De acordo com a bolsa, os novos produtos trarão eficiência tarifária e maior transparência para o mercado
Em 30 de maio, a B3 lançou dois novos tipos de operações estruturadas (Exchange Defined Strategies – ou EDS). Trata-se de produtos para negociação de estratégias de juros para os contratos futuros de DI (DI1), Futuro de Cupom de IPCA (DAP) e FRA de Cupom Cambial (FRC).
Estratégias de juros FRA e DV01 Neutro: como era até os novos lançamentos
Até os novos lançamentos, existiam dois tipos de estratégias de juros bastante negociadas: a negociação da taxa a termo (FRA) ou PU (Preço Unitário) Neutro, e a Inclinação (DV01 Neutro).
A estratégia FRA consiste na negociação de dois vencimentos do produto, com quantidades calibradas de forma a igualar o PU de cada um deles. Nesse caso, a meta principal é gerar uma exposição que inicia em uma data futura.
Por sua vez, a estratégia Inclinação também é baseada na negociação de dois vencimentos. No entanto, as quantidades são calibradas de forma a neutralizar o DV01 de cada um deles. Nessa situação, o objetivo é gerar exposição no diferencial de taxas entre os dois vencimentos.
Em ambas as estruturas descritas acima, os participantes calculam as proporções (ratio) de quantidades e atuam nos books de vencimentos separadamente. Dessa forma, ocorrem certas ineficiências, como falta de transparência para o mercado, risco de execução e tarifas mais altas.
Estrutura atual: o que muda com os lançamentos da B3
Para os novos produtos lançados pela B3, não há necessidade de negociar os vencimentos da estratégia em livros de ofertas segregados. Dessa forma, elimina-se o risco de execução da operação.
Além disso, com as novas estratégias de juros, haverá maior eficiência tarifária, devido ao alinhamento dos custos de negociação à exposição gerada na operação. Por fim, haverá mais transparência para o mercado, pois os novos produtos permitem que se observe exatamente o que é negociado em cada tipo de estratégia via market data.
De acordo com a B3, os novos produtos atendem a principal demanda do mercado, que era a negociação direta das estratégias de curva de juros em books específicos. “Com o lançamento das operações estruturadas, tesourarias, gestores de fundos, investidores não residentes e corretoras ganharão mais eficiência nesse tipo de operação”, explica Felipe Gonçalves, superintendente de produtos de juros da instituição.
Quem utiliza estratégias de juros?
Segundo Eliz Costa, coordenadora de produtos da Terra Investimentos, quem normalmente utiliza estratégias de juros são grandes gestoras, para fazer proteção em suas posições.
“Os contratos futuros, principalmente DI, têm uma posição prefixada (como o título público NTN-F, por exemplo) e compram um contrato de DI para tentar proteger essa posição, formando uma operação estruturada. O mesmo acontece para o DAP, que é o contrato futuro de cupom de IPCA. Geralmente, quem utiliza o DAP são gestoras que estão focadas em crédito privado, para proteção de sua carteira”, explica Eliz.
De forma geral, poucas pessoas físicas operam estratégias de juros. De acordo com Eliz, alguns dos principais motivos são os altos valores desses contratos e a falta de conhecimento das operações pelo investidor de varejo.
“O valor do contrato tem um ticket médio de R$ 100 mil. Além disso, a operação exige conhecimento técnico em renda fixa. Ao contrário do que muitos pensam no Brasil, há variações na renda fixa, e é preciso entendê-las para operar bem nesse mercado”.