O segundo corte consecutivo dos juros, que levou a taxa básica a 12,75% ao ano nesta quarta-feira (20) confirmou o que todo o mercado já esperava: ao que tudo indica, o novo ciclo da Selic em queda veio para ficar.
“A discussão agora é onde a Selic vai parar”, disse o economista Paulo Gala ao portal Metrópole dias antes do colegiado deliberar sobre o novo patamar dos juros. Para ele, nem mesmo a aceleração do IPCA-15 em agosto – considerado a prévia da inflação oficial brasileira – faria com que o Banco Central mudasse a trajetória da Selic nos próximos meses.
“Provavelmente, surgirá uma discussão sobre o nível final da taxa de juros, com alguns diretores defendendo 10% e outros defendendo 9% ou 9,5% ao ano”, avalia o economista.
No comunicado divulgado ao final da reunião do dia 20, o Banco Central indicou que deverá manter o ritmo de corte de juros em 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. Mas há quem acredite que a magnitude da queda da Selic possa se intensificar, já sob o efeito da troca da diretoria do BC até o final de 2024.
Como investir com a Selic em queda?
À primeira vista, juros em queda podem dar a sensação de que o momento da renda fixa já passou (ou está passando), e o investidor tende a olhar imediatamente para a bolsa e outros ativos de renda variável. No entanto, esse não é o caso hoje, pois os juros reais da economia brasileira ainda continuam muito altos.
Com a Selic em 12,75% ao ano, o Brasil apenas sai da liderança de maior taxa de juros e passa para o segundo lugar, logo atrás do México. Até então, estávamos no topo do ranking do dinheiro mais caro do mundo desde outubro de 2022, segundo levantamento feito pelo Portal MoneYou.
Renda fixa isenta de Imposto de Renda
Ou seja, não é hora de sair correndo e abandonar a renda fixa, pois a remuneração ainda é bastante atrativa. O que especialistas aconselham é uma seletividade maior dos papéis, com foco, por exemplo, nos ativos isentos de Imposto de Renda, para manter a rentabilidade da carteira.
“O juro caiu, mas continua estratosférico. Essa queda é marginal e eu não mudaria as alocações de renda fixa com base nela. Esses Investimentos continuam uma ótima opção, especialmente os isentos de Imposto de Renda”, disse Jayme Carvalho, da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), ao Valor Econômico.
Títulos atrelados à inflação
Indicadores recentes mostram que a inflação veio abaixo do esperado (0,23% contra projeção de 0,28% para agosto). Além disso, a tendência é de queda dos preços, principalmente de serviços, que estão entre os principais componentes que motivam as decisões do BC sobre os juros.
No entanto, não dá para descuidar da proteção do dinheiro, principalmente no longo prazo, e daí a importância de ter parte da carteira em investimentos atrelados à inflação. Outro aspecto a considerar é que alguns fatores que mexem com os preços não estão relacionados à política monetária, pois são fortuitos.
Um exemplo é a recente alta do petróleo, que beira hoje os US$ 100, motivada por questões de oferta. Dependendo do quanto essa alta se sustente ou avance, isso poderá afetar as cadeias produtivas em todo o mundo, pressionando a inflação de custos. Por isso, mesmo quando temos uma inflação de curto prazo sob controle, sempre é bom olhar para ativos indexados a algum índice inflacionário, como o Tesouro IPCA+ e outros de renda fixa.
Ações de crescimento e setores cíclicos
Períodos de Selic em queda naturalmente favorecem a bolsa. Mas alguns títulos acabam se destacando mais neste cenário, como os de setores cíclicos e companhias com potencial de crescimento.
Luis Novaes, analista da Terra investimentos, destaca seis setores da bolsa nos quais vale a pena ficar de olho em tempos de juros mais baixos: construção civil, serviços médicos, shopping centers, varejo, energia e bancos. A análise completa de nossa equipe de Research você pode conferir no link abaixo:
