As ações da Natura (NTCO3) dispararam 18% na abertura do pregão desta terça-feira (18), chegando a bater R$ 15,40. Depois do fechamento da segunda, a companhia anunciou que está avaliando a realização de um IPO (oferta pública de ações) ou a cisão das operações da Aesop, subsidiária da empresa com sede na Austrália.
Em relação ao IPO, a ideia seria listar a marca australiana nos Estados Unidos para acelerar o seu crescimento com os recursos levantados. Outra possibilidade seria fazer um spin-off, ou seja, separar a Aesop da Natura para, depois disso, fazer uma oferta pública.
Em 2013, a Natura (NTCO3) adquiriu o controle da Aesop por US$ 100 milhões, cuja especialidade são produtos para o a pele, cabelo e corpo. Desde então, a marca tem apresentado resultados consistentes, com crescimento médio de receita de 20% e margem bruta média de 90%. Atualmente, a Aesop é um dos destaques da operação da empresa brasileira.
Os resultados acima da média do grupo passaram a deixar os executivos australianos insatisfeitos com a remuneração que recebem. Inclusive, boa parte dessa remuneração vem de ações da própria Natura, que sofreram com as recentes desvalorizações.
Por sua vez, a Natura (NTCO3) acredita que a venda das ações da companhia pode gerar nos investidores uma maior percepção de valor. Além disso, o mercado avalia que esse movimento poderá destravar valor para a companhia, em um momento em que o seu valor de mercado é inferior a R$ 200 bilhões e os seus papéis de aproximam da mínima histórica.
Para alguns analistas, o market cap da Aesop é potencialmente cerca de metade da Natura. A nova companhia – que teria o IPO realizado nos Estados Unidos -, uma história de alto crescimento ao passo que a Natura é uma empresa já estabelecida, deveria ser negociada a múltiplos muito mais agressivos que os da empresa brasileira. Atualmente, a Aesop representa só 6% das vendas líquidas da Natura, mas 15% do Ebitda (Lucro antes de Juros, Depreciação e Amortização). A empresa teve uma taxa de crescimento anual de receitas de mais de 30% entre 2016 e 2021.
A Natura afirmou que o atual CEO da operação, Michael O´Keefee, continuará à frente da gestão, independentemente das decisões a serem tomadas. Se aprovado pelo board, o spin-off ainda precisa ter a chancela de uma assembleia de acionistas, com presença majoritária do free float.