Inesperadamente, os deputados federais se reuniram numa sessão noturna para votar e aprovar uma modificação em um dos importantes mecanismos de governança corporativa das empresas públicas, a Lei das Estatais. A mudança não agradou o mercado, que demonstrou sua insatisfação se desfazendo dos ativos listados na bolsa brasileira, levando o índice a terminar a semana desvalorizado novamente. Apesar da moderação no aumento dos juros americanos e europeus, os mercados internacionais não ficaram animados, tendo em vista as preocupações crescentes sobre os impactos na economia da política monetária restritiva pelas principais autoridades monetárias.
Cenário Brasileiro
O Congresso decidiu aprovar uma controversa mudança na Lei das Estatais, tornando a quarentena para indivíduos que tenham participado de campanha eleitoral significativamente menor, de 36 meses para 30 dias. A decisão conjunta dos deputados gerou uma péssima reação no mercado, que considerou a modificação uma grande quebra no instrumento de combate a conflitos organizacionais e corrupção dentro das estatais. O projeto será discutido novamente no próximo ano. A PEC da Transição, após aprovação dos deputados, perdeu apoio no parlamento e segue em situação indefinida, indicando que teremos pela frente mais algumas semanas de incerteza e volatilidade no mercado.
Cenário Internacional
Tanto o Federal Reserve quanto o Banco Central Europeu decidiram moderar o ritmo de alta de juros, mas deixaram claro que a política restritiva ainda não está próxima do seu fim. Essas declarações acompanhadas dos dados pouco expressivos de atividade econômica ao redor do mundo, levaram os investidores a se preocupar ainda mais com a possibilidade de uma recessão global. Esse temor gerou um impacto negativo no mercado interno e externo, agravando o desempenho dos ativos listados. Na China, o ano aparenta já ter acabado, a economia terá um desempenho muito abaixo ao esperado, mas há indicativos de isso pode redirecionar a prioridade dos chineses por crescimento econômico nos próximos anos.
Na Carteira Semanal Top 5 não realizamos nenhuma alteração nessa semana.
Em 12 Meses, a Carteira apresenta uma valorização de 17,16% ante o Ibovespa com queda de 3,44%.
Manchetes internacionais
– Índice de preços CPI dos EUA subiu 0,1% em novembro, abaixo das projeções do mercado que estimavam avanço de 0,2%. O núcleo teve alta de 0,2% e a taxa anual foi a 7,1%.
– FED elevou a taxa dos FED funds em 50 pontos-base, de 3,75% para 4,25% ao ano. A decisão significa uma desaceleração no ritmo de alta de juros, como havia indicado o presidente da instituição, Jerome Powell, em discurso recente.
– Apesar da moderação no ritmo de alta dos juros, o FED comunicou que os esforços para retornar a inflação à meta não estão próximos do fim.
– BCE elevou taxa básica de juros em 50 pontos-base e comunicou que pretende subir mais os juros, até atingir níveis suficientemente restritivos para que a inflação convirja à meta. A instituição também anunciou que o portfólio do programa de compra de ativos será reduzido.
– CPI da Zona do Euro sobe 10,1% em novembro, na comparação anual, acima do esperado pelo mercado. PMI Composto do bloco avançou a 48,8, além do projetado, mas ainda na zona de retração.
Manchete nacional
– Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que altera a Lei das Estatais, facilitando indicações de políticos para cargos de alto escalão de empresas públicas ao diminuir a quarentena de 36 meses para 30 dias.
– Presidente eleito Lula confirmou que pretende indicar o ex-ministro Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES. Além disso, Lula avisou que “as privatizações acabaram” e que o nome de Mercadante estava alinhado com o perfil desejado para o cargo.
– IBC-Br caiu 0,05% em outubro, considerando a série livre de efeitos sazonais, passando de 144,57 para 144,50 pontos. O resultado foi significativamente abaixo das projeções de mercado, em avanço de 0,30%.
– Após resistência no Congresso, presidente eleito Lula poderia desistir da PEC da Transição e buscar os recursos para o adicional de R$ 200 do Bolsa Família através de uma MP. O impacto fiscal da medida seria menor, pois os recursos para o pagamento dos R$ 400 ficaram dentro do teto.
– Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que não vai pautar projeto que altera a Lei das Estatais. Líderes dos partidos no Senado afirmaram que não foram consultados e que a votação não deve ocorrer esse ano.