As renovadas preocupações dos investidores quanto ao risco fiscal em razão das medidas propostas pelo governo eleito levaram o mercado a registrar mais uma semana de desempenho negativo. O governo eleito se mostrou comprometido em retirar os programas sociais de transferência de renda do teto de gastos por um período maior do que um ano, gerando um receio ainda maior dos investidores quanto à estabilidade fiscal nos próximos anos.
A força demonstrada pela economia americana, fortalecida pelos últimos indicadores, incentivou os dirigentes do Fed a se posicionarem a favor da manutenção da postura agressiva da instituição. As autoridades chinesas devem optar pelo conservadorismo na projeção de crescimento do próximo ano, em linha com a aceleração menor da economia nos últimos trimestres.
Cenário Brasileiro
A reação negativa do mercado após o primeiro esboço da proposta que previa os gastos com programas sociais fora do teto fiscal não fez com que a equipe do atual governo pensasse em recuar. O presidente eleito, Lula, afirmou que o país não pode optar pela responsabilidade fiscal em detrimento da responsabilidade social e que deveríamos ter paciência para lidar com os impactos no mercado.
Novamente, o mercado reagiu de forma negativa, acompanhado até mesmo de grandes nomes da economia brasileira que estiveram do seu lado durante a campanha, que se opuseram ao discurso do presidente e reiteraram a importância da estabilidade fiscal. Já para o fim da semana, a equipe de transição mudou sua postura, afirmando que, apesar da proposta, o governo eleito tomará medidas visando a responsabilidade fiscal.
Cenário Internacional
Em respostas aos sinais de resistência da economia americana nas últimas semanas, os dirigentes do FED, voltaram a destacar o comprometimento da autoridade monetária com o combate à inflação e que decisão na próxima reunião, no início de dezembro, deve ser firme nesse sentido. O novo governo do Reino Unido anunciou o plano fiscal de grande repercussão nos últimos meses, mas com uma face muito diferente do previsto pelo governo anterior.
Ainda sem uma definição sobre a manutenção da política de restrições a Covid-19 na China, especulações surgem sobre a projeção de crescimento da potência asiática, e essas indicam que a segunda maior economia no mundo não deve recuperar seu ritmo de crescimento acelerado já no próximo ano.
Na Carteira Semanal Top 5 não realizamos nenhuma alteração nessa semana.
Em 12 Meses, a Carteira apresenta uma valorização de 27,13% ante o Ibovespa com alta de 6,56%.
Confira o que foi Manchete na semana
Internacional
– Ministro das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, anunciou o novo plano orçamentário contendo aumento de impostos e restrições à gastos públicos. Hunt afirmou que medidas são necessárias para recuperar reputação do país e para prevenir que uma desaceleração econômica maior nos próximos anos.
– Ministro de Infraestrutura da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov, afirmou que o acordo de exportação de grãos será estendido por 120 dias. OTAN e Polônia atribuem disparo de mísseis que atingiu território polonês e matou duas pessoas à Ucrânia e isentam Rússia de autoria do ataque.
– Presidente do BoJ, Haruhiko Kuroda, reiterou que a autoridade japonesa precisa seguir com seu programa monetário acomodatício para sustentar uma economia frágil.
– China deverá estabelecer meta de expansão do PIB inferior a 5% para 2023. O país estabeleceu a meta de crescimento em 5,5% para esse ano, porém, o crescimento foi apenas de 3% até o momento.
– Dirigentes do FED sinalizam para uma postura ainda agressiva da autoridade monetária, alegando que as taxas ainda não estão efetivamente altas para lidar com o avanço dos preços.
Nacional
– Equipe de transição apresentou PEC com pedido de R$ 175 bilhões em programas sociais fora do teto e que 40% das receitas extraordinárias sejam destinadas para investimentos, totalizando R$ 197 bilhões além de gastos que poderão ocupar o espaço aberto no orçamento. A PEC não define prazo ou detalhamento, que serão determinados na LOA, segundo Alckmin.
– Ex-presidente do BC, Henrique Meirelles, defendeu a licença para gastos com programas sociais no próximo ano, desde que mantivesse um limite claro para os gastos governamentais, caso contrário, o Brasil corre o risco sério de enfrentar recessão sem âncora fiscal.
– Lula, voltou a criticar o fiscal em detrimento do social. “Se não resolvermos problemas sociais, não vale a pena recuperar esse país. Não adianta só pensar em responsabilidade fiscal, temos de pensar em responsabilidade social”, afirmou.
– Economistas Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, Edmar Bacha, ex-presidente do BNDES e Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda, escreveram carta alertando Lula sobre os riscos ficais em razão da PEC e negaram “conspiração para desmontar a área social”.
– Fernando Haddad ganha força como o nome para assumir o ministério da Fazenda no próximo ano. Membros da comitiva petista que foi à COP27 retornaram do Egito com a sensação de que o ex-ministro será o escolhido pelo presidente Lula.