A queda do resultado do Bradesco (BBDC4) no 2° trimestre de 2023 (2T23) não foi nenhuma surpresa para o mercado. O banco encerrou o período com lucro de R$ 4,51 bilhões, queda de 35,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado acumulado do ano também recuou, fechando em R$ 8,79 bilhões, valor 36,5% abaixo do lucro auferido no 1° semestre do ano passado.
A PDD expandida do banco praticamente dobrou no trimestre em análise, atingindo R$ 10,31 bilhões, contra R$ 5,31 bilhões no 2T22. Segundo o banco, o endividamento de pessoas físicas, micro e pequenas empresas foi o principal responsável pelo expressiva deterioração da carteira de crédito no período.
A piora do indicador já era esperada, pois o Bradesco é o mais exposto à baixa renda entre os grandes bancos privados, parcela da população que mais tem sofrido com os juros altos nos últimos anos. Desde o 2° semestre do ano passado, o banco tem adotado política de crédito mais restritiva, com foco em operações de menor risco.
Segundo o banco, a inadimplência acima de 90 dias já começou a demonstrar sinais de desaceleração no ritmo de crescimento. Sem citar a Americanas, o Bradesco informou que o crescimento do índice em grandes empresas, que passou de 1,3% para 1,9% está relacionado ao provisionamento de um cliente específico, feito 100% em dezembro de 2022, e que, se não fosse, a melhora seria de 0,2 ponto percentual.
“Reposicionamos nossa política de concessão de crédito para modalidades de menor risco, o que já vem trazendo uma melhora significativa na inadimplência das novas safras para patamares inferiores aos observados atualmente, com 95% das novas operações classificadas no rating AA-C”, disse o Bradesco no relatório de resultados divulgado nesta quinta (3), após o fechamento do mercado.
- WEG (WEGE3): lucro cresce 50% no 2T23 e atinge R$ 1,36 bilhão
- Ambev (ABEV3) lucra R$ 2,68 bi no 2T23, queda de 13,1% na comparação anual
A margem financeira se manteve praticamente estável no 2T23 na comparação anual, totalizando R$ 16,55 bilhões. No acumulado semestral, o indicador alcançou R$ 33,50 bilhões, desempenho também constante em relação aos seis primeiros meses de 2022.
As receitas de prestação de serviços também permaneceram estáveis, atingindo R$ 8,75 bilhões no trimestre. Já as receitas com seguros, previdência e capitalização cresceram 30,6% na comparação anual, e chegaram a R$ 4,84 bilhões no 2T23. Segundo o Bradesco, o destaque foi para seguros, com aumento do faturamento, queda na sinistralidade e melhora do resultado financeiro.
A carteira de crédito expandida somou R$ 868,68 bilhões no trimestre, um avanço de 1,6% na base anual. O crescimento se deu no segmento de pessoa física (+5,7%), ao passo que as operações com empresas caíram 1,2% na comparação trimestre a trimestre.
O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) caiu 7 pontos percentuais, atingindo 11,1% no 2T2. Já o índice de eficiência operacional (IEO) avançou 3,7 p.p., fechando em 46,1% no trimestre.
Revisão de algumas projeções
Junto da divulgação dos resultados, o Bradesco revisou para baixo as projeções para o ano de 2023. Antes, o guidance da carteira de crédito era de crescimento entre 6,5% e 9,5%. Agora, o banco prevê expansão de 1% a 5% nos 12 meses em em comparação ao ano cheio de 2022.
Já a projeção de crescimento de PDD foi mantida entre R$ 36,5 bilhões e R$ 39,5 bilhões para 2023, e a expectativa de crescimento de receitas também não sofreu alterações, mantendo-se entre 2% e 6% para este ano.