Hedge agrícola: 5 perguntas frequentes sobre o tema

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem mostra colheita de milho e a importância do hedge agrícola
Imagem mostra colheita de milho e a importância do hedge agrícola

Quem atua no agro, ou costuma acompanhar esse mercado, sabe o quão imprevisíveis podem ser os preços das commodities. Desde excesso ou falta de chuvas que alteram o resultado das safras, até conflitos internacionais que mexem com a oferta mundial, tudo isso pode sacrificar o lucro do produtor. E é justamente para evitar surpresas financeiras desagradáveis é que existe o hedge agrícola.

Mas tem muita gente que ainda não conhece essa ferramenta. Ou se conhece, ainda não está totalmente convencida de que valha a pena, pois não são raros os casos de quem não assegura o preço de venda da safra e se arrepende depois.

Para tirar algumas dúvidas sobre o assunto, conversamos com Raphael Galo, especialista da Mesa Agro da Terra Investimentos. Continue a leitura e saiba um pouco mais sobre a importância de proteger a produção – e como isso pode ser fácil e vantajoso!

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1 – Por que fazer hedge agrícola?

As operações de hegde servem para tentar evitar ou atenuar perdas relacionadas a algum ativo que possam ocorrer no futuro, em função da variação de seus preços. No caso do agro, essa perda pode acontecer com todos os participantes da cadeia, como produtores, indústrias ou tradings, por exemplo.

Nos últimos anos – mais precisamente desde 2022 – os preços das commodities entraram em uma tendência de queda, após terem atingido picos históricos. Desde então, os produtores que não utilizavam hedge agrícola em sua estratégia de comercialização viram suas margens reduzirem fortemente ou tiveram prejuízos em determinados momentos. 

“O hedge é uma ferramenta amiga do produtor. Existem diversas estruturas disponíveis que podem trazer previsibilidade de faturamento, de margem, de fluxo de caixa, e que podem ajudar na tomada de decisões sobre investimentos ou sobre o dia a dia das operações”, afirma Raphael Galo.

Resumidamente: o objetivo do hedge agrícola é garantir a margem no negócio ou o preço mínimo da commodity que um produtor comercializa. 

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2 – Quando é preciso fazer hedge?

Segundo Raphael Galo, é preciso fazer hedge sempre, em todas as safras.

“Como a ideia é sempre garantir uma boa margem na comercialização e manter a perenidade do negócio, a constância leva ao equilíbrio financeiro. Por isso, eu costumo dizer que sempre é preciso fazer hedge agrícola”, explica o analista.

Ele também ressalta que, para que a estratégia de hedge tenha sucesso, é muito importante entender o momento certo de montar uma operação.

“É por isso que, na Mesa Agro da Terra, nós temos especialistas em cada commodity, para fornecer informações que auxiliem na tomada de decisão e na execução e acompanhamento da estratégia”, diz Galo.

3 – Para quais produtos se pode fazer hedge agrícola?

Atualmente na bolsa brasileira há seis contratos disponíveis para hedge agrícola:

  • – Boi gordo;
  • – Milho;
  • – Soja;
  • – Café arábica;
  • – Etanol.

Também é possível fazer hedge de dólar, pois algumas commodities são cotadas nessa moeda. 

4 – Quais os tipos de hedge no agro?

Basicamente, existem duas maneiras de fazer o hedge agrícola: via contratos futuros das commodities (ou do câmbio) ou via opções desses contratos futuros. Raphael Galo explica que são dinâmicas diferentes, e cada investidor tem a sua preferência. 

Nos contratos futuros, você assume uma posição comprada se acredita que os preços vão subir e quer se proteger da alta. Já se o objetivo for a proteção de uma queda dos preços, a posição vendida é a escolha apropriada.

O exemplo trazido por Raphael ajuda a entender como essa dinâmica funciona:

“Se compro um contrato de boi gordo (330 arrobas, por exemplo) e os preços sobem R$1,00 por arroba, a B³ deposita em minha conta na corretora R$ 330,00 – referentes a 330 arrobas x R$ 1,00. Porém, se faço a mesma operação e os preços caem R$1,00 por arroba, serão debitados R$ 330 em minha conta. Esse mecanismo se chama ajuste diário, e ocorre até a data do vencimento do contrato.”

No caso das opções, você pode comprar um “seguro de alta” (call), um “seguro de baixa” (put) ou ainda montar estratégias com combinações entre elas.

“Quando você compra uma call e os preços sobem, você está protegido e participa ganhando com a alta. Já na compra de uma put, você se protege e ganha com a queda dos preços”, explica Raphael.

O analista também ressalta que, para comprar ou vender qualquer opção agro é importante falar com a mesa de operações da corretora. “A liquidez dessas operações é dada pelos brokers e market makers – quem vai vender ou comprar esses seguros”, alerta. 

5 – Posso perder dinheiro com o hedge?

Ao olharmos a operação como um todo (e não somente para uma ponta, como o quanto foi pago por uma opção, por exemplo), podemos entender que não há como perder dinheiro com hedge. Isso porque os mercados físico e financeiro se equalizam, como explica Raphael.

Suponha que você seja um produtor de milho e quer travar o seu preço de venda em R$ 60,00 a saca. Nesse preço, você consegue garante uma boa margem na comercialização. 

Sabendo disso, você vende contratos futuros a R$ 60,00 a saca ou compra uma put (opção de venda) que garante esse preço. Depois de feito esse hedge, os preços do milho começam a subir e a saca chega a R$ 62,00 na data do vencimento da operação. Nessa situação, como ficaria sua posição? 

“No mercado físico, você vende o milho a R$ 62,00 a saca e recebe R$ 2,00 por saca acima do que pretendia. (R$ 62,00 – R$ 60,00 = + R$ 2,00/saca). Já no mercado financeiro, você paga menos R$ 2,00 por saca, pois assumiu o compromisso de vender a saca R$ 60,00. Olhando como um todo, a sua posição está equilibrada, pois você ganhou mais R$ 2,00 por saca no mercado físico e pagou R$ 2,00 no mercado financeiro”, demonstra o analista.

A mesma dinâmica é válida em um cenário de queda dos preços:

“Agora imagine que o preço do milho caiu para R$ 58,00 a saca no vencimento da operação. No mercado físico, você teria uma perda de R$ 2,00 por saca, mas receberia essa diferença no mercado financeiro, pois assumiu o compromisso de vender a saca a R$ 60,00. Perceba que, mesmo que os preços tivessem subido ou caído, você não teria prejuízo com a operação de hedge”, conclui.

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