A primeira semana do ano foi marcada pela alta volatilidade no mercado. As declarações do presidente Lula em seu discurso de posse levantaram dúvidas sobre o equilíbrio fiscal do País nos próximos anos, ao indicar que o novo governo terá uma postura desenvolvimentista e de maior participação do Estado na economia.
Os investidores internacionais se mostram preocupados com a possibilidade de desaceleração econômica expressiva no hemisfério norte, levando os mercados a registrarem também uma alta flutuação de preços. Após fazer flexibilizações significativas em sua política de combate a Covid, a China sofre com os novos surtos do vírus. Ainda assim, demonstra estar comprometida com a retomada de crescimento do país.
Na Carteira Semanal Top 5 não realizamos nenhuma alteração nessa semana, continuando com Totvs (TOTS3), Marfrig (MRFG3), Vibra (VBBR3), Usiminas (USIM5) e SLC Agrícola (SLCE3). Em 12 Meses, a Carteira apresenta uma valorização de 25,26% ante o Ibovespa com alta de 6,57%. Enquanto na semana passada o Ibovespa teve queda de 2,35%, nossa carteira teve um desempenho superior, registrando uma queda de apenas 1,11%.
Cenário Brasileiro
O discurso da posse do presidente da República, Lula, gerou uma reação negativa no mercado no início da última semana. Suas sinalizações de que o governo terá uma postura desenvolvimentista, contando com maior participação do Estado na economia e empresas públicas com indutoras de crescimento, tornou os investidores receosos com o possível desequilíbrio das contas públicas e efeitos negativos nos mercados de capitais, além das críticas diretas à âncora fiscal brasileira, o teto de gastos. Durante a semana, ministros e representantes do governo agiram para que esse sentimento negativo do mercado se dissipasse.
Cenário Internacional
Nas últimas reuniões do Federal Reserve, um dos argumentos para as altas de juros foi a robustez do mercado de trabalho americano, que ainda apresentava aumento nos salários apesar da política monetária restritiva, impulsionando a inflação do país. Assim, os investidores aguardaram seus divulgação na sexta-feira após semana variação nos mercados. Apesar da indicação de que o mercado permanece forte, os salários demonstram desaceleração do crescimento, corroborando com a visão de que o Federal Reserve pode diminuir ainda mais o ritmo de alta de juros. A China sinalizou que poderá dar início a novas medidas que estimulem a economia, indicando retomada do foco no crescimento econômico após controle rígido a Covid-19.
Confira o que foi Manchete na semana
Noticiário Internacional
– Apesar dos novos surtos, investidores estariam otimistas com relação à incentivos ao setor imobiliário chinês, o que poderia impulsionar o crescimento do país novamente.
– Economistas consultados pela Financial Times, estimam que o aumento de taxa de juros na Europa deve ter um efeito negativo em países com dívidas elevadas. A Itália seria o país com o maior risco.
– EUA criam 223 mil empregos em dezembro, acima do projetado de aumento em 210 mil empregos, e a taxa de desemprego caiu a 3,5%. Salário médio por hora cresceu 0,27% em dezembro ante novembro, abaixo do estimado, o que alivia as preocupações sobre uma postura agressiva do FED na próxima reunião.
– China e Pfizer estariam conversando para que uma licença fosse garantida para que farmacêuticas locais produzissem e distribuíssem uma versão genérica do antiviral Paxlovid, usado contra o vírus Covid-19.
– Alemanha e Estados Unidos confirmaram que vão enviar veículos blindados à Ucrânia após pedido feito pelo presidente Volodymyr Zelensky por telefone às autoridades dos países em questão. França já havia anunciado o fornecimento de veículos de blindagem leve no início da semana.
Noticiário Nacional
– Em seu discurso como presidente da República empossado, Lula deu indícios de que seu governo terá uma postura mais desenvolvimentista. Prometeu também rever políticas mais liberais realizadas nos últimos dois governos, como a reforma trabalhista e as privatizações de estatais, além disso, classificou o teto de gastos como “estupidez”.
– Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou compromisso em enviar ao Congresso proposta de nova âncora fiscal já no primeiro semestre desse ano. Haddad também criticou a desoneração de impostos federais do setor aéreo, e estimou um impacto de até R$ 15 bilhões.
– Discurso do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconhecendo que a “instância política” da Presidência será responsável por dar a última palavra trouxe uma reação negativa ao mercado, ao levantar dúvidas sobre seu poder de atuação no equilíbrio fiscal.
– Presidente Lula, em sua primeira reunião ministerial do seu terceiro mandato, disse que é possível “crescer com responsabilidade e distribuição de renda”. Lula afirmou também que o governo precisa do Congresso, e não o oposto, além de que será exigente com seus ministros.