ISE: conheça o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem sugere investimentos no ISE
Imagem sugere investimentos no ISE

Em todos os setores da economia, é cada vez maior a preocupação com práticas sustentáveis, que preservem o meio ambiente e promovam mudanças positivas junto à sociedade. Essa tendência se reflete também no mercado financeiro, e o ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial – está aí para provar a força dos investimentos sustentáveis também no Brasil.

Neste conteúdo, mostraremos o que é e como funciona o ISE, e também falaremos sobre a evolução do tema sustentabilidade nos investimentos. Se você também se interessa por esse universo, continue a leitura a seguir!

O que é o ISE?

O Índice de Sustentabilidade Empresarial é o indicador que reflete o desempenho médio das ações de empresas selecionadas por seu comprometimento com a atividade sustentável. Ele foi criado em 2005, inicialmente com o apoio da International Finance Corpotation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial. O desenho de sua metodologia é resultado de uma parceria entre a B3 e a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

No mercado, a sustentabilidade empresarial é conhecida pela sigla ESG, cujas iniciais significam Environmental (ambiental), Social (social) e Governance (governança). O objetivo dos investimentos ESG é justamente incentivar companhias a fortalecerem suas atuações nesses três critérios, que funcionam da seguinte forma:

  • – Critérios ambientais: práticas relativas à utilização de recursos naturais (como água e energia), gestão de resíduos, descarte do lixo, emissão de gases poluentes, cuidado com o desmatamento, entre outras.
  • – Critérios sociais: aqui, entra a responsabilidade social da empresa, ou seja, como ela lida com funcionários, clientes, fornecedores e todos os que participam de seu ecossistema de forma geral.
  • – Critérios de governança: dizem respeito às estratégias, processos e tudo o que se refere à administração da empresa. Por exemplo, qualificação e idoneidade da gestão, ética, transparência das informações para investidores e sociedade, e assim por diante.

O ISE vai analisar as empresas sob todos os aspectos acima e avaliar se estão de fato cumprindo com esses critérios. Ao fazer isso, induz as companhias a tomarem uma postura comprometida com a sustentabilidade, seja na preservação do meio ambiente, na responsabilidade social ou nos critérios de governança corporativa.

Como uma empresa participa do ISE?

De acordo com a B3, as empresas precisam cumprir os seguintes critérios para que possam participar do ISE:

  • – Ter presença em 50% dos pregões no período de vigência das três carteiras anteriores.
  • – Estar entre as 200 primeiras posições no Índice de Negociabilidade (IN) nas três carteiras anteriores.
  • – Suas ações não podem ser penny stock (valor abaixo de um real).
  • – Ser selecionada pelo Conselho Deliberativo do ISE, de acordo com critérios de sustentabilidade.

Atendidos esses requisitos, as companhias responderão a um questionário elaborado pela FGV, que contempla sete dimensões: geral, ambiental, social, econômico-financeira, governança, natureza do produto e mudanças climáticas. O questionário é bem abrangente, e possui foco especial no meio ambiente. Nesse sentido, as perguntas consideram o segmento de atuação da empresa, abordando os impactos ambientais que sua atividade pode gerar.

Normalmente, são cerca de 40 companhias que fazem parte do ISE. A revisão do índice ocorre uma vez por ano, em dezembro, e a carteira entra em vigor no início de janeiro, válida por todo o ano.

Em 2023, a décima oitava edição do índice contemplará empresas que somam R$ 2 trilhões de valor de mercado. Farão parte dessa edição nomes como Klabin, Copel, Itaú, AES Brasil, Neoenergia, entre outros.

Compromisso com agendas verdes

Até pouco tempo, os investimentos sustentáveis se concentravam basicamente em fundos de ações. Aos poucos, começaram a alcançar outras modalidades, como crédito privado e, mais recentemente, fundos imobiliários (FIIs), e outros alternativos.

Segundo Maria Eugênia Buosi, sócia-fundadora da consultoria Resultante, especializada em ESG, a migração desses investimentos para outras classes de ativos se tornou mais forte nos últimos cinco anos. Em entrevista concedida ao portal Investidor Institucional, ela observa que investidores estrangeiros também consideram critérios ESG para analisar bonds de países comprometidos com a sustentabilidade. Além disso, já existem provedores de ratings para as diversas classes de ativos que investem em ESG.

“A informação está mais disponível e melhor estruturada para permitir a tomada de decisões. Porém, ainda há muitos desafios na comparabilidade de indicadores, até porque os temas que embasam as teses de investimentos estão mais sofisticados. Nesse sentido, discute-se hoje assuntos como capital natural e descarbonização, por exemplo”. Para a consultora, a agenda fica mais importante se o acionista ou debenturista de uma empresa enxerga essas possibilidades.

Buosi ainda ressalta que o mercado de carbono é o centro das discussões dos portfólios. Além disso, aumenta a preocupação com a biodiversidade e o capital natural (ecossistemas), itens que, segundo ela, precisam ser centrais para os investidores brasileiros.

Outros índices de sustentabilidade

Além do ISE, há outros índices ligados à sustentabilidade na bolsa brasileira. Alguns exemplos são os seguintes:

ICO2 (Índice de Carbono Eficiente)

A criação do ICO2 ocorreu devido à crescente preocupação com o aquecimento global. Nesse sentido, o índice considera basicamente a transparência das companhias em relação às emissões de gases de efeito estufa. Ou seja, o ICO2 visa fazer com que as empresas cuidem de suas políticas de emissões e as torne públicas. Para participar do índice, um dos critérios é o total de ações em circulação das empresas que cumprem os critérios ESG.

IGC (Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada)

O IGC reflete o desempenho médio da empresas listadas na B3 que, teoricamente, possuem as melhores práticas de governança corporativa.

Como vimos, as boas práticas de governança englobam tudo o que se relaciona aos sócios, diretores e demais aspectos ligados à administração da empresa. Nesse sentido, todas as companhias que compõem o IGC participam do Novo Mercado da B3, segmento que engloba as melhores práticas de governança da bolsa.

Dá para investir no ISE?

Você pode acompanhar o desempenho do ISE por meio de um ETF (Exchange Traded Funds) chamado ISUS11 – It Now ISE Fundo de Índice. Esse fundo foi lançado em 2011, investe, no mínimo, 95% de seu patrimônio em ações de companhias que se destacam na sustentabilidade empresarial, e tem taxa de administração de 0,40% ao ano.

Como todo ETF, o ISUS11 é um fundo de gestão passiva. Ou seja, o papel do gestor é alocar os recursos nas ações que formam o índice, sem fazer uma análise ativa dessas empresas.

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