Perspectivas para o mercado de carne bovina em 2023

Tempo de leitura: 3 minutos

Imagem mostra bois no pasto e o mercado de carne bovina
Imagem mostra bois no pasto e o mercado de carne bovina

A carne bovina está entre os principais produtos do agronegócio e da pauta de exportações brasileira. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia (Secex), as exportações totais do setor somaram US$ 13 bilhões e movimentaram 2,3 milhões de toneladas. Os valores representam um crescimento de 42% na receita e 26% no volume em relação a 2021, e estão entre os maiores da série histórica nacional.

E para 2023, o que esperar desse mercado? Será que o Brasil manterá o bom desempenho, ou o consumo e exportação de carne bovina serão impactados pelo conturbado cenário econômico e perspectivas de uma recessão global? A seguir, confira o que especialistas pensam a respeito.

Mercado de carne bovina: perspectivas para 2023

Em seu relatório de janeiro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para cima alguns números publicados em outubro de 2022. As novas projeções apontam para 3,53 milhões de toneladas equivalente carcaça (tec) importadas pela China, um acréscimo de 2,2% em relação ao ano passado.

Tradicionalmente, o consumo chinês de carne bovina ocorre mais em restaurantes. Logo, a derrubada dos lockdowns e a expectativa de recuperação da economia no país contribuem para aumentar a expectativa de compras do produto.

A tabela abaixo mostra os dados de importação de carne bovina pelos principais países compradores, em milhões de tec, entre 2019 e a expectativa para 2023, de acordo com dados do USDA:

(Imagem: Farmnews)

A atual situação dos Estados Unidos também impactará o cenário global em 2023. Para este ano, espera-se que a produção de carne bovina caia 6,5% no país, que, além de exportador, é um grande comprador do produto.

No ano passado, os EUA venderam 75 mil tec. a mais do que importaram. Porém, com a queda nas exportações prevista para 2023, as importações norte-americanas deverão superar as exportações em 140 mil tec. Além da menor oferta de gado esperada para os próximos anos, o dólar valorizado globalmente também fortalece esse movimento.

Outros dois países que merecem destaque no atual cenário da carne bovina são Argentina e Austrália. No caso dos vizinhos, espera-se redução nas exportações de, aproximadamente, 7% em 2023. Em relação à Austrália, a projeção é de aumento de 21% nos embarques, devido à recuperação dos abates no país. Além disso, espera-se incremento de 16,6% na produção de carne de janeiro até dezembro deste ano.

Brasil: perspectivas para exportações e mercado interno

Se a estimativa do USDA se confirmar, a exportação brasileira de carne bovina deverá alcançar novo recorde. De acordo com as projeções do órgão, o volume exportado pelo Brasil poderia alcançar 3 milhões de toneladas em 2023.

Além do Brasil e Austrália, todos os demais países exportadores devem apresentar queda nas vendas neste ano. No caso do mercado brasileiro, o crescimento deve-se principalmente à retomada de compras da China, que deve acelerar o ritmo em comparação ao ano passado.

Em relação ao mercado interno, o Rabobank projeta um aumento no consumo para 2023, por causa da queda do preço para o consumidor local.

De acordo com o banco, fatores como a queda do preço dos bezerros e recuperação dos estoques de boi magro e boi gordo contribuirão para o aumento da produção brasileira de carne bovina. Nesse sentido, a estimativa é de aumento de 2% em relação a 2022, com o Brasil atingindo o patamar de 10,5 milhões de toneladas.

Esse aumento de produção deverá ser responsável pela redução do preço da carne no mercado interno. Além disso, o banco prevê que frigoríficos de médio e pequeno porte se recuperem da crise, o que também contribuirá para o maior volume de carne disponível no mercado.

Somando as estimativas para frangos e suínos, o Brasil deve atingir a quarta posição no ranking de exportadores de carnes em 2023, responsável por 25% das exportações mundiais de proteína animal. Outro fator que pode favorecer a demanda pela carne brasileira são problemas de produção nos EUA e Europa, que sofreram com surtos de gripe aviária e com a guerra entre Rússia e Ucrânia. Lembrando que o aumento dos preços da energia na Europa também diminuiu o excedente de exportações da região.

(Fonte: Canal Agro)

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