CEPEA, teve uma diminuição de 3,28% na semana.
Com a oferta em um patamar confortável, a indústria tem conseguido definir preços mais baixos e garantir escalas não só em São Paulo, mas também em outros estados.
No mercado futuro, o impacto foi ainda mais intenso. O contrato para maio de 2023 registrou queda de 4,51%, enquanto o contrato para outubro do mesmo ano caiu 5,35% na semana.
Por outro lado, o preço do bezerro, no Mato Grosso do Sul, aumentou 3,21% na semana, sendo cotado a R$ 2.352,30. A queda no preço do boi magro, aliada aos preços do milho, tem estimulado os pecuaristas que planejam realizar a terminação de forma intensiva (confinamento), com perspectivas de margem melhor do que a observada em 2022.
Açúcar & Etanol
O açúcar, negociado em Nova York, fechou a semana cotado a 25,61 centavos de dólar por libra-peso, o que representa uma queda de 2,3%. Essa desvalorização pode estar relacionada à realização de lucros por parte de fundos especulativos que estabeleceram posições estratégicas no mercado.
No caso do etanol, houve importantes desenvolvimentos durante a semana. Na terça-feira, 16 de maio, a Petrobras anunciou uma nova política de preços para a gasolina, abolindo a paridade internacional. Esta mudança, somada à redução média do preço da gasolina em R$ 0,40 por litro nas distribuidoras e à intensificação da colheita de cana-de-açúcar na região centro-sul do Brasil, resultou em uma queda nos preços do etanol.
Na cidade de Paulínia, de acordo com o CEPEA, o etanol foi cotado a R$ 2,4619 por litro, o que representa uma queda semanal de 6,65%.