Teoria de Dow: conheça a base da análise técnica

Tempo de leitura: 5 minutos

Teoria de Dow - gráfico
Teoria de Dow - gráfico

Quem opera no trade, ou ao menos se interessa pelo assunto, conhece a importância da análise técnica para as operações de curto prazo do mercado de capitais. Essa metodologia tem como base a Teoria de Dow, criada há mais de um século e que se mantém relevante até hoje.

À primeira vista, pode parecer estranho algo tão antigo ainda estar presente no dia a dia do trader. E se considerarmos a sofisticação cada vez maior do mercado financeiro, soa até como um paradoxo. Mas o motivo para o sucesso dessa teoria é simples: de forma eficaz, ela conseguiu capturar a essência dos movimentos do mercado. Por isso, é considerada o pilar da análise técnica, conforme mostraremos a seguir.

Teoria de Dow: o que é e como surgiu?

De acordo com a Teoria de Dow, o mercado se move em tendências que, por sua vez, refletem as informações disponíveis. Segundo os seus preceitos (os quais veremos detalhadamente mais adiante), para que possamos tomar tomar as melhores decisões de investimento, basta analisar essas tendências e seus padrões de preços e volumes.

Quem desenvolveu essa teoria foi o jornalista Charles Henry Dow, um dos fundadores do The Wall Street Journal e criador do Dow Jones – o índice mais famoso do mercado financeiro mundial. O seu interesse pelo mercado financeiro o levou a estudar muito sobre o mundo dos investimentos. Com o passar do tempo, começou a esboçar as ideias que, posteriormente, dariam sustentação à análise técnica.

Uma das primeiras constatações de Dow foi que os preços dos ativos não se moviam de forma aleatória. Em vez disso, seguiam tendências (de maior ou menor intensidade), de acordo com o conhecimento disponível no mercado. Conforme suas observações o levavam a conclusões, ele foi elaborando sua teoria, mas não chegou a elaborar um documento formal. Seu trabalho foi compilado por seus seguidores anos mais tarde, após a sua morte.

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Quais os princípios da Teoria de Dow?

Podemos agrupar os conceitos desenvolvidos por Charles Dow em sete princípios que apoiam a análise técnica. Acompanhe a seguir.

1 – Os índices já trazem os preços descontados

Esse princípio é considerado o ponto de partida da análise técnica. De acordo com a Teoria de Dow, exceto por eventos inesperados (como catástrofes, crises financeiras e qualquer outro sobre o qual não se tenha ingerência), os índices refletem o comportamento do mercado.

Em outras palavras, observar indicadores e gráficos de movimentos passados seria o mais eficiente para determinarmos o preço de um ativo. Segundo os preceitos de Dow, isso ocorre porque o histórico mostra os patamares nos quais as pessoas se mostraram mais ou menos otimistas quanto a determinado investimento. E, mesmo que ocorram eventos surpresa, o mercado consegue se ajustar de forma rápida e absorver os impactos nos preços.

2 – O mercado possui três tendências

Outro ponto de apoio importante da análise técnica é a definição das tendências. Segundo Dow, os preços acompanham três tendências, que são a primária, a secundária e a terciária.

A tendência principal – e também a mais duradoura – é a primária, e ela possui três fases, as quais detalharemos no próximo fundamento. Já a tendência secundária tem duração menor, e mostra a variação dos preços dentro da tendência primária. Por fim, temos a tendência terciária, de curta duração e que se forma dentro da secundária.

Um exemplo normalmente utilizado para entender as três tendências é a comparação com as ondas do mar. Imagine que a tendência primária seja uma maré forte e movimentada. As ondas que se formam nessa maré representam a tendência secundária, e as marolas que se formam entre as ondas (sem amplitude ou duração) são a tendência terciária.

Aplicado ao mercado financeiro, o exemplo poderia ser uma ação que está em alta há alguns meses (tendência primária), sendo que o seu preço oscila em alguns dias (tendência secundária). E quem opera no day trade também percebe variações no preço dessa ação durante um dia (tendência terciária).

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3 – A tendência primária possui três fases

Normalmente, podemos observar três fases na tendência primária de alta, que são a acumulação, a participação pública e a distribuição.

A fase de acumulação é o melhor momento para comprar um ativo. Isso porque os preços estão começando a subir, pois o mercado já assimilou eventuais efeitos negativos que possam ter ocorrido. Na linguagem do mercado, é nessa fase que observamos uma reversão para alta.

A fase de participação pública é aquela na qual os investidores começam a comprar o ativo, pois identificam a tendência. Nesse momento, o mercado percebe e começa a assimilar o otimismo, e isso faz com que os preços subam ainda mais.

Por fim, temos a fase de distribuição, que é quando mais pessoas se dispõem a comprar, influenciadas pelas notícias sobre a alta do mercado. Essa é a melhor fase para quem deseja vender os ativos, antes que os preços comecem a cair – e é justamente isso o que os investidores mais experientes costumam fazer.

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4 – Índices e médias devem se confirmar entre si

Segundo Dow, uma tendência somente será considerada válida de os índices se confirmarem entre si, ou seja, se eles acompanharem as tendências.

Suponha que você esteja analisando as ações da Magazine Luiza. Para que possa confirmar a tendência dessa ação (se de alta ou de queda), será preciso avaliar também o preço de outras varejistas semelhantes – como as do Grupo Casas Bahia, por exemplo – ou de algum índice específico do setor. Se tudo apontar para a mesma direção, é provável que a tendência se confirme, o que torna a análise mais confiável.

5 – A tendência é confirmada pelo volume

Além do movimento dos preços, é preciso que o volume de negociações seja expressivo para que se confirme uma tendência.

Nesse sentido, uma alta nos preços com volume crescente é o que, de fato, confirma a força de uma tendência. Já se os preços aumentam mas o volume cai, isso pode ser um sinal de que a tendência esteja enfraquecendo, e que a alta dos preços se deu justamente pelo menor volume de ofertas.

6 – A tendência se mantém até que ocorra algum sinal de reversão

Basicamente, esse preceito é a própria Lei da Inércia de Newton. Ou seja, um corpo permanecerá em repouso ou em movimento estável até que uma força externa atue sobre ele.

A mesma lógica vale para ações e outros ativos financeiros do mercado. Ou seja, se uma ação está em alta ou em queda, a tendência é de que continue essa trajetória até que um novo acontecimento mude a direção do preço.

Segundo Charles Dow, observar topos e fundos no gráfico de preços do ativo ajuda a identificar possíveis reversões de tendência. Isso porque um topo mais alto (na tendência de alta) e um fundo mais baixo (na tendência de baixa) podem ser indicativos de reversão dos preços.

Na análise técnica, os conceitos de suporte e resistência mostram bem como acontece uma reversão de tendência:

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7 – O mercado pode se mover lateralmente

Por fim, em algumas situações, pode ser que as forças de oferta e procura estejam equilibradas no mercado. Nesse caso, não haverá uma tendência definida, e o movimento dos preços será apenas lateral, sem topos e fundos.

Críticas à Teoria de Dow

Embora tenha sido pioneira e ainda amplamente utilizada, é importante saber que a Teoria de Dow não é infalível – assim como qualquer outra teoria ou indicador que possamos utilizar para análise de ativos.

Como todas as ferramentas da análise técnica, os preceitos de Dow buscam identificar as probabilidades de um ativo se movimentar de uma ou outra forma no mercado. Porém, uma das principais críticas a sua eficácia diz respeito à lentidão da confirmação dos sinais de tendência. Além disso, ela pode gerar dúvidas no longo prazo, pois pode ser difícil identificar quando um movimento secundário se torna primário, e quando um terciário se transforma em secundário.

Por isso, é sempre importante que o trader conheça bem e utilize indicadores técnicos para que consiga dar um suporte consistente às suas análises.

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