Embraer (EMBR3): saiba mais sobre uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem mostra avião e logo da Embraer (EMBR3)
Imagem mostra avião e logo da Embraer (EMBR3)

Terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo, a Embraer (EMBR3) é hoje uma das ações mais descontadas da bolsa, considerando seus fundamentos e expertise de engenharia acumulada ao longo de sua história.

A princípio, isso pode soar contraditório, mas desde 2018 a empresa vem apresentando sucessivos prejuízos anuais. Inclusive, foi em 2018 que iniciaram as negociações com a Boeing no valor de US$ 4,2 bilhões para a compra de 80% de suas ações. A tratativa parecia estar indo bem, até que, em 2020, a Boeing desistiu do negócio, pois também passava por dificuldades financeiras agravadas pela pandemia.

Que tal saber mais sobre a história dessa gigante brasileira, tão cheia de altos e baixos? Continue a leitura e entenda o que faz a Embraer e quais as perspectivas para as suas ações, segundo os analistas da Terra Investimentos.

Quem é a Embraer (EMBR3)?

A Empresa Brasileira de Aeronáutica é a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo – atrás apenas da Airbus e Boeing – e líder no segmento de aeronaves com até 150 passageiros. Ao todo, conta com 18 mil funcionários e já entregou cerca de 8 mil aeronaves ao longo de sua operação.

Fundada em 1969 com o apoio do governo federal, a Embraer tinha capital misto e controle estatal. Suas primeiras aeronaves foram os pequenos aviões bimotores Bandeirantes, destinados ao uso civil e militar, que transportavam de 15 a 21 passageiros.

Com o passar do tempo, a empresa conquistou o mercado internacional por meio da parceria com as italianas Macchi e Aeritalia. Entre outros projetos, isso viabilizou a criação do turboélice Tucano, aeronave para treinamento militar que chegou a ser vendida para a Royal Air Force (RAF), a força aérea do Reino Unido.

Porém, a crise econômica da década de 80 e início dos anos 90 levou o Brasil a uma hiperinflação, o que prejudicou fortemente as finanças e os resultados da Embraer. Isso levou a companhia a ser privatizada em 1994, em um leilão no qual o consórcio liderado pelo já extinto banco Bozano Simonsen a arrematou por US$ 154 milhões. Na ocasião, o banco representava fundos de pensão brasileiros e investidores internacionais.

Em 2006, a companhia fez a sua abertura de capital (IPO) na bolsa brasileira. Desde então, o seu controle é bastante pulverizado, inclusive com ações negociadas na Bolsa de Nova York (NYSE). Atualmente, 74,5% das ações ficam em free float (livre negociação) no mercado. O restante está nas mãos da Brandes Investment Partners, gestora americana (15%), do BNDESPar, (5,4%), e da gestora Black Rock (5%).

O governo federal possui ações de classe especial da Embraer – golden share – que são direito a veto em determinadas decisões da assembleia.

Financiamento do BNDES para o “carro voador”

Em dezembro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de R$ 490 milhões para a Eve, empresa de aeronaves elétricas controlada pela Embraer. De acordo com o banco, o valor financiará a primeira fase do projeto que desenvolverá aeronaves elétricas de decolagem e pouco verticais.

A previsão é de que essas aeronaves cheguem ao mercado em 2026. Segundo o BNDES, os recursos aprovados correspondem a 75% do investimento total da empresa na fase de pesquisa e desenvolvimento.

Análise da Terra Investimentos

Os últimos três anos foram de grande impacto para o setor aéreo. Nesse sentido, a pandemia e a instabilidade econômica que a sucedeu levou as companhias aéreas a registrarem prejuízos históricos. Esses fatores reduziram a capacidade de investimento das empresas do setor, penalizando as produtoras de aeronaves, como a Embraer. 

Segundo Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, os efeitos negativos dos acontecimentos recentes ainda estão presentes nos resultados da Embraer. “O volume de entregas da companhia foi maior em relação ao mesmo período do ano passado, mas abaixo do esperado para a empresa. Isso acabou resultando em receitas significativamente menor do que o projetado. Por outro lado, as margens vieram levemente acima do consenso de mercado”, avalia.

O analista observa também que a empresa queimou caixa por causa dos resultados menores no período. Além disso, o aumento dos estoques também contribuiu para mais gastos.

Perspectivas

A Embraer enfrenta forte concorrência em seu principal segmento de atuação, a aviação comercial. Nesse sentido, a joint-venture entre Bombardier e Airbus tornou o concorrente dos jatos comerciais da empresa mais atrativo em alguns mercados, impactando negativamente as encomendas da brasileira.  

No entanto, os segmentos de aviação executiva e segurança e defesa podem compensar os resultados fracos da venda de jatos comerciais. Sobre isso, Novaes destaca que essa tese se baseia no baixo inventário de aeronaves à venda no segmento executivo, o que, eventualmente, pode ser traduzido em melhores resultados a partir da escassez do mercado.  

Outro ponto importante é que as principais nações do mundo também apresentam uma tendência positivo em gastos militares. Para Novaes, é possível que esse movimento de maior destinação de recursos ao orçamento militar se mantenha nos próximos anos. Isso porque aumentaram as preocupações sobre conflitos armados após a invasão russa na Ucrânia, principalmente na Europa e na Ásia. 

Já o projeto de “carros voadores” da Embraer, a Eve Air Mobility, é algo para o futuro. A empresa vê nas aeronaves com capacidade de decolagem vertical uma alternativa para o transporte convencional de pessoas.

“Não que isso venha a ser extremamente popular, mas ainda assim será uma forma de transporte para pessoas comuns, os táxis. De qualquer forma, a Embraer possui vários desafios pela frente, sendo o principal deles a infraestrutura necessária para a operação das aeronaves. Isso acaba tornando sua rentabilidade e viabilidade de seus projetos incertos”, conclui. 

Pontos fortes da Embraer (EMBR3)

  • – Maiores orçamentos militares ao redor do mundo, o que pode gerar maior demanda por aeronaves militares. 
  • – Baixa disponibilidade de aeronaves novas no mercado de jatos comerciais e executivos. 
  • – Presença em três segmentos da aviação: militar, comercial e executiva.  

Pontos fracos da Embraer (EMBR3)

  • – Forte concorrência da Bombardier-Airbus no segmento de jatos comerciais. 
  • – Eventuais problemas na cadeia produtiva podem impactar negativamente os resultados. 

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Blog Terra Investimentos

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