O Carrefour Brasil (CRFB3) reportou prejuízo líquido de R$ 375 milhões no 1° trimestre de 2023 (1T23), resultado que reverteu o lucro de R$ 421 milhões do mesmo período do ano passado. Segundo relatório de resultados divulgado no final da terça-feira (2), a rentabilidade do trimestre foi pressionada pelas despesas com conversão de lojas e por custos atrelados à aquisição de clientes do Grupo BIG.
A receita líquida consolidada cresceu 29,4% no 1T23, totalizando R$ 24,3 bilhões, registrando aumento no atacarejo (+19%) e no varejo (33,9%), além da receita do Sam´s Club (clube de vendas do Wall Mart), que foi de R$ 1,19 bilhão no trimestre.
O lucro bruto do 1T23 somou R$ 4,8 bilhões contra R$ 3,7 bilhões no mesmo trimestre de 2022, alta de 29%. Por sua vez, a margem bruta ficou em 19,7%, praticamente em linha com o indicador dos três primeiros meses de 2022. “A margem bruta foi pressionada por conta de remarcações de lojas em processo de conversão, o que foi compensado por ganhos de escala em nosso negócio legado”, disse o Carrefour.
No 1T23, as despesas VG&A totalizaram R$ 954 milhões, o que representa um incremento de 74% nessa conta no trimestre. Segundo a companhia, excluindo o Grupo BIG, as despesas SG&A cresceram 13,9%, o que corresponde a 14% das vendas líquidas.
O EBITDA ajustado totalizou R$ 1 bilhão, queda de 16,8% na base anual. Já a margem EBITDA ajustada caiu 2,3 pontos percentuais (p.p.), o que reflete o aumento das despesas relacionadas à integração do Grupo BIG e à aceleração das conversões de lojas.
Conversão de lojas mais rápido do que o previsto
Segundo o Carrefour, a conversão das 124 lojas do Grupo BIG será concluída até o final do primeiro semestre deste ano, seis meses antes do que se esperava. O investimento (CAPEX) para essas conversões estão dentro dos R$ 1,9 bi anunciados como guidance, já no fechamento da negociação.
A companhia ainda informa que, durante o trimestre, 74 lojas foram impactadas de uma forma ou de outra pelos esforços de conversão. Nesse sentido, 23 já passaram pelo processo, 42 serão convertidas no 2T23 e 9 lojas remédios foram alienadas para atender à solicitação da autoridade antitruste. Além disso, outras 5 já haviam sido fechados até dezembro do ano passado.
Endividamento e resultado financeiro líquido
Ao final do 1T23, os empréstimos líquidos de derivativos totalizaram R$ 17,1 bilhões, cifra R$ 6,7 bilhões superior a do mesmo trimestre do ano passado, principalmente devido à aquisição do Grupo BIG. Já em relação ao final de 2022, a rubrica cresceu R$ 1,8 bilhão, principalmente em função de capital de giro contratado para pagamento antecipado de dívida de curto prazo.
O grau de alavancagem (medido pela relação entre dívida líquida e EBITDA) ficou em 2,44 vezes.
A integração do Grupo BIG afetou também o fluxo de caixa operacional do 1T23, que totalizou R$ 3 bilhões contra R$ 4,9 bilhões ao final de março de 2022. “No período, também investimos aproximadamente R$ 1,5 bilhão a mais, à medida que aceleramos os esforços de conversão e integração de lojas ao mesmo tempo em que continuamos executando nosso plano de expansão orgânica. O Fluxo de Caixa Livre dos últimos 12 meses encerrados em 31 de março de 2023 totalizou – R$ 462 milhões. À medida que finalizamos o processo de conversão de lojas, no final do 2T 23, esperamos que a geração de fluxo de caixa volte a níveis mais normalizados”, declarou o Carrefour.
