Long & short: ganhando na alta e na baixa das ações

Tempo de leitura: 4 minutos

Investidor fazendo long & short
Investidor fazendo long & short

Mesmo com a forte queda do Ibovespa no primeiro semestre desse ano, alguns fundos que operam em bolsa alcançaram um desempenho bem melhor do que a média de mercado – os fundos de long & short. Essa é uma das diversas estratégias que existem para investir na bolsa de valores, e uma que tem bons resultados no cenário atual. Basicamente, o long & short visa lucrar com a diferença de rentabilidade entre dois ativos, com a compra e venda de deles simultaneamente.

Parece confuso? Pois saiba que não é não. Embora o long & short seja indicado para investidores mais experientes, a estratégia é bem fácil de entender. Portanto, se você investe em renda variável e está em busca de novas oportunidades para rentabilizar o patrimônio, continue a leitura e confira a seguir!

O que é long & short?

A estratégia long & short consiste em comprar e vender simultaneamente ações ou outras categorias de ativos. Na linguagem do mercado, esse tipo de operação envolve duas pontas: uma comprada (long) e outra vendida (short).

Na posição comprada, o investidor literalmente compra um ativo, que ele acredita que terá uma rentabilidade superior. Essa é a ponta long da estratégia long & short.

Na outra ponta, o investidor vende um ativo, que ele acredita que terá um desempenho inferior, e depois realiza o aluguel. Se isso se confirmar, ao final da operação, ele ganhará com a diferença entre o preço de venda (na alta) e o de compra (na baixa), basta que o comprado supere o outro para você lucrar. Se ambos subirem, mas o Long subir mais, lucro. Ambos caírem, mas o long cair menos, lucro também. Long subiu e o short caiu? Melhor dos mundos!

Ou seja, é uma estratégia que visa fugir da “direção” do mercado.

Agora que entendemos o conceito de long & short, vejamos como acontece esse tipo de operação na prática.

Como funciona o long & short?

O primeiro ponto a entender é que, nessa estratégia, o resultado da operação não depende do mercado. Ou seja, independentemente do que aconteça com a bolsa (se ela sobe ou cai), o risco do investidor dependerá especificamente dos ativos que escolheu.

Essa estratégia inicia com a compra do ativo que o investidor acredita que irá se valorizar. Em outras palavras, a operação começa com a ponta long.

Simultaneamente, na ponta short, ele deverá vender o ativo que deverá ter performance pior. Nesse caso, a quantidade financeira de ambos deve ser equivalente na mesma operação.

Como vimos, na ponta vendida, o investidor não precisa ter o ativo. Basta alugá-lo e fazer a venda a descoberto, mediante o depósito de uma margem de garantia.

Montadas as duas pontas, o resultado da operação dependerá da performance relativa de cada uma delas. Ou seja, não importa o quanto os ativos em questão se valorizem ou desvalorizem em termos absolutos, mas sim a correlação entre os resultados, outro importante conceito da estratégia long & short que veremos a seguir.

Entendendo a correlação entre ativos

No mundo dos investimentos, a correlação é uma medida estatística que mede como dois ativos se movimentam um em relação ao outro. Nesse sentido, quando dois ativos têm preços que se movimentam na mesma direção, dizemos que eles possuem correlação. Por outro lado, se não se movimentam de forma semelhante, não há correlação entre eles.

Essa medida é representada pelo coeficiente de correlação, que varia entre +1 e -1. Por exemplo, se a correlação entre dois ativos é igual a 1, quer dizer que a tendência de movimento dos preços de ambos é a mesma. Ou seja, se um sobe, o outro também subirá; e se um perde valor, o outro também se desvalorizará.

Já um coeficiente igual a zero sugere que os dois ativos não são correlacionados. Nessa situação, não importa para a performance de um deles se o outro sobe ou desce. Ainda, é possível que ambos subam ou desçam juntos, porém isso não representa nenhuma relação entre eles.

Voltando à estratégia long & short, o que importa não é quando cada ativo vale ou poderá valer, mas sim o quanto esses valores poderão se aproximar ou se afastar um do outro. Quanto maior for a distância entre esses valores, maior também será o ganho da operação.

Exemplos de ganhos no long & short

Para entender bem a correlação entre os ativos, veja agora como se pode ganhar com a estratégia:

– Situação 1: a ponta comprada se valoriza mais do que a vendida.

– Situação 2: a ponta comprada permanece relativamente estável e a vendida se desvaloriza.

– Situação 3: as duas pontas caem, mas a vendida cai mais do que a comprada.

– Situação 4: a ponta comprada se valoriza e a vendida se desvaloriza. Esse é o melhor cenário para o investidor, pois ele ganha em ambas as pontas.

Tipos de operações long & short

Como vimos, a estratégia long & short é montada com base em pares de ativos, um em cada ponta da operação. Algumas das mais comuns utilizadas no mercado financeiro são as seguintes:

Ações Preferenciais x Ações Ordinárias

Esse é um dos tipos de long & short mais utilizados e que apresentam menor risco para o investidor.

Essa operação é realizada com ações da mesma empresa, mas de classes diferentes. Normalmente, existe correlação negativa entre ações preferenciais e ordinárias, porém ela é baixa. Por isso, não costuma apresentar alta rentabilidade.

Controladoras x Controladas

Esse tipo de long & short é praticamente uma variação do anterior. Alguns grupos empresariais possuem mais de uma companhia listada na bolsa. Dessa forma, também é possível adotar a estratégia com essas ações.

Como se trata de ações de um mesmo grupo, as oscilações dos papéis são menores entre si e, por isso, o risco é reduzido. Logo, também não costumam ser tão rentáveis.

Intrasetorial

No long & short intrasetorial, as duas pontas são formadas por ações de um mesmo setor. Por exemplo, o investidor pode montar uma posição com dois bancos diferentes, pois aposta que um irá performar melhor do que o outro em determinado período.

Nessa situação, a correlação acaba sendo intermediária entre os dois ativos. Isso porque, mesmo que sejam empresas diferentes, ambas tendem a apresentar semelhanças, pois fazem parte do mesmo setor.

Intersetorial

No caso da estratégia intersetorial, os ativos pertencem a setores diferentes, o que pode gerar um descolamento maior entre os preços. Por outro lado, isso também aumenta as chances de ganho na operação.

Por exemplo, em momentos de juros altos, o setor financeiro tende a performar melhor do que setores ligados ao consumo cíclico. Nesse caso, uma boa alternativa para potencializar os ganhos seria montar uma posição long em bancos e short em alguma empresa de varejo ou ligada ao turismo.

Por onde começar?

O primeiro passo para quem pensa em operar long & short é entender que a operação envolve riscos. Por isso, é aconselhada para perfis arrojados e investidores mais experientes.

Se esse é o seu caso, é hora de definir valores e analisar os ativos de interesse. Nesse sentido, é importante conhecer a correlação entre eles e tentar projetar o que acontecerá com ambos no curto prazo, a partir do entendimento do cenário atual.


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