Grau de investimento: entenda a importância desse selo para o país

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem de dólar em alta faz referência ao grau de investimento
Imagem de dólar em alta faz referência ao grau de investimento

Com a apresentação do arcabouço fiscal e elevação da perspectiva de nota para o Brasil por parte da agência de risco S&P, o assunto grau de investimento retornou ao debate por aqui. Mesmo que as novas regras tributárias ainda não tenham sido aprovadas, já se discute sobre a possibilidade de recebermos novamente o selo de bom pagador.

Essa chancela é muito importante para os países e também para as empresas, pois pode mudar a economia de patamar, favorecendo a capacidade de atrair investimentos internacionais. A seguir, entenda o que esse conceito significa na prática.

O que é grau de investimento?

Grau de investimento é uma classificação de risco que demonstra ao investidor se é seguro ou não aportar recursos em um país ou em uma empresa. Em outras palavras, ela mostra se quem recebe o investimento tem capacidade de pagamento, ou se é possível que ocorram atrasos ou mesmo inadimplência.

Quando se fala que determinada empresa ou país perdeu o grau de investimento, significa que deixou de ser um bom pagador. Nesse caso, o risco passou a ser maior, o que, dependendo do grau, pode originar problemas para a atividade, se for uma empresa, ou para a economia, quando se tratar de um país.

Como funciona essa classificação de risco?

O rating de crédito é atribuído por uma agência de classificação de risco, sendo as mais conhecidas a S&P (Standard & Poor´s), a Fitch e a Moody´s. Juntas, essas três agências respondem por mais de 90% das classificações de risco em todo o mundo.

No cálculo do rating de um país, essas agências consideram diferentes variáveis macroeconômicas, que influenciam não só a nota da nação, mas também de suas empresas, pois elas estão inseridas na economia. Algumas das mais importantes são as seguintes:

PIB (Produto Interno Bruto)

O PIB é um importante termômetro da economia, pois ele representa o somatório de toda a produção de um país em um período específico. A cada ano, a contagem do indicador zera, pois o seu objetivo é justamente avaliar se houve crescimento ou não da economia em um recorte de tempo.

Quando se diz que o PIB é negativo, é porque o país produziu menos do que no ano anterior. Por outro lado, o indicador em crescimento é sempre positivo, pois demonstra que o ambiente econômico está aquecido e, por isso, mais favorável a investimentos.

Inflação

A inflação pode ocorrer por aumento na demanda por bens e serviços, ou por aumento do custo de insumos para a produção. Independentemente do motivo, quando a alta dos preços é forte e se sustenta por muito tempo, isso desvaloriza a moeda do país, sacrificando o poder de compra da população. Isso fragiliza o cenário econômico, o que também influencia na classificação de risco de países e empresas.

Taxa de juros

Inflação e taxa de juros têm relação direta, pois os juros são um importante instrumento que o governo utiliza para conter a alta dos preços. Quando há excesso de consumo, a tendência é de que os preços aumentem. Nesse caso, para arrefecer a demanda, as autoridades monetárias elevam os juros, o que desestimula os gastos e faz com que os preços retornem a patamares mais baixos.

Por outro lado, quando a economia está desaquecida, o governo baixa os juros para fomentar o consumo. Todo esse movimento é percebido pelo mercado internacional e, por isso, também impacta no grau de investimento do país.

Política fiscal

A política fiscal está relacionada aos gastos realizados pelo poder público. Quando é preciso impulsionar a economia, além de baixar a taxa de juros, o país pode reduzir impostos, investir em setores específicos, ou fazer tudo ao mesmo tempo. Porém, se esses gastos ultrapassam determinados limites e fogem do controle, isso acaba sendo visto como algo que aumenta o risco de crédito.

Grau de investimento e grau especulativo

No grau de investimento, existem diferentes ratings de crédito (ou faixas de classificação) nas quais os países e empresas são classificados. Basicamente, ele funciona como uma medida de corte, pois abaixo da última nota de crédito considerada grau de investimento temos o grau especulativo.

Na categoria de grau especulativo, estão classificados os países e empresas que não contam com tanta confiança por parte dos investidores. Isso porque seus indicadores demonstram certa fragilidade em relação à capacidade de pagamento.

Não que um país ou uma empresa não consiga receber investimentos quando possui o grau especulativo. No entanto, para que seja atrativo aos olhos do investidor, o investimento precisará remunerar significativamente mais, justamente para compensar o risco maior.

Existem algumas diferenças entra as classificações das principais agências de risco. Confira abaixo como elas classificam os tipos de ratings:

Grau de investimento

S&PFitchMoody´s
AAAAAAAaa
AA+AA+Aa1
AAAAAa2
AA-AA-Aa3
A+A+A1
AAA2
A-A-A3
BBB+BBB+Baa1
BBBBBBBaa2
BBB-BBB-Baa3

Grau especulativo

S&PFitchMoody´s
BB+BB+Ba1
BBBBBa2
BB-BB-Ba3
B+B+B1
BBB2
B-B-B3
CCCCCC+Caa1
DDDCCCCaa2
*CCC-Caa3
*CCCa
*CC

Qual o rating do Brasil?

Atualmente, o Brasil está classificado da seguinte forma junto às principais agências de classificação de risco:

  • – S&P: BB-, com perspectiva positiva
  • – Fitch: BB-, com perspectiva estável
  • – Moody´s: Ba3, com perspectiva estável

Apesar de ter mantido o rating do Brasil na última revisão da nota, em junho/2023, a S&P alterou a perspectiva de estável para positiva. Esse foi o primeiro avanço na classificação de risco do país desde 2019.

De acordo com a agência, o que a faz estar mais otimista com a economia brasileira é o crescimento contínuo do PIB e as definições sobre a política fiscal que estão surgindo no novo governo. Para a S&P, apesar do déficit fiscal do país ainda estar elevado, os fatores positivos podem onerar menos a dívida do governo do que se esperava inicialmente.

Além disso, a agência reforçou que acha pouco provável que as reformas implementadas por aqui possam ser revertidas. Isso porque a inflação mais baixa e o afrouxamento da política monetária deve impulsionar a expectativa de crescimento da economia brasileira

O Brasil obteve o grau de investimento em 2008, durante o segundo mandato do governo do presidente Lula, e manteve o selo até 2015, quando perdeu no segundo mandato de Dilma Roussef. Apesar da perspectiva favorável da S&P, a retomada do selo ainda deve demorar, pois será preciso subir dois níveis na classificação para que isso aconteça.

Afinal, por que o grau de investimento é tão importante para o país?

Como vimos, o grau de investimento é um atestado de confiança por parte dos investidores, pois é um indicativo de baixo risco de dar calote. Com essa classificação, fica mais fácil para um país obter empréstimos e atrair investimentos internacionais.

Inclusive, existem alguns fundos de investimento que não podem aportar recursos em países que não tenham esse selo de bom pagador. Ou seja, essa classificação abre portas para que o país tenha novas fontes de financiamento no mercado mundial – e mais baratas, devido ao menor risco.

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