O que é a moeda comum do Mercosul?

Tempo de leitura: 3 minutos

Imagem mostra América Latina e remete à moeda comum do Mercosul
Imagem mostra América Latina e remete à moeda comum do Mercosul

A discussão sobre a criação de uma moeda comum do Mercosul voltou à tona com a nova equipe econômica do atual governo Lula. Embora tenha causado surpresa e dúvidas, o tema não é novidade. Isso porque, desde a década de 1980 Brasil e Argentina falam sobre a criação de uma moeda única para as transações comerciais e financeiras entre os países da América Latina.

Em visita à Argentina, no dia 23 de janeiro o presidente Lula lembrou de uma experiência “tímida” que ambos os países tiveram de tentar fazer comércio com as moedas locais. Na ocasião, não se trabalhou na regulamentação dessas transações para que a ideia evoluísse.

“O que estamos tentamos trabalhar agora é que nossos ministros da Fazenda, cada um com sua equipe econômica, possam nos fazer uma proposta de comércio exterior e de transações entre os dois países que sejam feitas em uma moeda comum, a ser construída com muitos debates e muitas reuniões”, disse Lula na Argentina.

Como funcionaria a moeda comum do Mercosul?

A primeira coisa a entender é que moeda comum não é o mesmo que moeda única. Ou seja, a moeda do Mercosul não seria algo como o Euro, que substituiu algumas moedas nacionais. Diferentemente disso, funcionaria como uma referência de valor utilizada somente em transações comerciais e financeiras entre os países do bloco econômico.

A criação de uma moeda comum para o Mercosul reduziria a dependência que os países latinos têm do dólar. Dessa forma, as transações entre esses países não sofreriam com as flutuações da moeda norte-americana. Ao mesmo tempo, nada mudaria internamente, pois a população continuaria utilizando a sua própria moeda.

Por enquanto, somente Brasil e Argentina têm participado dessa possível estrutura monetária. No entanto, outros países da região já receberam o convite para integrar os estudos sobre a viabilidade de uma moeda virtual. Em relação ao nome, especula-se que a nova moeda possa vir a se chamar “Sur”.

A emissão da moeda comum ficaria sob a responsabilidade de um banco central sul-americano, assim como o Banco Central Europeu funciona na Zona do Euro. Nesse sentido, a sua inspiração seria a antiga URV (Unidade Referencial de Valor) do governo Itamar Franco. Para quem não lembra, a URV foi utilizada na transição entre o Cruzeiro Real e o Real, em 1994, período que marcou o controle da inflação no Brasil.

O assunto não é novo

Em 2008, durante o seu segundo mandato, o presidente Lula afirmou que, com a criação da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), o caminho da região seria a criação de uma moeda comum e de um banco central único. A Unasul reuniu os 12 países da América Latina, com o objetivo de promover a integração econômica, social e política dos membros. No entanto, o bloco começou a perder força em 2016, tendo paralisado suas atividades em 2018.

Mesmo após a saída do Brasil da Unasul, em 2019, o ex-ministro da Economia Paulo Guedes afirmou que o Mercosul deveria ter uma moeda única. Na ocasião, disse inclusive ter conversado com o governo argentino a respeito, e defendeu que o Brasil seria a “Alemanha” do bloco. A analogia faz alusão à força econômica da nação mais poderosa do continente europeu.

Fortalecimento do comércio entre os países do bloco

Segundo especialistas, a moeda comum do Mercosul traria benefícios às exportações brasileiras, principalmente de produtos industrializados mais sofisticados.

Para entender: historicamente, a Argentina sempre foi o maior consumidor de produtos brasileiros com maior grau de industrialização. Porém, a dificuldade de crédito do país acabou abrindo as portas para outros fornecedores, que conseguem oferecer melhores condições comerciais. Por exemplo, a China já desbancou o Brasil como principal exportador para a Argentina, justamente por causa das condições de crédito.

A moeda comum é uma das iniciativas que poderão permitir a ampliação de transações comerciais entre os dois países. Isso passa por aumentar oferta de prazo e de financiamento aos importadores.

“Quem está dando crédito de longo prazo para a Argentina está levando o mercado de produtos industriais brasileiros”, disse o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao Valor Econômico.

Haddad lembrou ainda da representatividade que a América do Sul tem nas exportações brasileiras de manufaturados, e que perder este mercado significa a desindustrialização da região. Por sua vez, o ministro da Economia argentino, Sergio Massa, também está engajado no fortalecimento do bloco comercial local. Nesse sentido, disse que enviará uma equipe ao Brasil na primeira semana de fevereiro para discutir o tema.

“É nosso desejo trabalhar em um regime que aumente o volume de exportações e importações entre Argentina e Brasil”, afirmou Massa.

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