Quem tem uma ligação mais próxima com agronegócio conhece bem o termo “basis” ou “prêmio”. E não é para menos, pois ele interfere diretamente no preço que o produtor rural comercializa a sua safra.
Em termos simples, basis ou premio representam o apetite do comprador pela commodity em determinada região. Assim como em vários outros mercados – como o imobiliário ou o automotivo, por exemplo – se há maior demanda do que oferta por determinado produto, começa-se a negociar um “ágio”. Por outro lado, se a demanda for menor do que a oferta, haverá um “deságio” na negociação.
Em linhas gerais, compara-se onde é mais vantajoso comercializar, se na praça local ou no mercado externo, por exemplo. Se houver ágio, o basis no agro representará quanto o exportador está disposto a pagar para convencer esse produtor a enviar a mercadoria ao porto.
Cálculo do basis/prêmio no Agro
O cálculo para se chegar ao prêmio no agro é feito subtraindo o preço à vista da commodity no mercado físico do preço do contrato futuro de primeiro vencimento. O saldo será um basis ou prêmio positivo ou negativo.
Mas “prêmio negativo” é algo que soa estranho, não é mesmo?
Um caso prático nos ajuda a entender melhor como isso funciona. Vamos tomar como exemplo a soja, que é uma commodity negociada internacionalmente. A formação de preço da soja é realizada na CBOT (Chicago Board of Trade) nos EUA, a bolsa de mercadorias com maior número de negócios nesta e em outras commodities do mundo todo.
Vamos calcular um basis/prêmio recente para contextualizar, utilizando a regra básica abaixo:
Considere as seguintes premissas:
- – data: 12/01/2024
- – fechamento do contrato futuro de soja janeiro/24 (CBOT): US$ 12,0575/bushel
- – Dólar: R$ 4,86
- – Preço à vista na cidade de Sorriso/MT: R$ 102,00/saca
Esse é um exemplo de basis negativo ou prêmio negativo. Nesse caso, podemos entender que, atualmente, os preços no interior do estado do Mato Grosso são afetados pela menor demanda.
Vale salientar que, normalmente, os preços da soja são tidos como referência à base no porto, devido ao forte volume de exportação. Nesse exemplo, pode-se calcular que a diferença de preços entre Sorriso e o porto de exportação (Paranaguá-PR por exemplo) trata-se do custo de frete.
Em suma:
- – O basis pode ser positivo, quando o contrato futuro vale menos do que o mercado físico (spot).
- – O basis pode ser em paridade, quando contrato futuro e mercado físico valem o mesmo preço.
- – O basis pode ser negativo, quando o contrato futuro vale mais do que o mercado físico.
Como a sua composição provém de vários itens, o basis/prêmio pode sofrer influências dos seguintes fatores:
- – curva de preços dos contratos futuros da commodity negociados na bolsa;
- – oferta e demanda local;
- – taxa de câmbio (em especial, do dólar);
- – custo de transporte e logística.
As tradings e grandes indústrias sabem operar bem esse mercado, e com um histórico relevante de preços é possível montar boas estratégias de comercialização. Inclusive, podemos identificar algumas operações das tradings como long basis ou short basis (comprado ou vendido no basis/prêmio).
Eventualmente, em uma operação de hedge bem estruturada, é possível ter ajuste financeiro negativo na bolsa mas com ganho no basis. Isso proporciona um ganho na estratégia de comercialização.
Por fim, o basis não serve somente para a soja ou milho na CBOT, mas também para os contratos negociados na B³, como boi, milho, café, soja, etanol, entre outros.
E você? Conhece o histórico de basis da sua região? Talvez ter essa informação pode ser o super trunfo da sua comercialização. Para saber mais, entre em contato com os especialistas da Terra Investimentos, que podem lhe ajudar na estruturação dessa operação!