A Embraer (EMBR3) teve prejuízo líquido ajustado de R$ 466,9 milhões, mostrou a companhia nesta quinta-feira (4). Esse número representa um aumento de 13,2% em comparação ao prejuízo de R$ 412,3 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. O mercado, no entanto, esperava um prejuízo muito menor, na casa dos R$ 99 milhões, conforme projeções compiladas pela Bloomberg.
Entre janeiro e março, o prejuízo líquido atribuído aos acionistas da empresa chegou a R$ 368,3 milhões, um valor significativamente maior do que as perdas de R$ 170,7 milhões do primeiro trimestre de 2022, representando uma expansão de 115% no prejuízo.
A receita líquida da empresa foi de R$ 3,73 bilhões no período entre janeiro e março de 2023, um crescimento de 21% em relação aos R$ 3,08 bilhões do primeiro trimestre do ano passado. Esse aumento está em linha com as projeções da companhia, conforme divulgado no comunicado de resultados. A Embraer atribui esse resultado ao melhor mix de entregas na aviação comercial, além do forte crescimento nos segmentos de defesa e serviços. Contudo a expectativa de receita era de R$ 4,37 bilhões, ou seja, a companhia também desapontou o mercado. A reação imediata foi negativa: a ação chegou a cair mais de 7% no pregão posterior a divulgação.
No que diz respeito ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), a Embraer apresentou um resultado negativo de R$ 52,9 milhões no primeiro trimestre, em contraste com a perda de R$ 1,1 milhão no mesmo período de 2022. Isso resultou em uma margem Ebitda negativa de 1,4% para o período, comparado a um resultado de 0,0% um ano antes. O Ebitda esperado pelo mercado era positivo em R$ 421 milhões, destoando do resultado reportado.
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O segmento de aviação está passando por um momento extremamente complicado. Embora a Embraer possua um bom mix de produtos – com força em jatos executivos e aviões de alcance regional -, concorrentes como o 737-Max da Boeing, o 321 NEO da Airbus e o 220 da Airbus (herdada da Bombardier) estão atraindo mais compras no mercado. A linha E-Jet 2 da Embraer não alcançou o mesmo sucesso que a linha E-Jet 1. Além disso, a perspectiva é de ainda mais competição, com a entrada da chinesa Comac no mercado em breve – a empresa já está vendendo o jato J929 para companhias aéreas chinesas.
O fracasso da fusão com a Boeing também impactou negativamente os planos da empresa, que agora busca reparações. Por outro lado, o Ebitda ajustado da Embraer atingiu R$ 53,9 milhões no trimestre, um aumento de 18,72% em relação aos R$ 45,4 milhões registrados no primeiro trimestre de 2022. A situação da companhia não é fácil, mas a gigante de aeronaves brasileira tem sido bastante clara em várias comunicações que busca medidas inovadoras para destravar mercados e voltar à rentabilidade.