Em 2023, o PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio brasileiro deve se manter em uma faixa de estabilidade até crescimento de 2,5% em comparação a 2022. De acordo com a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), isso se deve principalmente aos custos de produção, que devem se manter elevados, e à tendência de queda nos preços das commodities agrícolas no mercado internacional.
No entanto, mesmo com a perspectiva menor de crescimento para o ano que vem, o resultado mostra uma recuperação em comparação ao PIB do agronegócio de 2022. Isso porque, depois de registrar recordes em 2020 e 2021, a expectativa é de recuo de 4,1% neste ano.
Somente em 2022, os preços de fertilizantes e defensivos mais do que dobraram, sendo essa a principal causa da queda do PIB do setor neste ano apontada pela CNA. Segundo a entidade, a redução da produção de soja e cana-de-açúcar, itens importantes do agro brasileiro, também ajudaram a pressionar o PIB para baixo em 2022.
A entidade destaca o impacto dos custos também na pecuária. Isso porque os aumentos de suplemento mineral e ração se mantiveram elevados.
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Balanço do agronegócio brasileiro em 2022
Em 2022, o Valor Bruto da Produção (VBP), deve atingir R$ 1,3 trilhão, aumento de 2,2% em relação a 2021.
No setor agrícola, a receita deve alcançar R$ 909,3 bilhões, valor 3,3% superior ao do ano passado. Já na pecuária, a estimativa é de estabilidade para este ano, com receita total de R$ 448,5 bilhões. Os itens que mais têm peso no VBP são a carne bovina, a soja e o milho. Juntas, essas cadeias produtivas correspondem a quase 60% do indicador.
Em relação às exportações, os produtos agropecuários brasileiros totalizaram US$ 148,3 bilhões, 23% acima do que foi exportado em 2021. De janeiro a novembro deste ano, o agronegócio representou 48% do comércio exterior do Brasil. De acordo com a CNA, os principais produtos exportados foram carne bovina, soja em grãos, farelo de soja, milho e açúcar bruto.
Segundo Sueme Mori, diretora de relações internacionais da entidade, uma excelente notícia em 2022 foi a conclusão do acordo das negociações com Singapura. Essa foi uma das 49 aberturas de mercado do agronegócio brasileiro em 2022.
“Esse é o primeiro acordo que o Mercosul fecha com países da Ásia. Singapura não é um mercado muito grande, mas é significativo”, informou.
Cenário para o agronegócio em 2023
Para a CNA, 2023 será um ano marcado por desafios e de crescimento mais lento, tanto no cenário interno quanto externo.
Do lado doméstico, a entidade alerta para incertezas sobre o controle de gastos públicos e a condução da política fiscal. No segundo aspecto, questões tributárias deverão impactar os custos do agronegócio brasileiro.
Outro aspecto que afetará os custos do agronegócio brasileiro é a taxa Selic, que deve se manter alta durante todo o próximo ano. Por outro lado, na avaliação da entidade, o crédito privado deve se consolidar como alternativa de financiamento do produtor para as próximas safras.
Em relação às principais commodities, a CNA prevê aumento na produção de soja, o que pode ocasionar queda no seu preço em 2023. Para o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, o trigo deve ser a commodity que terá preços maiores, principalmente pela impossibilidade de os países produtores na União Europeia ampliarem a sua produção.
“Além disso, gastos mais elevados por conta do contexto da guerra entre Rússia e Ucrânia podem impactar ainda mais os custos e a produção” observou Lucchi.
(Fontes: Canal Rural e Brasil 61)