Charlie Munger: quem foi e qual sua importância para o mundo dos investimentos

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem mostra Charlie Munger
Imagem mostra Charlie Munger

No dia 28 de novembro de 2023, o mercado financeiro perdeu Charlie Munger, um dos maiores investidores da história. Vice-presidente da Berkshire Hathaway, o bilionário foi um dos principais expoentes do value investing, ao lado de Warren Buffett, de quem era parceiro e braço direito há décadas.

” A Berkshire Hathaway não poderia ter sido construída até seu status atual sem a inspiração, sabedoria e participação de Charlie”, disse Buffett sobre o amigo, que morreu aos 99 anos.

Os dois parceiros eram igualmente perspicazes em relação aos negócios e investimentos, mas tinham temperamentos opostos. Isso porque Munger era uma versão mais reservada e séria do que o falante Buffett, e esse contraste aparecia nas reuniões anuais da holding. Nessas ocasiões, Charlie costumava dizer que “nada tinha a declarar” e cedia a fala a seu parceiro, expansivo e brincalhão com a plateia. Porém, no campo profissional, normalmente essa relação muitas vezes se invertia.

Detentor de uma fortuna estimada em US$ 2,3 bilhões em 2021, Charlie Munger é reconhecido mundialmente como um grande estrategista do mercado financeiro. A seguir, saiba mais sobre o seu legado e conheça sua contribuição para o império Berkshire Hathaway e para o mundo dos investimentos.

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Quem foi Charlie Munger?

Charles Thomas Munger nasceu em 1° de janeiro de 1924 em Omaha, no estado de Nebraska, nos Estados Unidos. Filho de um advogado e neto de um juíz, chegou a iniciar a faculdade de Matemática, mas abandonou o curso poucos dias antes de completar 19 anos, para servir nas Forças Armadas durante a Segunda Guerra Mundial.

Durante o período em que serviu ao Exército, passou por algumas universidades e chegou a estudar no Caltech (California Institute of Technology), mas não chegou a concluir nenhum curso de graduação. O diploma viria somente em 1948, quando se formou em Direito pela Universidade de Harvard com distinção em Jurisprudência.

Logo depois da formatura, Munger foi para a Califórnia e começou a atuar na profissão como funcionário de um escritório de advocacia. Em 1962, fundou o seu próprio negócio – a Munger, Tolles & Oslon – atuando no direito imobiliário, mas tempos depois desistiu de advogar para atuar na gestão de investimentos. Na nova empreitada, Charlie formou a empresa de investimentos Wheeler, Munger and Company ao lado do então sócio Jack Wheeler, que duraria até 1978, quando ele decidiu ir trabalhar com Warren Buffett.

O encontro com Warren Buffett e o início da parceria

Os caminhos dos parceiros se cruzaram pela primeira vez em 1959, quando Murger retornou a sua cidade natal para fechar o escritório de advocacia do pai. Na ocasião, um amigo em comum o apresentou a Buffett, o que deu início a uma amizade que, quase vinte anos depois, viraria uma sociedade para a vida toda.

A origem do império comandado por Warren Buffett data de 1841, quando foi fundada a fábrica de têxteis Valley Falls Company. De lá para cá, diversas fusões e aquisições formaram a atual estrutura da holding Berkshire Hathaway, que foi agregando negócios de vários segmentos ao longo dos anos.

De longe, Buffett acompanhava o sucesso do amigo na gestão de investimentos. Em treze anos de negócios (de 1962 a 1975), Munger havia conseguido quase 20% de retorno anual em seus fundos, algo próximo a quatro vezes a taxa de juros americana na época. Depois de diversos convites para trabalharem juntos, Charlie finalmente decide largar sua empresa para presidir a Wesco Financial Corporation, que viria a se tornar subsidiária da Berkshire. Por fim, acabou assumindo a vice-presidência da holding, função que viria a desempenhar a sua morte.

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A influência de Charlie Munger nos negócios

Charlie revolucionou o tipo de negócio que se fazia na Berkshire Hathaway antes dele, ao ampliar o conceito de value investing. Isso porque, inicialmente, a holding se concentrava basicamente no preço das empresas. Dessa forma, acabava adquirindo “coisas baratas, mas medíocres”, segundo o próprio Warren Buffett.

A partir da atuação de Munger, não só o preço era o fator decisivo para as aquisições, mas também o potencial que o negócio poderia oferecer. Isso fez com que, em vez de procurar pelo papel mais descontado do mercado, o conglomerado passasse a avaliar o preço justo da ação, mesmo que não fosse a pechincha que brilhava aos olhos de Buffett. Em 1999, Warren Buffett disse ao jornal Omaha World-Herald que “Charlie sempre enfatizou a necessidade de comprarmos negócios verdadeiramente maravilhosos”.

A estratégia rendeu grande sucesso, como foi a aquisição da confeitaria californiana See´s Candies Shops, em 1972. Na ocasião, o valor pago pelo negócio correspondia a tês vezes o patrimônio líquido da empresa, o que Buffett considerou uma extravagância, muito acima do que costumava desembolsar em suas aquisições. No entanto, nas décadas que seguiram, a See´s Candies gerou cerca de US$ 2 bilhões de lucros acumulados para o conglomerado. O resultado empolgou Buffett, e foi a inspiração para que a Berkshire investisse US$ 1 bilhão em ações da Coca-Cola anos depois.

Ensinamentos de Munger para o mundo dos investimentos

Charlie foi um dos investidores que melhor aplicou a estratégia buy and hold, ao realizar uma análise ampla de todos os fundamentos e perspectivas das empresas nas quais investia. Prudente e com excelente visão de longo prazo, costumava afirmar que “bolsa não é cassino, e investir não é um jogo de azar”, e que o certo era buscar investimentos sólidos e duradouros.

Apesar de metódico e paciente, tinha um aguçado timing e não costumada perder boas oportunidades. Em certa ocasião, disse ao The Wall Street Journal que um dos desafios do investidor é equilibrar iniciativa e paciência, pois “as oportunidades que aparecem não duram muito tempo”.

A cautela de Munger também se refletia quando aconselhava investidores menos experientes ou que não tinham tempo para acompanhar o mercado de forma adequada. Nesse sentido, costumava afirmar que essas pessoas estariam melhores se investissem em ETFs (fundos que seguem indicadores do mercado) do que se praticassem stock picking. E também era contra a alavancagem nos investimentos, justamente pela imprevisibilidade do mercado.

A necessidade de buscar conhecimento também eram sempre lembrada pelo investidor. Segundo ele, não há como se tornar grande sem estudar e se atualizar. “Quando o mundo muda, você precisa mudar também”, afirmava.

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