Recentemente, fatores como o crescimento do PIB, recuo da inflação e aprovação da reforma tributária na Câmara contribuíram para a melhora das perspectivas em relação à economia brasileira. Apesar disso, o cenário ainda é adverso para as empresas brasileiras, o que nos leva a crer que a temporada de balanços do 2T23 venha sem muito brilho.
Para Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, em que pese a normalização de indicadores macroeconômicos, as companhias ainda estão fazendo força para recuperar suas margens. “Isso passa pela necessidade de melhorias operacionais e disciplina de custos. Além disso, temos a queda do preço das commodities em relação ao ano passado. Tudo isso impactará o resultado das empresas no segundo trimestre de 2023”, avalia.
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Temporada de balanços do 2T23: empresas ainda estão “arrumando a casa”
A seguir, veja com mais detalhes o que nossa equipe espera da safra de balanços que começa nesta terça-feira, 18 de julho.
Energia elétrica, saneamento e telecomunicações
Devido à resiliência diante de ambientes econômicos conturbados, as empresas dos setores de energia elétrica, saneamento e telecomunicações devem seguir apresentando resultados consistentes. Por isso, provavelmente continuem no centro das preferências dos investidores, como aconteceu nos últimos anos.
Porém, mesmo com perspectivas positivas para essas empresas, Novaes observa que as atenções dos investidores devem se voltar mais para indicadores como alavancagem e eficiência operacional. Isso porque é preciso considerar a possibilidade de eventos relevantes nos próximos tempos, como privatizações e leilões de grande expressão.
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Setores cíclicos e tecnologia
Negativamente impactados pelo ambiente econômico, os setores cíclicos mantêm seus esforços em busca da recuperação de suas margens.
“O varejo ainda demonstra um longo caminho até sua total reabilitação. Por isso, os resultados não devem ser animadores, embora possivelmente possamos já perceber sinais de melhora”, explica.
Na mesma linha, as empresas de tecnologia podem apresentar sinais de um horizonte mais positivo. No entanto, segundo o analista, elas também ainda estão distantes de um momento realmente favorável.
Educação, shoppings e concessões
Mesmo que ainda se encontrem penalizados pela política monetária contracionista, o último trimestre foi positivo para os setores de educação, shoppings e concessões. De acordo com Novaes, esses segmentos demonstraram avanços importantes para suas teses de investimento.
“Acreditamos que as empresas de educação devem manter suas energias concentradas na recuperação das margens, enquanto elevam suas receitas gradualmente. Por sua vez, os shoppings devem insistir na busca por melhores índices de ocupação, visando a retomada do varejo ao longo dos próximos trimestres”, observa.
Sobre o setor de concessões, espera-se que os resultados possam vir satisfatórios, com os volumes de tráfego ainda em ascendente e renovação de tarifas. Além disso, há leilões de infraestrutura no radar para o segundo semestre deste ano.
Bancos e construtoras
A expectativa é de que os bancos apresentem resultados consistentes no segundo semestre de 2023, dando a atenção necessária para o risco dos índices crescentes de inadimplência neste momento de pressão sobre a renda das famílias.
Por outro lado, os resultados das construtoras devem se manter pressionados pela dificuldade de financiamento, apesar de dados operacionais moderadamente positivos até o momento.
Seguradoras e operadoras de saúde
Nos últimos tempos, as seguradoras e operadoras de saúde tiveram períodos de custos médicos e índices de sinistralidade significativamente altos, o que exerceu grande pressão sobre suas margens. Nesse sentido, os resultados do 2T23 a serem divulgados deverão possibilitar uma observação melhor sobre esses fatores, para que se possa traçar projeções a partir disso.
“Ainda em tempos ímpares, as redes de farmácia puderam impulsionar suas margens com custos estáveis e preços maiores por medicamentos, mas que devem desacelerar com os índices de inflação”, alerta Novaes.
Commodities
Ao avaliar as commodities, o analista acredita que possam vir sinais de tempos melhores para os frigoríficos, que enfrentaram baixa oferta de gado, dificuldades quanto às exportações e alavancagem alta nos primeiros meses do ano.
Já em relação ao papel e celulose, o ainda fraco ritmo de crescimento da China deverá se refletir em um trimestre com preços realizados menores e com o foco dos investidores no controle dos custos. Por fim, as petrolíferas, que contam com casos específicos, terão a oportunidade de demonstrar melhorias operacionais essenciais para suas teses de investimento.