A Natura (NTCO3) reportou prejuízo líquido de R$ 652,4 milhões no 1° trimestre de 2023 (1T23), valor um pouco acima ao do resultado negativo de R$ 643,1 milhões auferido no mesmo período do ano passado. De acordo com a companhia, o indicador sofreu com o aumento de despesas financeiras e com perdas de operações descontinuadas.
Já a receita líquida consolidada da companhia atingiu R$ 8,02 bilhões, queda de 2,8% em relação ao 1T22 e 3,4% maior se considerarmos o indicador em moeda constante (“CC”).
“O crescimento em CC foi impulsionado novamente pelo forte desempenho de Natura &Co Latam (+9,0% em CC) e da Aesop (+16,8% em CC), parcialmente compensado pelos contínuos desafios na The Body Shop (-9,4% em CC) e em menor grau na Avon International (-7,5% em CC, -3,7% excluindo Rússia e Ucrânia)”, disse a Natura no relatório de resultados divulgado nesta terça-feira (9).
Excluída a Aesop (operação descontinuada), a receita líquida consolidada do 1T23 somou R$ 7,3 bilhões, alta de 2,2% em CC e queda de 3,8% em reais na base anual.
No 1T23, o EBITDA ajustado foi de R$ 841,7 milhões, um avanço de 41,3% frente ao mesmo período de 2022. Segundo a Natura, a evolução do indicador se deve à combinação entre melhora das margens da Natura &Co Latam e da Avon International e menores despesas da holding. Para a companhia, esses aspectos compensaram a leve pressão em relação ao ano anterior na The Body Shop e a maior pressão de investimentos contínuos na Aesop.
A margem EBITDA ajustada ficou em 10,5%, representando um aumento de 3,3 pontos percentuais (p.p.) no comparativo anual. Já o EBITDA ajustado sem Aesop somou R$ 712,1 milhões, alta de 56,1% na base anual e margem de 9,7% (+3,7 p.p. no ano).
Fábio Barbosa, CEO da Natura, afirma que o desempenho da companhia no 1T23 está em linha com o que havia sido comunicado anteriormente. “Os números do primeiro trimestre mostram uma melhora sólida tanto na margem bruta quanto na margem EBITDA ajustada, enquanto a empresa continua realizando importantes mudanças estruturais em seu portfólio, com foco na simplificação de sua estrutura e na melhoria de sua estrutura de capital”, disse o executivo na divulgação dos resultados.
Exceto pela Aesop, a Natura apresentou melhora na lucratividade em todas as unidades de negócios no 1T23.
“A expansão da margem bruta neste trimestre se deve à manutenção do aumento de preços e a um mix mais favorável, mais do que compensando o ambiente inflacionário em que estamos inseridos…. Da perspectiva de receita, o destaque segue sendo a marca Natura, que segue em forte impulso desde o ano passado, com as vendas da Natura no Brasil crescendo 25%, impulsionadas por volume e forte e crescimento da produtividade” explica Barbosa.
Ao final de março de 2023, a dívida líquida da companhia, excluindo leasing, era de R$ 9,4 bilhões, alta de R$ 2 bilhões em relação ao final de 2022. A companhia justifica o incremento da dívida em função do consumo de caixa sazonal, combinado ao aumento do estoque e recebíveis devido ao crescimento da marca Natura.
Venda da Aesop
Está em análise para aprovação o acordo para venda da Aesop à L’Oreal por US$ 2,52 bilhões. A expectativa é de que esse acordo seja fechado ainda no terceiro trimestre de 2023, com as devidas aprovações regulatórias.
A venda da Aesop faz parte da restruturação financeira da Natura, que, entre outras prioridades, busca reduzir o seu endividamento com a operação.
“Acreditamos que a redução maciça da dívida líquida da empresa, combinada a margens EBITDA mais fortes, decorrentes da melhoria operacional dos negócios, e aliada ao nosso foco incansável na conversão de caixa, abrirá caminho para uma forte geração de caixa nos próximos anos, permitindo-nos fazer investimentos com disciplina em nossas prioridades de negócios, e destravando valor para nossos acionistas”, conclui o CEO da Natura.
