Americanas (AMER3) republica balanço de 2021 e divulga os números de 2022

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Imagem mostra logo da Americanas AMER3
Imagem mostra logo da Americanas AMER3

Depois de diversos adiamentos, a Americanas (AMER3) finalmente divulgou o balanço de 2022 e a revisão dos números de 2021 na manhã desta quinta-feira (16), antes da abertura do mercado.

Segundo o relatório, o lucro de R$ 521 milhões que a empresa havia apresentado em 2021 se converteu em um prejuízo de R$ 6,23 bilhões, e, em 2022, o prejuízo dobrou, alcançando R$ 12,91 bilhões. Desde janeiro de 2023 em recuperação judicial, a Americanas diz ter sido “vítima de uma fraude sofisticada, baseada na manipulação dolosa de seus controles internos por parte de sua antiga gestão, o que tornou o refazimento das demonstrações financeiras extremamente desafiador, complexo e extenso, requerendo trabalho minucioso e rigoroso”.

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Quais foram as evidências de fraude nos números da Americanas (AMER3)?

De acordo com a empresa, os cinco aspectos a seguir levaram assessores jurídicos à conclusão sobre fraude contábil:

1 – Havia contratos falsos de verbas de propaganda cooperada (VPC) que serviam somente para reduzir o custo da mercadoria vendida, e tinham como contrapartida a redução da conta de fornecedores. Isso inflou artificialmente o resultado operacional (pois o CMV ficou menor), ao mesmo tempo que a conta fornecedores ficou mais baixa.

2 – Para suprir a necessidade de caixa, eram contratadas operações de risco sacado. Ao invés de contabilizar essas operações em bancos, a empresa as lançava na conta fornecedores, o que neutralizava os lançamentos de VPCs nesta mesma conta.

3 – Os encargos financeiros das operações de risco sacado, que deveriam ser lançados como despesas financeiras, eram contabilizados na conta fornecedores. Dessa forma, os resultados foram majorados, pois esse custo financeiro não foi reconhecido na DRE (demonstração do resultado do exercício) da empresa.

4 – Além das operações de risco sacado, havia contratações de capital de giro de curtíssimo prazo que também não eram contabilizadas como bancos, mas sim como fornecedores. Essas operações eram contratadas para “apresentar uma posição irreal de caixa ao final dos trimestres”, segundo a assessoria jurídica externa da Americanas. Ao mesmo tempo, elas eram neutralizadas com as VPCs fictícias, também lançadas como fornecedores.

5 – Por fim, um grande volume de despesas diversas eram capitalizadas – como folha de pagamento e fretes – ao invés de serem reconhecidas na DRE.

O que mudou nos números de 2021?

Em relação às contas de resultado, os principais ajustes realizados foram os seguintes:

  • – Lucro bruto: ajuste para desfazer os contratos fictícios de VPC, o que aumentou o custo da mercadoria vendida (R$ 2,87 bilhões).
  • – SG&A e outras despesas operacionais líquidas: ajustes referentes à capitalização indevida de despesas e reconciliação de créditos tributários (R$ 682 milhões) e impairment relativo à baixa do ágio de aquisições e ativo intangível e imobilizado (R$ 1,7 bilhão).
  • – Resultado financeiro: ajustes que contemplam encargos financeiros das operações de risco sacado e arrendamentos (R$ 810 milhões).

Quanto ao balanço patrimonial, a principal alteração foi o aumento de R$ 15,6 bilhões na dívida bruta, devido à reclassificação das operações de risco sacado e capital de giro.

Como ficaram os números de 2022?

As despesas financeiras líquidas, que totalizaram R$ 5,23 bilhões em 2022, consumiram todo o lucro bruto da companhia, que foi de R$ 5,0,2 bilhões. Além disso, o somatório das despesas com SG&A e outras despesas operacionais, que chegou a R$ 11,18 bilhões, tornou o EBITDA negativo em R$ 6,16 bilhões.

Todo o conjunto levou a um prejuízo líquido de R$ 12,91 bilhões, o que aumentou o patrimônio líquido negativo da companhia para -R$ 26,67 bilhões em 2022:

Ao final de 2022, a dívida líquida da Americanas era de R$ 26,28 bilhões, um aumento de R$ 12,34 bilhões em 12 meses.

A companhia informou que não revisará os resultados anuais anteriores a 2021, embora haja suspeita de fraudes anteriores. Junto da divulgação dos resultados, a Americanas também forneceu mais detalhes sobre a oferta de seu plano de recuperação judicial, e espera que, em 2025, já consiga capturar os resultados da reestruturação em andamento.

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