Lojas Renner (LREN3): conheça uma das maiores varejistas de moda do Brasil

Tempo de leitura: 5 minutos

Imagem mostra fachada da Lojas Renner (LREN3)
Imagem mostra fachada da Lojas Renner (LREN3)

Primeira varejista de moda a ter 100% de suas ações negociadas na bolsa de valores, a Lojas Renner (LREN3) é a líder nacional do segmento. Segundo alguns analistas, o fato de a empresa possuir um posicionamento de marca mais claro e estável do que as concorrentes contribui para essa posição, pois fideliza e aumenta a recorrência de compras.

Com 100 anos de história, a LREN3 também é considerada uma das empresas do setor que possui a melhor gestão de estoques, algo fundamental no varejo. Além disso, o ecossistema que contempla diferentes marcas, produtos e serviços é outro importante diferencial competitivo.

Em abril de 2021, a companhia levantou R$ 3,9 bilhões em um follow-on, recursos que entraram no caixa da empresa sem destinação específica. Em outras palavras, foi um cheque em branco do mercado, pois não havia nenhum projeto ou aquisição à vista.

Neste conteúdo, mostraremos quem é a Lojas Renner e qual a opinião dos analistas da Terra Investimentos sobre suas perspectivas, vantagens e desvantagens competitivas. Portanto, se você investe em ações, ou deseja simplesmente mais informações sobre o mercado, continue a leitura a seguir!

Quem é a Lojas Renner (LREN3)?

A história da varejista centenária começou em 1922 em Porto Alegre (RS), como parte do grupo A. J. Renner. Antônio Jacob Renner, empresário, político e fundador do grupo, abriu naquele ano o seu primeiro ponto de venda para comercialização de artigos têxteis.

A partir da década de 1940, a Lojas Renner ampliou o seu mix de produtos e passou a ser uma loja de departamentos. Com o passar do tempo, a empresa foi crescendo até que, em 1967, tornou-se um empresa de capital aberto na bolsa brasileira.

Ao longo de sua história, a empresa passou por diversas transformações, tanto no modelo de negócios quanto na gestão. No início dos anos 90, o modelo amplo de lojas de departamentos passou a dar foco em artigos de moda. Logo após a empresa começou seu processo de expansão, abrindo lojas inicialmente em Santa Catarina (1994), Paraná (1996) e São Paulo (1997).

Outro grande acontecimento foi no final de 1998, quando o controle acionário da Lojas Renner foi transferido para o grupo norte-americano J. C. Penney, um dos maiores players do varejo nos Estados Unidos na época. A partir daí, a empresa começou a expandir rapidamente a sua rede de lojas, abrindo unidades no Sudeste e Centro-Oeste.

Em 2005, a J. C. Penney vendeu todas as ações da empresa na B3. Desde então, 100% das ações da LREN3 estão em circulação, sem um acionista controlador.

Ecossistema Renner

Atualmente, o ecossistema Renner possui mais de 600 lojas no Brasil, Argentina e Uruguai.

Em 2011, a empresa começa a expandir o mix de produtos com a compra da Camicado, rede de lojas de artigos domésticos e de decoração. Com mais de 120 lojas, a rede tem presença em todas as regiões brasileiras.

Outras linhas de negócios da Lojas Renner são as seguintes:

  • – Uello: startup de logística adquirida pela LREN3 em 2022. Trata-se de uma plataforma para clientes corporativos, que oferece soluções de gestão de logística diversas.
  • – Repassa: maior brechó online do Brasil, adquirido pela empresa em setembro de 2021.
  • – Ashua: marca feminina pluz size, com 11 lojas em Porto Alegre, Caxias do Sul, São Paulo, Santo André, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte.
  • – Youcom: moda jovem, com mais de 100 lojas físicas em todo o Brasil e e-commerce de abrangência nacional.
  • – Realize: braço de serviços financeiros, entre eles o cartão Renner e um cartão internacional.

Análise da Terra Investimentos

Muito impactado pela pandemia, o varejo ainda é um dos setores que não se recuperaram da desaceleração econômica dos últimos anos. Além disso, o efeito negativo da guerra entre Rússia e Ucrânia sobre os preços de energia geraram uma inflação sistêmica, tendo em vista a relevância dos combustíveis nos custos de todo a cadeia produtiva. 

Na maioria dos países, a resposta para esse quadro foi o aumento de juros de forma rápida e acentuada pelas autoridades monetárias. Com o dinheiro mais caro, muitas famílias perderam poder de compra e aumentaram o seu nível de endividamento.

De acordo com Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, os números divulgados pela LREN3 revelam essa realidade. “Se, por um lado, há indícios de recuperação, por outro as margens ainda estão pressionadas pelo ambiente macroeconômico”, avalia. 

O analista ainda destaca que os volumes de vendas no último trimestre foram maiores do que os registrados antes do início da pandemia, tanto nas lojas físicas quanto no comércio digital. “O e-commerce é um dos principais focos de melhoria da empresa nos últimos anos. Hoje, os resultados já aparecem, com aumento da participação de mercado devido a preços competitivos e melhora na experiência do consumidor, sobretudo nos serviços de entregas, visto como ponto importante para compradores desse segmento”, explica. 

No entanto, as margens ainda não recuperaram os níveis pré-pandêmicos, em razão da alta dos custos ocasionada pela inflação e da valorização do dólar no período. Por isso, o resultado operacional não correspondeu ao potencial da empresa, mesmo tendo apresentado uma evolução em números absolutos.  

O segmento de crédito ao consumidor da LREN3 teve um trimestre significativamente abaixo dos anteriores. Isso porque os juros altos desestimularam a tomada de crédito e impulsionaram as provisões, o que impactou negativamente o resultado operacional da empresa. 

Perspectivas

Para 2023, as preocupações quanto ao cenário se mantém. Nesse sentido, não há indícios que os juros comessem a cair antes do fim do ano, e ainda existe a possibilidade de novas altas da Selic, visto que o governo federal assumiu mais gastos e ainda não detalhou quais serão as medidas que servirão para compensá-los.

Para Novaes, mesmo em um cenário econômico conturbado, a empresa ainda pode manter tendência positiva de recuperação das margens. Uma das razões para isso é a sua estratégia de crescimento, que é bem-vista no longo prazo tanto nas lojas físicas quanto no digital.

“Os resultados recentes e a perspectiva negativa para o varejo penalizaram os papéis do setor. De forma geral, a desconfiança sobre as varejistas atingiu as ações da Lojas Renner, pois atualmente a empresa opera em múltiplos muito inferiores aos históricos. Porém, nos últimos anos, o crescimento da empresa foi maior em relação à média do setor, e isso pode ser convertido em uma fatia maior de mercado nos próximos anos”, conclui o analista.

Pontos fortes da Lojas Renner (LREN3)

  • – Seus múltiplos encontram-se abaixo da média histórica, o que pode ser um indicativo de bom momento para compra de suas ações.
  • – Possui solidez financeira e boa geração de caixa.
  • – Na comparação com outras varejistas de moda, possui margens mais estáveis ao longo dos anos.
  • – Sua estratégia de crescimento é bem definida e de execução simples. 
  • – É a maior varejista de moda do mercado brasileiro, com bom posicionamento de marca e público fidelizado.
  • – Possui um ecossistema amplo, com diferentes marcas, produtos e serviços de abrangência nacional.

Pontos fracos da Lojas Renner (LREN3)

  • – O período de baixo crescimento, juros altos e moeda local desvalorizada impactou negativamente o seu resultado.
  • – A concorrência em meios digitais é crescente, incluindo fortes players internacionais, como a Shein. 

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