Hawkish e dovish: entenda as duas formas de condução da política monetária

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem mostra falcão representando a postura hawkish na política monetária (hawkish e dovish)
Imagem mostra falcão representando a postura hawkish na política monetária (hawkish e dovish)

Hawkish e dovish são dois termos que representam a postura dos bancos centrais em relação às políticas fiscal e monetária.

Se você acompanha economia e o mundo dos investimentos, provavelmente já ouviu falar sobre bull market e bear market, termos que se referem à alta e à baixa do mercado. Traduzidos, bull significa touro e bear, urso. Além desses termos, outros dois animais aparecem no jargão econômico: hawk (falcão) e dove (pomba), mas dessa vez para designar a tendência da taxa de juros.

Além de entender o momento atual de mercado, conhecer as posturas hawkish e dovish ajuda a decidir quais os investimentos mais adequados para cada situação. Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto.

Hawkish e dovish: o que significam cada uma dessas posturas

Antes de falarmos sobre cada uma das condutas, é preciso entender como funciona a política econômica.
Para determinar e controlar os rumos da economia, o governo traça diversas estratégias no sentido de fomentar a atividade, controlar a inflação e o desemprego e manter forte a moeda local. Tudo isso faz parte da política econômica, que é executada em três níveis: fiscal, cambial e monetária.

Nesse sentido, a política fiscal é a que se refere à arrecadação e aos gastos do governo. Ou seja, é ela que determina e regula o orçamento público, visando manter um equilíbrio entre as despesas e a geração de receita do país.
Já a política cambial é a que estabelece o regime de taxas de câmbio que o país adotará. Em outras palavras, ela regula as relações entre a moeda local e as de outros países.

Por fim, a política monetária tem como objetivo manter forte a moeda do país. E uma das principais ações para que isso aconteça é o controle da inflação, cujo principal instrumento é a taxa de juros. Dependendo do momento da economia, o Banco Central será mais ou menos restritivo na condução da política monetária, e é aqui que entram as posturas hawkish e dovish.

Postura hawkish

O termo hawkish, associado ao vôo do falcão, é utilizado quando o governo decide elevar a taxa de juros ou mantê-la alta. Isso acontece quando há preocupação em conter a alta generalizada dos preços na economia.

Como vimos, a taxa de juros é um dos principais instrumentos do governo para controlar a inflação. Quando a economia está aquecida, há uma motivação natural das pessoas para gastarem mais. No entanto, se o consumo se torna excessivo, ocorre um desequilíbrio entre a demanda e a oferta. Em outras palavras, as empresas não conseguem produzir itens suficientes para atender a toda população. Logo, a escassez de produtos e serviços no mercado impulsiona os seus preços para cima, causando inflação.

Outro fator que contribui para aumentar a inflação em momentos de forte atividade econômica é a alta dos salários. Para conseguirem manter o padrão de consumo, os trabalhadores também passam a exigir maiores salários. Além disso, se há mais demanda do que oferta, as empresas precisam contratar mais, o que, naturalmente, torna a mão de obra mais cara.

Nesse momento, para frear o consumo e recalibrar os valores dos salários, o governo aumenta a taxa de juros. Com juros mais altos, o dinheiro se torna mais caro, e isso traz o arrefecimento da atividade econômica. Dessa forma, teoricamente, consegue-se reequilibrar a relação entre demanda e oferta.

Em tempos de política hawkish, não são só as empresas e a população que sentem a retração nas finanças. Em relação às contas públicas, o governo também fica mais rigoroso. Nesse sentido, promove cortes de gastos e pode criar ações para aumentar a arrecadação tributária.

Pelo fato de promover um aperto monetário geral, a política hawkish também é chamada de contracionista.

Postura dovish

Já a postura dovish (pomba) é adotada na situação contrária. Ou seja, quando há uma desaceleração na economia -ou, em última instância, uma recessão- e o governo precisa estimular a atividade.

Para incentivar a geração de empregos e o consumo, uma das alternativas do governo é reduzir os juros. Dessa forma, as empresas tomam mais fôlego para contratar e aumentar a produção. Além disso, o crédito também fica mais acessível, o que estimula a população a voltar a gastar.

Da parte do governo, há um afrouxamento no controle de gastos. Nesse sentido, pode haver subsídios e desonerações à cadeia produtiva, que também incentivam a atividade econômica.

Além disso, a queda dos juros também ajuda a controlar o crescimento da dívida pública. Isso porque, em tempos dovish, o governo emite títulos públicos com juros mais baixos. O ponto menos favorável é que a remuneração mais baixa acaba afastando muitos investidores, que encontram remunerações mais atrativas em outros países.

Ao contrário da hawkish, a política dovish é conhecida como expansionista, justamente pelo foco no aquecimento da economia.

Como investir em momentos hawkish e dovish?

Depois de conhecer o que significam as duas condutas, fica mais fácil entender como cada uma delas se reflete nos investimentos, certo?

Quando os juros estão mais altos, a renda fixa passa a ser mais atrativa. Ou seja, o investidor pode obter uma boa remuneração sem necessariamente estar exposto a ativos de maior risco. Logo, em tempos hawkish, títulos de prazos mais longos prefixados e indexados à inflação acabam sendo boas alternativas para a carteira.

Mas há também opções interessantes na renda variável em tempos de juros altos. Um exemplo são os fundos imobiliários (FIIs) que podem ser de papel, tijolo ou mistos. No caso dos FIIs de papel e mistos, há diversos que têm no patrimônio títulos expostos ao CDI. Já nos FIIs de tijolo, muitos contratos de aluguel têm o IGP-M como indexador. Logo, com a inflação em alta, os aluguéis se tornam mais caros, e isso se reflete positivamente nos ganhos dos cotistas.

Por outro lado, quando os juros estão mais baixos, a renda variável oferece mais chances de potencializar a rentabilidade. Para o investidor mais arrojado, esse pode ser o momento de rebalancear a carteira aumentando ações, ETFs, BDRs e outros ativos de maior risco.

Lembrando sempre que, independentemente do momento da economia, a diversificação dos investimentos é sempre importante. Isso porque a economia possui ciclos, e nada garante que uma política hawkish ou dovish se mantenha por muito tempo. Ao contrário, o normal é que os governos alternem as duas conduções de política monetária ao longo do tempo.

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