Já era esperado que os números do Banco do Brasil (BBAS3) se destacassem nesta temporada de balanços. Na noite desta quarta-feira (9), a instituição reportou lucro líquido ajustado de R$ 8,78 bilhões no 2° trimestre de 2023 (2T23), alta de 11,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado do semestre, o resultado bateu R$ 16,56 bilhões, valor 15,2% acima do lucro líquido auferido no 2T22.
Segundo o banco, contribuíram para o aumento do lucro no trimestre o crescimento das carteiras de crédito, que impactaram positivamente a margem financeira bruta, e as receitas de serviços, em especial as vinculadas ao desembolso de crédito. Já no semestre, além dos resultados de crédito, o banco destaca os bons resultados de títulos em tesouraria e o crescimento das receitas de prestação de serviços, especialmente em consórcio e seguros.
.”A adequada gestão da liquidez e as receitas das empresas do grupo se somam ao resultado. O Índice de Basileia alcançou 15,7% e o Índice de Capital Principal finalizou junho em 12,2%”, disse o BB no relatório de resultados do 2T23.
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Melhora da margem financeira bruta
A margem financeira bruta atingiu R$ 22,88 bilhões no 2T23, crescimento de 34,2% na comparação com o mesmo trimestre de 2022. O indicador foi positivamente impactado pelo aumento das receitas financeiras com operações de crédito (+28,3%) e tesouraria (+56,1), o que compensou parcialmente o aumento das despesas financeiras do período com captação comercial e institucional (+34,7).
De janeiro a junho de 2023, a margem financeira bruta somou R$ 44,04 bilhões, valor 36% superior ao do primeiro semestre de 2022.
Reperfilamento de dívida e piora de risco aumentam PDD
A PDD ampliada totalizou R$ 7,17 bilhões no 2T23, crescimento de 22,6% frente ao trimestre imediatamente anterior e de 144,3% um ano antes. Sobre o aumento da provisão, o banco atribui principalmente a um reperfilamento de dívida de cliente do large corporate (R$ 2,54 bilhões) e ao crescimento do provisionamento de outro cliente do mesmo segmento (supostamente Americanas), cuja provisão passou de 50% para 70% do risco. Por fim, a carteira de pessoa física também se deteriorou nas linhas não consignadas.
Carteira de crédito cresce em todas as frentes de negócios
Ao final de junho, a carteira de crédito ampliada do BB era de R$ 1,04 bilhão, crescimento de 13,6% na comparação com o 2T22 em todas as áreas de negócios.
Na carteira ampliada pessoa física, a evolução foi de 10% ano a ano, principalmente pelo desempenho do crédito consignado (+2,0% no trimestre e +9,3% em 12 meses).
Na carteira ampliada pessoa jurídica, o incremento foi de 10,4% em 12 meses, com destaque para as operações de capital de giro (+6,8%), investimento (+8,1%) e ACC/ACE (+4,8%)
A carteira ampliada Agro cresceu 22,7% em 12 meses, influenciada pelas operações de custeio (+30,6%) e de
investimento (+46,8%).
Risco Americanas impacta a inadimplência acima de 90 dias
O índice INAD+90d (operações acima de 90 dias / saldo da carteira de crédito classificada) ficou em 2,73%, e o índice de cobertura (provisões / operações vencidas há mais de 90 dias) foi de 201,3%.
“No trimestre, parte das operações de crédito com o cliente específico do segmento large corporate que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro de 2023 passou a impactar o indicador de inadimplência acima de 90 dias. Sem este impacto, o INAD+90d do Banco do Brasil seria de 2,65%”, informou o banco.
Dividendos pagos em 2023
O Banco do Brasil informa ter destinado R$ 6,5 bilhões aos acionistas no primeiro semestre de 2023, com valor por ação de R$ 2,266, correspondente a 40% do lucro líquido do período.
Revisão de projeções
Para 2023, o banco manteve sua projeção de lucro líquido ajustado (entre R$ 33,0 e R$ 37,0 bilhões) e revisou todas as outras.
Para a carteira de crédito, a nova expectativa de crescimento é de 9% a 13%; antes era entre 8% e 12%. Para a margem financeira bruta, a instituição prevê crescimento entre 22% e 26%, em vez do intervalo entre 17% e 21% projetado inicialmente. Já as receitas de prestação de serviços devem crescer entre 4% e 8%, e não mais entre 7% e 8%. Por fim, a PDD ampliada deverá aumentar segundo o novo guidance, ficando entre R$ 27 e R$ 23 bilhões, e não mais entre R$ 23 e R$ 19 bilhões.