Em uma semana repleta de eventos importantes, a cautela foi o sentimento predominante no mercado. Assim, o índice brasileiro terminou a semana desvalorizado. As atenções dos investidores locais estavam voltadas para o COPOM, não com relação à sua decisão sobre a taxa de juros, algo que já era dado como certo pelo mercado, mas a forma que seria abordada a significativa deterioração das expectativas de inflação no comunicado do BC.
A política monetária também foi foco no hemisfério norte, com deliberações do FED e BCE. A postura mais branda, especialmente da autoridade americana, gerou um movimento de alta durante a semana até ser limitado pela divulgação de dados do mercado de trabalho.
Cenário Brasileiro
A manutenção da taxa de juros brasileira, a Selic, pelo COPOM, era amplamente esperada pelo mercado. A grande dúvida era como o BC iria reagir à desancoragem das expectativas de inflação para os próximos anos vista nas últimas semanas. E essa reação não foi positiva, pois a mensagem do BC abre a possibilidade de que a taxa seja mantida durante todo o ano de 2023. Tal mensagem fez com que o presidente Lula voltasse a criticar a condução da política monetária e metas de inflação, afirmando que as atuais metas não condizem com a realidade brasileira e que, ao fim do mandato de Roberto Campos Neto, a independência do BC será avaliada.
Cenário Internacional
Assim como no Brasil, a mensagem do FED era o mais importante, já que a decisão sobre os juros era vista como certa. Jerome Powell, presidente da instituição, admitiu que a inflação americana apresenta sinais de desaceleração, mas reiterou o compromisso em levar os índices de preços à meta. Para o mercado, essa foi uma ótima mensagem, acarretando uma reação positiva nos mercados globais. Na Europa, também tivemos alta nos juros, além de uma sinalização clara de um novo aumento de igual magnitude no próximo encontro. Apesar da incerteza sobre a trajetória dos juros e seus impactos, os mercados europeus compartilham do otimismo americano.
Na Carteira Semanal Top 5 não realizamos nenhuma alteração nessa semana.
Em 12 Meses, a Carteira apresenta uma valorização de 21,62% ante o Ibovespa com baixa de 1,57%. Em 2023, houve uma valorização de 4,78% ante o Ibovespa com alta de 0,37%.
Noticiário Internacional
– Fundo Soberano da Noruega, o maior do mundo, registro retorno negativo de 14,1% em 2022. Segundo o Norges Bank, houve um efeito negativo da guerra na Europa tanto no mercado de ações quanto no mercado de títulos.
– Federal Reserve aumenta taxa básica de juros da economia americana Fed Funds em 25 pontos-base, para 4,50% a 4,75% ao ano, como o esperado pelo mercado
– Powell destacou em seu discurso que, apesar de ainda ser necessário novos aumentos de juros, a sinais positivos que de a inflação pode retornar a meta.
– Relatório de empregos dos EUA registrou criação de 517 mil empregos em janeiro, em termos líquidos, segundo Departamento do Trabalho. O resultado foi significativamente maior do que o esperado, em 190 mil empregos.
– Secretário de Estado, Antony Blinken, adiou sua visita à China, que estava prevista para sexta-feira, após autoridades americanas identificarem um balão chines e classificarem o ato como uma “clara violação” da soberania americana.
Noticiário Nacional
– Setor público consolidado registrou um superávit primário de R$ 125,994 bilhões em 2022, melhor fechamento anual desde 2011. O saldo acumulado em 12 meses corresponde a 1,28% do PIB.
– Balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 2,716 bilhões em janeiro. O saldo foi alcançado a partir de US$ 23,137 bilhões em exportações e US$ 20,420 bilhões em importações.
– COPOM decidiu pela manutenção da Selic em 13,75%. Apesar disso, o comunicado do BC abordou a deterioração de expectativas sobre a inflação para os próximos anos e sinalizou que pode não haver corte de juros ainda esse ano.
– Presidente Lula afirmou que o governo irá construir um novo regime fiscal para ser entregue ainda no primeiro semestre para votação no Congresso, contando com regras que assegurem previsibilidade e credibilidade ao Brasil.
– Presidente Lula voltou a criticar a atuação do BC e metas de política monetária, afirmando que não vê uma razão para os juros permanecerem no patamar que estão e que pode cobrar explicações ao BC. Lula classificou as atuais metas de inflação como um exagero e que vai esperar o fim do mandato de RCN para “fazer uma avaliação do que significou o BC independente”.