Ao mesmo tempo que surgem formas de investir mais acessíveis e democráticas, cresce também a quantidade de dicas que induzem a erros nos investimentos.
E não é para menos. Afinal, com a internet, temos acesso não só a conteúdos de ótimos profissionais, mas também de influencers sem a devida qualificação ou experiência para orientar sobre investimentos e planejamento financeiro.
Pensando nisso, reunimos algumas dicas que o especialista em Finanças André Massaro deu em seu canal no YouTube. Confira a leitura a seguir!
Não cometa esses 5 erros nos investimentos!
Como explica Massaro, cada um dos itens que veremos agora podem até parecer fazer sentido em um primeiro momento. No entanto, se levarmos as dicas à risca e exagerarmos na dose, o potencial de atrapalhar os resultados dos investimentos será grande. Acompanhe.
1 – Acompanhar frequentemente o mercado
Não há dúvidas de que acompanhar o mercado e entender os seus movimento é fundamental para os investimentos. No entanto, o que muitas vezes acontece é o investidor cair na cilada do excesso de informações, o que induz a um perigoso viés comportamental chamado de ilusão de controle.
“Quando juntamos informações demais, isso nos dá a falsa ideia de que podemos inferir ou mesmo prever o que vai acontecer. Mas tem um problema: toda essa informação ou é do passado ou são suposições. Logo, o excesso de informações não aumenta as nossas chances de conhecer o futuro”, avalia Massaro.
O educador também alerta para a importância de se ter uma estratégia de investimento. Segundo ele, uma boa metodologia e que seja seguida de forma consistente é o que acaba fazendo a diferença no sucesso dos investimentos.
Nas palavras de Daniel Kahneman, o psicólogo e economista que é considerado a figura máxima da economia comportamental, “às vezes é melhor você ter um sistema ruim do que não ter sistema nenhum”.
“Quem não tem nenhuma metodologia para investir acaba ficando reativo e ansioso. Isso interfere demais no processo de decisão, porque traz todo o conteúdo emocional para os investimentos”, diz Massaro.
2 – Diversificar demais
A diversificação é um dos princípios básicos dos investimentos, pois ela aumenta as possibilidades de ganhos e, ao mesmo tempo, dilui o risco da carteira.
Porém existe um ponto a partir do qual diversificar deixa de ser benéfico e passa a ser um dos erros nos investimentos que precisamos evitar, pois começa a trazer problemas. Quando isso acontece, estamos diante de uma pulverização da carteira. Ou seja, a quantidade de ativos com a mesma tendência passa a ser muito grande, de forma que os resultados acabam diluindo no todo.
Não há como determinar de forma taxativa quantos ativos se deve ter na carteira, pois cada análise deve levar em conta a capacidade financeira, perfil e objetivos de investimentos. Porém, dá para ter uma estimativa, baseada em estudos acadêmicos e até mesmo em ferramentas de análise de dados mais simples, segundo Massaro.
“Com base nessas ferramentas e em alguns estudos, eu diria que o número ideal para uma carteira de ações gira em torno de 20 títulos. Se você tem muito mais do que isso, os ganhos com a diversificação começam a ficar pequenos”, diz o especialista.
Além de resultados diluídos, outro problema que a pulverização pode trazer é no controle dos ativos. Por exemplo, uma carteira com muitas ações, fundos de investimentos e outras modalidades dá bem mais trabalho para montar o Imposto de Renda, como bem lembra Massaro.
“Imagine a burocracia na hora de fazer o IR, quando tempo perdido para juntar e checar todos os informes de rendimentos e preencher toda a declaração”, alerta.
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3 – Usar informações redundantes no processo de decisão
Existem diversas ferramentas e indicadores financeiros que nos ajudam a tirar um pouco da incerteza na hora de tomar uma decisão de investimentos. Muitas vezes, as pessoas misturam esses indicadores, na expectativa de que um confirme o outro e que, dessa forma, a análise fique mais robusta e com maior probabilidade de acerto.
O problema é que muitos desses indicadores são feitos da mesma informação. Logo, se misturados, o que teremos será uma redundância de dados, e isso não garante a qualidade da análise, segundo Massaro.
“Por exemplo, no caso da análise fundamentalista, dois indicadores de resultado importantes são o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) e a margem líquida. Mas acho que usá-los na mesma análise é uma redundância total, pois eles são feitos da mesma coisa”, avalia.
Outro exemplo: para analisar taxa de juros, tem gente que observa a curva de juros, o DI futuro negociado na bolsa, o Boletim Focus, e olha para os três esperando que se confirmem. “Novamente, esse tipo de confirmação não tem nenhum valor, pois os três parâmetros simplesmente refletem o sentimento do mercado”, alerta o especialista.
4 – Procurar seguir os grandes nomes do mercado
Tentar fazer o mesmo que gigantes do mercado é um dos maiores erros nos investimentos que algumas pessoas cometem. Isso porque, segundo Massaro, os grandes investidores normalmente têm uma preocupação maior do que simplesmente informar, que é a de criar uma imagem positiva para si mesmo.
Para o especialista, muitas vezes vemos dicas meio inócuas dos grandes tubarões do mercado, e tem gente que admira a suposta simplicidade desses gigantes. Mas existe algo fundamental e que muitos investidores não percebem: os mundos de quem muito e pouco dinheiro são completamente diferentes.
“Essa diferença é gritante mesmo entre ricos. Quando falo em pequenos investidores, muitas vezes são pessoas que têm algumas dezenas de milhões investidos, mas no contexto do mercado são pequenos se comparados a investidores institucionais. Cada um precisa ter uma estratégia adequada a sua realidade, e não ficar olhando o tempo todo o que os maiores estão fazendo”, alerta.
“Se você leva mais a sério a opinião de determinadas pessoas só porque elas possuem um patrimônio maior, corre o risco de entrar no puro culto ao dinheiro. É preciso ter em mente que a realidade do pequeno investidor é diferente da do grande”, conclui.
5 – Contabilidade mental
Contabilidade mental nada mais é do que separar mentalmente o dinheiro e colocá-lo em caixinhas diferentes, dando atribuições para cada uma delas.
Por exemplo, “nesse dinheiro não posso mexer, pois é para a faculdade do meu filho (recém nascido)”, ou “esse dinheiro é para as minhas férias; se eu precisar, vou buscar no banco”, e por aí vai.
Embora a dica pareça óbvia, Massaro reforça: “se você tem dívidas, pague-as e só depois pense em formar as suas reservas. Não adianta nada você ter um título que rende 100% do CDI e pagar juros no cheque especial ou em algum empréstimo para reforçar o caixa. Essa é uma grande cilada, que pode prejudicar muito o seu planejamento financeiro”, afirma o especialista.