Quando o assunto é economia, a inflação é uma das principais preocupações, não só no Brasil mas em todo o mundo. Inclusive, diversos países aderiram ao sistema de metas de inflação anual, tendo sido a Nova Zelândia quem o fez primeiro, em 1990.
Por aqui, a meta de inflação foi adotada em 1999 e é revisada anualmente, de acordo com o que acontece no cenário econômico nacional e mundial. Por isso, o tema volta à pauta todos os anos, gerando discussões sobre os rumos da política monetária a ser seguida.
Neste conteúdo, explicaremos o que é, para que servem e como funcionam as metas de inflação. Você também conhecerá o histórico dessas metas desde que foram adotadas e saberá qual a expectativa para os próximos anos. Continue a leitura e confira a seguir.
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O que é o sistema de metas de inflação?
O sistema de metas de inflação é um conjunto de procedimentos que servem para garantir a estabilidade de preços no país. Para isso, determina-se um limite de variação máximo que a inflação pode sofrer ano a ano e, para que se cumpra a meta, os preços devem ficar dentro da faixa estabelecida.
Por exemplo, imagine que a meta de inflação para determinado ano seja de 5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos. Nesse caso, o governo terá alcançado o seu objetivo se a inflação do ano ficar dentro do intervalo de 3,5% e 6,5%.
No Brasil, esse intervalo é medido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), um dos principais índices de inflação do Brasil. Isso significa que, para que a meta seja atingida, a inflação deverá coincidir com o índice, considerando a faixa de variação determinada.
Quem define a meta de inflação?
No Brasil, quem define a meta para a inflação é o Conselho Monetário Nacional (CMN), que é formado pelo Ministro da Fazenda, pelo Ministro do Planejamento e pelo presidente do Banco Central. Já quem deve atuar para garantir que ela seja alcançada é o Banco Central (BC), por meio da política monetária.
Como funcionam as metas de inflação?
No atual desenho, o CMN define em junho a meta para a inflação dos próximos três anos-calendário. Por exemplo, em junho de 2022, foram definidas as metas de inflação de 2023, 2024 e 2025. O objetivo de trabalhar com esse horizonte mais longo é justamente reduzir as incertezas do ambiente econômico, para que famílias, empresas e o próprio governo possam melhorar a sua capacidade de planejamento.
A faixa de tolerância da meta de inflação pode variar de ano para ano, conforme veremos mais adiante. Desde 2017, o CMN trabalha com um intervalo de 1,5 ponto percentual, para cima ou para baixo.
Em linhas gerais, esse sistema contempla os seguintes elementos:
- – A meta de inflação é divulgada previamente ao público.
- – O BC possui autonomia para adotar as medidas que julgar necessárias ao cumprimento da meta.
- – As principais medidas dizem respeito às decisões sobre os rumos da taxa Selic (veremos isso na sequência).
- – Os objetivos e justificativas sobre as decisões da política monetária devem ser comunicados de forma transparente e regular.
Se a meta não for atingida, o presidente do BC precisará explicar os motivos do não cumprimento. Para isso, deverá encaminhar uma carta aberta ao Ministro da Economia detalhando quais as ações que o órgão adotará para que a inflação volte aos limites definidos e o prazo previsto para que as providências surtam efeito.
Relação entre inflação e Selic
A cada 45 dias, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) se reúne para decidir sobre o rumo da Selic. Dependendo do cenário macroeconômico, os juros podem ficar no mesmo patamar ou sofrer alterações, para cima ou para baixo. E a inflação é uma das variáveis mais importantes para tomar essa decisão.
Quando a economia está aquecida, as pessoas tendem a gastar mais porque se sentem mais confiantes em relação ao futuro. No entanto, se esse consumo cresce de forma exagerada, as empresas não conseguem oferecer produtos e serviços suficientes para todos os que estão dispostos a adquiri-los. Quando isso acontece, temos o que se chama de inflação de demanda. Ou seja, há muita gente querendo consumir e poucos itens para atender a todos.
A quantidade de dinheiro que circula na economia é uma das causas do aumento da inflação. Para reduzir esse volume, o governo aumenta a taxa de juros. Dessa forma, o crédito e o custo de produção das empresas ficam mais caros, o que desestimula os gastos, e ajuda a conter a disparada dos preços, até que voltem a patamares inferiores gradualmente.
Por outro lado, quando existe uma crise na economia, as pessoas seguram os gastos por receio de dificuldades financeiras. Porém, se o consumo retrair muito, isso agrava ainda mais a crise e dificulta a retomada da atividade econômica.
Nessa situação, para incentivar o consumo, a autoridade monetária reduz a taxa de juros, o que ajuda as empresas a manter a produção e os empregos. Ao mesmo tempo, com a Selic mais baixa, o dinheiro fica mais barato, o que serve de estímulo para que as pessoas voltem a gastar.
Por que esse sistema é importante?
Quando a inflação está em linha com uma meta pré-estabelecida, a economia do país se torna muito mais previsível. Dessa forma, todos conseguem se planejar melhor financeiramente, sem grandes surpresas quanto aos rumos da economia.
Quanto maior for essa previsibilidade, mais as empresas poderão investir na produção e gerar mais empregos. O mesmo vale para as famílias e para o governo, pois o objetivo dessa previsibilidade é fazer a economia crescer de forma sustentável ao longo dos anos.
A cada três meses, o Copom divulga o relatório de inflação, no qual divulga as diretrizes das políticas adotadas, sua evolução e as projeções para a inflação. Para realizar essas projeções, o colegiado utiliza um conjunto de modelos e cenários, sempre com foco no seu principal objetivo, que é o controle da inflação.
Evolução das metas de inflação
Abaixo você pode conferir o histórico do sistema de metas de inflação desde que foi adotado no Brasil:
Ano | Meta (%) | Intervalo +/- (p.p.) | Tolerância (%) | Inflação (IPCA) |
1999 | 8 | 2 | 6 – 10 | 8,94 |
2000 | 6 | 2 | 4 – 8 | 5,97 |
2001 | 4 | 2 | 2 – 6 | 7,67 |
2002 | 3,5 | 2 | 1,5 – 5,5 | 12,53 |
2003* | 4 | 2,5 | 1,5 – 6,5 | 9,30 |
2004* | 5,5 | 2,5 | 3 – 8 | 7,60 |
2005 | 4,5 | 2,5 | 2 – 7 | 5,69 |
2006 | 4,5 | 2 | 2,5 – 6,5 | 3,14 |
2007 | 4,5 | 2 | 2,5 – 6,5 | 4,46 |
2008 | 4,5 | 2 | 2,5 – 6,5 | 5,90 |
2009 | 4,5 | 2 | 2,5 – 6,5 | 4,31 |
2010 | 4,5 | 2 | 2,5 – 6,5 | 5,91 |
2011 | 4,5 | 2 | 2,5 – 6,5 | 6,50 |
2012 | 4,5 | 2 | 2,5 – 6,5 | 5,84 |
2013 | 4,5 | 2 | 2,5 – 6,5 | 5,91 |
2014 | 4,5 | 2 | 2,5 – 6,5 | 6,41 |
2015 | 4,5 | 2 | 2,5 – 6,5 | 10,67 |
2016 | 4,5 | 2 | 2,5 – 6,5 | 6,29 |
2017 | 4,5 | 1,5 | 3 – 6 | 2,95 |
2018 | 4,5 | 1,5 | 3 – 6 | 3,75 |
2019 | 4,25 | 1,5 | 2,75 – 5,75 | 4,31 |
2020 | 4 | 1,5 | 2,5 – 5,5 | 4,52 |
2021 | 3,75 | 1,5 | 2,25 – 5,25 | 10,06 |
2022 | 3,5 | 1,5 | 2 – 5 | 5,79 |
2023 | 3,25 | 1,5 | 1,75 – 4,75 | |
2024 | 3 | 1,5 | 1,50 – 4,50 | |
2025 | 3 | 1,5 | 1,50 – 4,50 |
(Fonte: Banco Central)
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