Soja safra 2023/2024: para onde vai o preço?

Tempo de leitura: 6 minutos

soja safra 2023 2024
soja safra 2023 2024

Em algum momento dos últimos anos, você já deve ter se deparado com os noticiários falando sobre a soja. Não é à toa que tem ganhado cada vez mais os holofotes do agro brasileiro e do mundo e, por isso, hoje falaremos sobre a safra soja 2023/2024.

Atualmente, estamos em pleno plantio do grão, e os efeitos do El Niño estão sendo monitorados mundialmente em tempo real.  

Os maiores produtores mundiais de soja são Brasil, EUA, Argentina, China e Índia (nesta sequência), mas com um detalhe: o Brasil produz aproximadamente 39% a mais do que os EUA e 239,5% a mais do que a Argentina! Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), os principais destinos da exportação de soja de 2023 foram: China (72%), Argentina(4%), Espanha(3%), Tailândia(2%), Irã(2%) e demais países (17%). 

As perspectivas de boa demanda global e boas margens da oleaginosa fizeram com que a área cultivada no Brasil saísse de 30,17 MM/hectares em 2013 para 45,3 MM/hectares em 2023/24 (segundo a CONAB) – incrível aumento de 50% em 10 anos, espalhados por todas as regiões do país. Era de se esperar que, atraídos por bons preços e boas margens, os produtores ampliassem a área plantada.

Durante o período do gráfico acima, os preços da saca se comportaram da seguinte forma: 

O Brasil notadamente vem se superando a cada safra e alcançando recordes de produção e produtividade. Segundo o USDA (Departamento Agrícola Norte Americano), o recente histórico e projeções mundiais sobre a soja é o seguinte:

É muito importante observarmos os números projetados, pois é nítido que, possivelmente, tenhamos produção, estoques e relação estoque/consumo maiores em relação à safra passada. Se as projeções se concretizarem, precisaremos estar preparados para preços menores do que os de hoje. O mercado sempre é soberano! Se tem muita oferta, os preços caem; se a oferta é pouca, eles sobem.

Outros aspectos importantes relativos à soja safra 2023/2024

Além da oferta e demanda, menciono outros pontos importantes a serem acompanhados, pois podem influenciar no balanço geral e nos preços. São eles:

  • – clima / atraso no plantio;
  • – armazenagem;
  • – subprodutos (farelo e óleo);
  • – dólar;
  • – preços.

Clima / atraso no plantio

No momento em que escrevo, o Brasil está com aproximadamente 61% da área projetada plantada, com certo atraso em relação à safra passada (eram 69% no mesmo período do ano passado). Algumas regiões, como Centro-Oeste, Norte e Matopiba sofrem com os efeitos do fenômeno El Niño (tempo quente e seco) e há relatos de produtores que estão fazendo replantio, esperançosos pelas previsões de chuva após o dia 20 de novembro.

O atraso no plantio pode impactar na comercialização desta safra e, principalmente, na janela ideal de plantio de milho safrinha (2ª safra). Já o clima pode impactar diretamente na produtividade e qualidade, o que mudaria o balanço global esperado.  

Vale lembrar que os Estados Unidos passaram por uma forte seca neste ano, durante o plantio de milho, e que as chuvas chegaram no momento certo para garantir uma boa safra norte-americana. Déjà vu? 

Armazenagem da soja

Tanto a CONAB quanto o USDA projetam safra recorde de soja brasileira! Se isso se confirmar, teremos novamente concorrência nos armazéns e silos para qual grão devemos estocar, se soja ou milho. Provavelmente, ganhará a disputa o grão que tiver projeções de preços maiores no futuro, simples assim. 

Vale lembrar que, além da safra a ser colhida, temos no momento em que escrevo cerca de 15% da safra de soja 22/23 não comercializada, e ainda 30% do milho safrinha não comercializado. Será que veremos novamente grãos estocados a céu aberto? Com esse calor, se for milho é perigoso virar pipoca!  

Brincadeiras à parte, sugiro atenção, pois é sabido que não temos capacidade de armazenagem para suprir tamanha safra. E, na necessidade de ofertar grãos, os preços podem sofrer pressões negativas.

Subprodutos da soja (farelo e óleo)

Assim como a soja grão, também são negociados na CBOT (Bolsa de Chicago) os contratos futuros de farelo e óleo de soja.  

E porque é importante saber disso? Pelo fato de que demanda pelos subprodutos do esmagamento da oleaginosa pode influenciar diretamente nas cotações do grão. O farelo, por exemplo, saiu de US$ 381,18/ton no início de out/23 para a máxima de US$ 474,60/ton no final da primeira quinzena de nov/23 (impressionante salto de 24,5%). No mesmo período, o contrato futuro de soja (novembro) saiu de US$ 12,74/bushel para US$ 13,68/bushel (+7,38%).  

Tal cenário acontece porque os maiores esmagadores de soja estão com dificuldades para ofertar mais produtos. Os EUA estão com capacidade de esmagamento no limite e entrando no período de manutenção industrial. Já o Brasil está moendo recordes, e a Argentina está precisando importar o produto para esmagar, devido à quebra da safra passada. Por outro lado, a China permanece com apetite para as compras. 

Dólar

Como os preços de referência mundial da soja são formados na CBOT, naturalmente são cotados em dólar. Portanto, o câmbio influencia não só diretamente na formação do preço, basis e prêmios (vale um artigo somente para explicar isso) como também nos custos, como insumos, combustível, etc.

Vale lembrar que o dólar tem ficado bem volátil nos últimos anos, devido à vários fatores econômicos e políticos.

Preços

Chegamos no momento mais aguardado em relação à soja safra 2023/2024: e o preço? Sobe ou cai? Vende ou segura? 

Como observado no calendário agrícola no início do texto, os principais players plantam e colhem em janelas complementares. Analisarei os preços onde deve ocorrer o maior percentual de comercialização dessa soja plantada no Brasil atualmente, no primeiro semestre. Para isso, precisamos entender como foi o comportamento nas safra passadas:

O que projeta o mercado futuro? 

No dia 14/11/23, as cotações na CBOT fecharam da seguinte maneira: 

Abaixo o comportamento dos contratos apontados: 

O que podemos observar com os dados apontados:

1 – O mercado está precificando uma média em reais e dólares menor do que em 2021 e 2022, e bem aderente ao primeiro semestre de 2023. 

2 – Os contratos futuros tiveram queda no final da colheita brasileira, pois coincide com o período de maior comercialização (maior oferta, menores preços) .

3 – Nota-se que os US$ 14,00/bushel é uma forte resistência (linhas horizontais amarela no gráfico), e todas as vezes que o preço chegou perto da região, acabou cedendo. 

4 – Observamos o real se valorizando frente ao dólar em 2023. O ano iniciou com R$5,36/1 US$ e, em 14 de novembro, a cotação estava em R$ 4,86/1 US$ (-9,33%). O real mais forte reduz a competitividade internacional. 

5 – Se o mercado encontrava resistência em passar da região de preços de US$14,00/bushel, estimando uma safra 22/23 em 372MM/ton de produção e estoque de 100MM/ton, como você acha que os preços se comportarão se efetivamente as projeções para a Safra 23/24 trouxerem 400MM/ton de produção e 114MM/ton de estoque? O mercado é soberano! A relação produção + estoque maiores do que o consumo aponta para a queda dos preços. 

6 – Lembrando que, atualmente, estamos com os preços (CEPEA) cotados a R$ 144,93/saca e ainda nem comercializamos toda a Safra 22/23. Por que os preços subiriam, se, em breve, o mercado terá uma produção recorde, se o clima ajudar?

Conclusão

Analisando todas as informações acima, fica difícil acreditar em grandes altas no preço de soja. É claro que precisamos levar em consideração o clima ,que pode prejudicar o desenvolvimento da planta, os números da economia chinesa, grande importadora do produto, entre outros fatores. 

Seja como for, para o produtor, é importante aproveitar a oportunidade que o mercado está dando acima e fazer seu hedge. Travar o custo ou 50% da produção neste cenário atual, analiticamente parece ser uma bela estratégia de comercialização! 

Como fazer isso em 3 passos? 

  1. Abrir uma conta gratuitamente na Terra Investimentos 
  1. Ter os custos de produção apurados e conversar com a assessoria da Terra Investimentos 
  1. Escolher a estratégia mais aderente ao seu perfil: venda de contratos futuros, compra de opções de venda (put) ou demais operações estruturadas que se beneficiam com a queda ou lateralização de preços de soja no primeiro semestre. 

O que pode mudar no meio do caminho e fazer com que seja necessário reavaliar a estratégia para a soja safra 2023/2024? 

  • – alta do dólar acima de R$ 5,20;
  • – a seca se agravar e reduzir a produção do Brasil em mais de 10%;
  • – possível seca na Argentina, que reduza a produção em mais de 10% da projeção atual;
  • – o consumo da China aumentar acima de 10% do que foi projetado.

Finalizo com um belo ditado popular: “Quando a oportunidade bate à porta, não esteja no quintal procurando o trevo de 4 folhas”.

Posso ajudar? É só entrar em contato: [email protected] 

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