Inaugurando o resultado dos bancos do 1° trimestre de 2023 (1T23), o Santander (SANB11) reportou lucro líquido gerencial de R$ 2,14 bilhões no período. O número veio 46,6% abaixo do resultado do mesmo período do ano passado, mas praticamente em linha com as projeções do mercado.
A margem financeira líquida alcançou R$ 6,38 bilhões no 1T23, o que representa um crescimento de 23,8% em relação ao último trimestre mas 31,6% inferior ao mesmo período do ano passado. De acordo com o relatório divulgado na manhã de terça (25), o banco resolveu provisionar todo o risco Americanas já nos primeiros três meses de 2023.
Em relação ao mesmo período de 2022, a provisão para créditos de liquidação duvidosa (PDD) cresceu 138,5%, totalizando R$ 11 bilhões. O aumento da provisão deve-se a um reforço de R$ 4,2 bilhões registrado no 1T23.
No balanço do 4T22, o Santander havia provisionado cerca de 30% do total da dívida das Americanas. No entanto, conforme a lista de credores que a empresa encaminhou à justiça no processo de recuperação judicial, o valor devido ao banco ultrapassa R$ 3,5 bilhões.
“Iniciamos 2023 focados no fortalecimento de nosso balanço. A seletividade do crédito, que estamos adotando a partir do final do 4T21, com foco em produtos com garantias e clientes com melhor perfil de rating, permite uma melhor qualidade de balanço. Mesmo com esta seletividade, conseguimos crescer nossa carteira em negócios estratégicos, com destaque para veículos, consignado e imobiliário, e melhorar nosso resultado de margem com clientes, por maior transacionalidade”, declarou o CEO do Santander Brasil, Mario Leão.
O banco também informou ter crescido em clientes com melhor perfil de rating, com destaque para grandes empresas. Por outro lado, observa que a PDD e o aumento do custo de crédito se mostram compatíveis com o momento, ainda pressionados por safras antigas.
Margem financeira bruta cai 5,7%
No 1T23, a margem com clientes alcançou R$ 14,31 bilhões, alta de 3,3% em relação ao mesmo período do ano passado. A melhora do indicador ocorreu principalmente em captações, com maiores volumes e spreads que acompanharam a alta de juros, além de maiores volumes em crédito.
No entanto, o Santander apresentou resultado negativo de R$ 1,17 bilhão na tesouraria, revertendo o lucro de R$ 84 milhões do primeiro trimestre de 2022. Essa piora da margem de operações com o mercado absorveu a melhora da margem com clientes, ocasionando a queda da margem financeira bruta no período.
Tarifas e receitas de serviços crescem 1,8%
As receitas provenientes de serviços e tarifas bancárias somaram R$ 4,69 bilhões no 1T23, um aumento de 1,8% na comparação anual. Segundo o Santander, o resultado foi impulsionado principalmente pelo crescimento das receitas de operações de crédito, que totalizaram R$ 389 milhões (+16,4%), de administração de fundos e consórcios, que somaram R$ 349 milhões (+8,5%), e de tarifas de conta-corrente, que atingiram R$ 993 milhões (+3,7%).
Por outro lado, as receitas de cobrança e arrecadações caíram 9,4%, chegando a R$ 328 milhões, devido ao menor volume de arrecadações no período. As receitas de corretagem e colocação de títulos também diminuíram, totalizando R$ 358 milhões (-3,7%), devido a menor atividade no mercado de colocação de títulos e M&A, em linha com a dinâmica do mercado.
Carteira de crédito cresce em todos os segmentos
Ao final do 1° trimestre de 2023, a carteira de crédito do Santander somava R$ 500 bilhões, alta de 9,9% em todos os segmentos, a saber:
- – grandes empresas: alta de 18,8%
- – pessoa física: alta de 8,4%
- – pequenas e médias empresas: alta de 6,9%
- – financiamento ao consumo: alta de 1,4%.
Já a carteira de crédito ampliada, que inclui avais, fiança e operações com risco de crédito alcançou R$ 586,3 bilhões, alta anual de 12,3% e de 2,4% no trimestre. O saldo da carteira em moeda estrangeira, incluindo as operações indexadas ao dólar, somou R$ 45,2 bilhões, aumento de 64,8% no ano e de 6,6% no trimestre.