Política monetária: o que isso tem a ver com a sua vida?

Tempo de leitura: 6 minutos

Imagem mostra a influência da política monetária nas finanças
Imagem mostra a influência da política monetária nas finanças

Mesmo que você não acompanhe a economia, já deve ter ouvido nos noticiários que o Brasil passa por um momento de aperto da política monetária. Embora esse assunto possa parecer complexo e distante, ele está mais perto de nossas vidas do que você possa imaginar. Seja nas compras do supermercado, no financiamento que fizemos no banco ou nos simples boletos de despesas do dia a dia, tudo isso sofre os efeitos da política monetária do país.

Todos nós precisamos cuidar do orçamento, para evitar gastos acima de nossos ganhos. Com o governo, isso é ainda mais importante. Nesse sentido, se não houver controle do dinheiro em circulação, a inflação dispara e afeta negativamente a vida financeira de todas as pessoas.

E como o governo faz esse controle? Será que existe relação entre a política monetária e os investimentos? O que mais precisamos saber sobre o assunto para cuidar do nosso dinheiro? As respostas para essas e outras perguntas é exatamente o que veremos a seguir!

O que é política monetária?

Uma boa forma de entendermos o que é e para que serve a política monetária é fazendo uma analogia com as nossas finanças pessoais.

Imagine que você ficou alguns meses com as contas no vermelho e finalmente decidiu fazer um planejamento financeiro. Para isso, você listou todos os seus gastos, comparou com o que ganha e traçou metas para reduzi-los e adequá-los a sua realidade financeira.

Assim como você, o governo também precisa equilibrar as suas finanças. Caso contrário, poderá haver prejuízos para a economia do país. Para fazer isso, o governo elabora uma política econômica com base em três pilares: política fiscal, política cambial e política monetária.

Nesse sentido, a política fiscal diz respeito à arrecadação e aos gastos públicos. Ou seja, ela é o orçamento do país propriamente dito.

Já a política cambial são as diretrizes que estabelecem como será a taxa de câmbio. Em outras palavras, é essa política que irá determinar como serão as relações entre o real e as moedas dos outros países.

Por fim, a política monetária tem como objetivo equilibrar a quantidade de dinheiro em circulação. Isso porque, quando há um excesso de dinheiro circulando, a inflação tende a aumentar, e isso prejudica o poder de compra da população. Por outro lado, quando o consumo desaquece muito, isso prejudica a atividade das empresas. Em casos mais graves, a queda da atividade empresarial gera desemprego e traz o risco de recessão para a economia.

Ou seja, cada um dos três pilares cuida de aspectos diferentes da política econômica. Nesse sentido, o papel da política monetária é buscar um equilíbrio constante na circulação de dinheiro no país.

Quem define a política monetária?

O Banco Central (BC), órgão supervisor do Sistema Financeiro Nacional, é o responsável por definir a política monetária do Brasil. Ele faz isso por meio do Comitê de Política Monetária (Copom) que se reúne a cada 45 dias para avaliar variáveis macroeconômicas que influenciam no país, como PIB, inflação, nível de empregos, entre outras.

De acordo com a avaliação dessas variáveis, o comitê estabelece o valor da taxa Selic. Por sua vez, a Selic é o instrumento de política monetária mais importante utilizado pelo governo, conforme veremos a seguir.

Importância da Selic para a política monetária

Como falamos no início, o desafio da política monetária é manter o equilíbrio da quantidade de dinheiro que circula na economia.

De forma geral, quando há prosperidade econômica, a tendência é de que haja um crescimento no consumo. Isso porque, quando confiamos na economia, normalmente aumentamos os gastos ou incorporamos novas despesas ao orçamento. No entanto, se esse consumo cresce de maneira exagerada, as empresas não conseguem oferecer a quantidade de produtos e serviços que todos estão dispostos a adquirir.

Em outras palavras, nessa situação, temos um desequilíbrio entre oferta e demanda. Ou seja, há pouca oferta de itens para uma demanda muito grande de consumo. Por causa da escassez de produtos e serviços, os preços desses itens acabam subindo. Dessa forma, para conter a inflação, o governo aumenta a taxa Selic. Nessa situação, o custo do dinheiro mais caro desestimula os gastos. Isso ajuda a fazer com que os preços retomem gradualmente patamares inferiores.

Por outro lado, quando a economia não vai bem, as pessoas ficam inseguras em relação às suas finanças e reduzem os gastos. No entanto, se a retração no consumo for muito grande, as empresas produzem e vendem menos. Dessa forma, acabam demitindo, e isso agrava ainda mais qualquer crise financeira. Nesse caso, para incentivar o consumo, o governo reduz a Selic. Assim, as pessoas gradualmente voltam a gastar mais, e isso dá fôlego à atividade econômica.

Política contracionista X política expansionista

No item anterior, vimos de que formas a Selic influencia a política monetária. Nesse sentido, quando o governo aumenta os juros para conter a inflação, dizemos que ele está adotando uma política contracionista ou restritiva. Em outras palavras, ele atua para contrair o consumo e, consequentemente, reduzir o volume de dinheiro em circulação.

Na situação contrária, quando o objetivo é baixar os juros para fomentar a atividade econômica, temos uma política expansionista. Na economia, essas duas estratégias também são conhecidas como hawkish (contracionista) e dovish (expansionista).

Outros instrumentos de política monetária

Embora a Selic seja o principal instrumento de política monetária, existem outras ferramentas que o governo utiliza para controlar a quantidade de dinheiro em circulação no país. A seguir, confira quais são elas:

Depósitos compulsórios

Embora o dinheiro que você deposita na sua conta corrente seja seu, ele não fica lá parado o tempo todo até que você faça um saque. Em vez disso, o banco movimenta esses recursos, inclusive emprestando-os para outros clientes.

Para limitar a quantidade de dinheiro que os bancos podem movimentar, o Banco Central determina que parte desses recursos fiquem sob sua custódia. Ou seja, os bancos devem fazer depósitos compulsórios junto ao BC, cujo percentual será definido pela própria entidade.

Nesse sentido, se o momento da economia exige uma política monetária mais contracionista, o BC aumenta o percentual desses depósitos. Com isso, a quantidade de dinheiro em circulação reduz, o que ajuda a controlar a inflação. Por outro lado, se o objetivo é aquecer o consumo, a alíquota do depósito compulsório acaba sendo menor.

Redescontos bancários

Assim como os clientes podem tomar empréstimos junto aos bancos, esses também podem fazer o mesmo junto ao Banco Central. Isso se chama redesconto bancário, e acontece quando uma instituição financeira tem poucos recursos em caixa.

Em relação à política monetária, o funcionamento do redesconto é justamente o oposto dos depósitos compulsórios. Ou seja, quando o BC precisa reduzir a quantidade de dinheiro em circulação, ele aumenta a taxa de redesconto que os bancos pagam. Dessa forma, as instituições financeiras acabam tendo menos disposição para fazer esses empréstimos. Porém, se o objetivo for fomentar o consumo, o BC ajuda os bancos a emprestar mais dinheiro para as pessoas. Para isso, reduz as taxas de redesconto e, com o dinheiro mais barato, o crédito se torna mais atrativo.

Open market

Se você já investe, ou está planejando começar a montar suas reservas financeiras, provavelmente já ouviu falar no Tesouro Direto. Da mesma forma que o Tesouro está à disposição de todos os investidores, os bancos também podem comprar e vender esses títulos entre si. Essa negociação que ocorre entre as instituições financeiras é o que chamamos de open market (ou mercado aberto).

Aqui, o propósito é o mesmo das ferramentas anteriores. Ou seja, quando o BC precisa injetar mais recursos na economia, ele compra títulos do Tesouro Direto dos bancos. Dessa forma, com mais dinheiro em caixa, essas instituições conseguem fazer mais empréstimos. Em contrapartida, para enxugar a base monetária, o Banco Central oferece esses títulos para os bancos com taxas atrativas. Assim, as instituições financeiras reduzem os volumes de dinheiro em caixa.

Como a política monetária afeta a sua vida?

Embora o principal objetivo da política monetária seja controlar a inflação, os seus efeitos vão bem além disso. De acordo com o BC, ela influencia desde as pequenas decisões de consumo das famílias até os grandes projetos de investimentos das empresas e também do governo. Além disso, a política monetária impacta também a taxa de câmbio, as perspectivas de crescimento do país e diversas outras importantes variáveis econômicas.

Em relação aos investimentos, a renda fixa fica mais atrativa quando os juros estão em alta. Por outro lado, quando a Selic sobe, isso também se reflete no custo de empréstimos e financiamentos. Dessa forma, muitas vezes as pessoas adiam planos como a compra da casa, a troca do carro e vários outros que necessitariam da tomada de crédito. O mesmo acontece com empresas, que acabam reduzindo planos de expansão ou novos investimentos quando o dinheiro está mais caro.

Por outro lado, taxas de juros mais baixas favorecem o crédito e fazem com que investidores busquem alternativas mais rentáveis na renda variável. Nesse sentido, os investimentos na bolsa – como ações, fundos imobiliários (FIIs), ETFs ou BDRs, por exemplo – acabam ganhando destaque quando a Selic está em baixa.

Quando você entende os efeitos da política monetária na sua vida, fica muito mais fácil tomar decisões sobre o seu dinheiro e montar um bom planejamento financeiro.

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