A Vale (VALE3) fechou o 2° trimestre de 2023 (2T23) com lucro líquido de US$ 892 milhões, queda de 78% na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo relatório de resultados divulgado pela companhia na noite desta quinta-feira (27), a piora do indicador se deve, principalmente, aos menores preços realizados de minério de ferro e níquel.
O recuo dos preços também se refletiu negativamente na receita líquida, que caiu 13% no 2T23 no comparativo anual, totalizando US$ 9,67 bilhões. Já o EBITDA ajustado proforma (sem as despesas relativas a Brumadinho) somou US$ 4,1 bilhões, valor US$ 1,1 bilhão abaixo frente ao 2° trimestre de 2022. A margem EBITDA da companhia foi de 40% no 2T23, contra 47% no trimestre anterior e 42% no 2T22.
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Os menores preços de minério de ferro e níquel reduziram o resultado da Vale (VALE3) em US$1,38 bilhão. Outro impacto negativo no indicador foi o resultado financeiro (-US$ 978 milhões), que caiu por causa da apreciação do real e da menor marcação a mercado das debêntures participativas. Por fim, houve também uma baixa de US$ 881 milhões relativa a tributos diferidos de ativos relacionados às provisões da Fundação Renova, depois do plano de recuperação judicial.
O resultado financeiro líquido foi negativo em US$ 157 milhões no 2T23; em igual período de 2022, a companhia havia alcançado receita financeira líquida de US$ 821 milhões. As principais causas da perda financeira foram o resultado negativo de US$ 750 milhões referente a variação cambial e monetária e a perda de US$ 216 milhões relativa às debêntures participativas.
No 2T23, o fluxo de caixa livre das operações somou US$ 776 milhões, ficando US$ 1,51 bilhão abaixo no comparativo anual. Segundo a Vale, isso se deve principalmente à menor geração de EBITDA proforma (US$ 1,39 bilhão) e ao menor capital de giro (US$ 1,02 bilhão). O indicador foi parcialmente compensado pelo menor Imposto de Renda pago (US$ 639 milhões) e por menores juros pagos sobre as debêntures participativas (US$ 108 milhões).
A companhia informou que US$ 1,5 bilhão referentes ao caixa gerado no 2T23 e à emissão de bonds foram utilizados, principalmente, para recomprar US$ 1,36 bilhão em ações e US$ 500 milhões em bonds. No trimestre, a posição de caixa e equivalentes cresceu US$ 204 milhões.
A dívida líquida expandida da Vale – considerando as provisões de Brumadinho (US$ 3,27 bilhões) e Samarco & Fundação Renova (US$ 3,40 bilhões) – somou US$ 14,7 bilhões. Isso representa um aumento de US$ 300 milhões em relação ao trimestre imediatamente anterior, ocasionado pelo programa de recompra de ações (US$ 1,4 bilhão) e por US$ 800 milhões do fluxo de caixa livre.
A Vale tem meta de alavancagem de US$ 10-20 bilhões, prazo médio da dívida de 8,4 anos e custo médio da dívida após swaps cambiais de 5,65%.
Distribuição de dividendos e recompra de ações
Mesmo com a queda do resultado, a Vale informou que pagará US$ 1,7 bilhão em juros sobre capital próprio em setembro. Segundo a companhia, o valor tem como base os resultados financeiros do primeiro semestre de 2023.
No 2T23, foram desembolsados US$ 1,4 bilhão como parte do 3° programa de recompra de ações. Ao final de junho, o programa já estava 64% concluído, com um desembolso total de US$ 4,9 bilhões para a recompra de aproximadamente 320 milhões em ações.