A Eletrobras (ELET3) reportou lucro líquido de R$ 1,6 bilhão no 2° trimestre de 2023 (2T23), alta de 16% na comparação com o mesmo período do ano passado. O indicador foi impactado positivamente pelo aumento da receita líquida e pela reversão de provisões no período, que compensaram parcialmente o crescimento das despesas financeiras líquidas. Para alguns analistas, os resultados do trimestre foram os melhores da companhia desde a sua privatização.
A receita líquida recorrente alcançou R$ 9,24 bilhões no 2T23, um crescimento de 4% trimestre a trimestre. Segundo a companhia, o indicador foi influenciado pelo aumento das receitas de geração, em especial pela consolidação da SPE Madeira Energia – MESA (+R$ 949 milhões).
O EBITDA IFRS cresceu 57% no período, somando R$ 6,59 bilhões, influenciado pelo crescimento das receitas e pela reversão da provisão de contingências no valor e R$ 1,66 bilhão. Já o EBITDA recorrente fechou em R$ 5,43 bilhões no 2T23, alta de 2% no comparativo anual.
O resultado financeiro ficou negativo em R$ 3,55 bilhões, revertendo a receita financeira líquida de R$ 1,45 bilhão auferida um ano antes. A piora do indicador deve-se, principalmente, ao aumento do encargo de dívidas (+R$ 741 milhões), à consolidação da SAESA (+R$ 664 milhões) e à atualização do saldo devedor das obrigações com a CDE e revitalização de bacias hidrográficas, que somaram R$ 1,22 bilhão no 2T23.
A Eletrobras é a maior empresa de energia elétrica da América Latina, com atuação nos setores de geração, transmissão e comercialização. Ao final do 2T23, sua estrutura contava com 101 usinas, sendo 48 hidrelétricas, 43 eólicas 9 térmicas e 1 solar, considerando os empreendimentos corporativos, propriedade compartilhada e participações via SPEs.
“Nossa capacidade instalada atingiu 43.015 MW no segundo trimestre de 2023, o que representa 22% do total instalado no Brasil. Do total da nossa capacidade instalada, cerca de 96% vêm de fontes limpas, com baixa emissão de gases de efeito estufa”, declarou a companhia no relatório de divulgação de resultados.
Por conta de desinvestimentos oriundos da privatização (venda de Itaipu e desconsolidação da Eletronuclear), a geração líquida de energia caiu 22% em relação ao segundo trimestre de 2022. Também contribuíram para a queda as manutenções não programadas nas UTEs Aparecida e Mauá 3 e o aumento na frequência de revisões anuais programadas ao longo do ano na UTE Santa Cruz.
Eletrobras (ELETR3): análise da Terra Investimentos
De acordo com Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, o balanço da Eletrobras do 2T23 foi muito positivo para sua tese de investimento no longo prazo.
“A privatização da empresa no ano passado tinha como objetivo criar condições para uma reestruturação que a deixasse mais eficiente, para que apresentasse resultados melhores. E foi justamente isso o que os npumeros do 1T23 demonstraram, pois já podemos ver os primeiros sinais de que a recuperação possa ser bem-sucedida a longo prazo, considerando os números significativamente melhores em relação ao ano anterio”, avalia Novaes.
O analista ainda observa que a companhia ainda sofre reflexos de incertezas políticas em relação ao seu questionado processo de privatização e indefinição sobre os investimentos (com destaque para o projeto de Angra 3). Por isso, o resultado acima das expectativas acaba sendo um pouco ofuscado.
“Nossa visão ainda é positiva quanto à Eletrobras. Entendemos que uma decisão jurídica que revertesse a privatização teria impacto negativo sobre mercado de capitais, o que diminui as chances de que isso ocorra de fato. Além disso, os investimentos devem ganhar tração nos próximos anos, tornando a perspectiva ainda mais positiva para a empresa”, conclui.
